A ex-estudante de direito Érika Passarelli, acusada de arquitetar a morte do pai, Mário José Teixeira Filho, de 50 anos, para receber cerca de R$ 1,2 milhão em apólices de seguro, é interrogada na noite desta segunda-feira no Fórum Edmundo Lins, em Itabirito, na Região Central de Minas Gerais. A ré afirmou que ficou um mês em uma casa de prostituição no Rio de Janeiro antes de ser presa e que nunca realizou programas. Também disse que nunca respondeu processos por estelionato.
O interrogatória de Passarelli começou por volta das 19h depois que foram lidas algumas peças do processo, como o interrogatório de Marco Antônio de Souza Nogueira, que foi cabeleireiro de Érika e se envolveu amorosamente com ela, da empregada doméstica Dayana Pereira, do filho de Mário, João Vítor.
Logo no início, a ré se recusou a responder às perguntas do promotor Cristian Lucio da Silva. Ao ser questionada, disse que não poderia se beneficiar do seguro pela data de vigência da apólice. Também afirmou que há provas que ela não estava com o pai no dia do crime. Ela questiona uma multa anexada no processo pelo Ministério Público, que seria do ano anterior à morte de Mário.
A ré continuou o depoimento afirmando que fugiu de Minas Gerais por medo. Para Érica, ela corria risco de morrer como aconteceu com o seu pai. Passarelli afirmou que ficou um mês numa casa de prostituição no Rio de Janeiro, mas não chegou a fazer programas. Segundo ela, o primeiro cliente teria se comovido ao vê-la chorando. Ao ouvir a história contada pela mulher, lhe deu dinheiro e a dispensou.
No interrogatório, a acusada afirmou que não precisava de dinheiro do seguro de vida, pois não estava endividada. Na época, segundo a ré, recebia por volta de R$ 18 mil por mês.
Assim que começou a sessão, na manhã desta segunda-feira, o advogado de Érika, Fernando Magalhães, pediu a palavra e reclamou da ausência de um promotor natural na comarca de Itabirito. Segundo defensor, a promotoria trabalha na cidade em regime de cooperação. Hoje, a acusação é feita por Cristian Lucio da Silva. Mesmo com a intervenção, a sessão prosseguiu com o sorteio dos jurados feito pelo juiz Antônio Francisco Gonçalves que é o presidente do Tribunal do Júri. Três mulheres e quatro homens julgarão a ré.
Após escolhido o corpo de jurados, começou a ser colhido os interrogatórios de testemunhas. Foram ouvidos três pessoas – um corretor de seguros, um amigo da vítima e o padrasto da ré.
O crime
Mário José foi executado em agosto de 2010. O corpo foi achado com três tiros às margens da BR-356. Além de Érika, o ex-namorado Paulo Ricardo de Oliveira Ferraz, 19, e o sogro, o cabo da Polícia Militar, Santos das Graças Alves Ferraz, de 47, também respondem pelo crime, acusados da execução. Pai e filho foram presos e liberados por alvará de soltura. O processo foi desmembrado, por isso os outros dois réus serão julgados em outra ocasião.
O crime foi cometido depois que o pai da jovem contratou três seguros de vida totalizando R$ 1,2 milhão cuja filha seria a única beneficiária. O plano dos dois era encontrar um corpo para forjar a morte de Mário. A estudante receberia os seguros e dividiria o dinheiro com o pai.
Os rastros de Érika foram seguidos durante quase dois anos. Até a Polícia Federal ajudou na procura pela mulher. A polícia teve notícias dela em Paranaguá (PR), no interior de Minas e na Região Metropolitana de Belo Horizonte, antes de encontrá-la no Rio de Janeiro em março de 2012, em uma casa de prostituição. Além do crime contra o pai, a ex-estudante já respondeu a vários processos de estelionato por golpes aplicados em lojas de BH. .