Jornal Estado de Minas

Acidente com vereador reacende discussão sobre o uso de bicicletas em BH

Parlamentar autor da lei que estabelece a criação do sistema cicloviário da capital é atropelado a caminho da Câmara

Jaqueline Mendes

Adriano Ventura (PT) se deslocava para o trabalho quando foi colhido por um carro na Avenida Tereza Cristina - Foto: Fernando Santana/Divulgação


Defensor das ciclovias, autor da Lei 10.161, que estabelece a criação do sistema cicloviário em Belo Horizonte, o vereador Adriano Ventura (PT) foi atropelado ontem na Avenida Tereza Cristina, na Região do Barreiro. O acidente foi às 12h40 e o socorro médico só chegou duas horas depois. O parlamentar reclamou da assistência do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que, por sua vez, informou que não havia no sistema solicitação para o caso. Imobilizado, depois de ficar protegido do sol a pino por caixas de papelão no asfalto, o vereador foi levado pelo Corpo de Bombeiros ao Hospital João XXIII. Ele teve várias escoriações e trauma na bacia.

Ainda que com dificuldade para conversar – em função do uso de colar cervical –, Adriano Ventura falou sobre o acidente, enquanto esperava por exames em sala de raios X: “O carro saiu do viaduto, acelerou e não me viu… é um trecho muito perigoso da Avenida Tereza Cristina, que não tem ciclovia”, lamentou. O vereador chama a atenção para cerca de cinco quilômetros entre o Barreiro e o Bairro Betânia – trecho que, diariamente, enfrenta nos 16 quilômetros de trajeto entre onde mora, no Bairro Novo das Indústrias, e a Câmara Municipal, no Bairro Santa Efigênia, na Região Leste da capital.

Atropelado enquanto se deslocava de bicicleta, Ventura esperou um bom tempo para ser socorrido e levado para o HPS - Foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press

Adriano, um entusiasta do uso de bicicletas, reconhece a vulnerabilidade dos ciclistas na cidade. “Quem pedala em Belo Horizonte corre sérios riscos, infelizmente.
No Bairro Calafate, a ciclovia se confunde com o passeio, havendo ainda lixo em muitos pontos. Alguns motoqueiros, motoristas e praticantes de corrida e caminhada também desrespeitam e usam o espaço destinado ao ciclista”, critica. Para o parlamentar, desrespeitadas e incompletas como estão as ciclovias da capital, elas não atendem quem pedala e representam um perigo para os pedestres.

MAIS RESPEITO
Para Renata Aiala, de 26 anos, da  Associação dos Ciclistas Urbanos de Belo Horizonte (BH em Ciclo), ninguém está absolutamente seguro no trânsito. Usuária da bicicleta como meio de transporte desde 2012, a professora de francês cobra melhor estrutura, como sinalização e blocos de proteção, para o fim de acidentes como o que derrubou o vereador na Avenida Tereza Cristina. “O pedestre é o menor de nossos problemas. O perigo está nos motoristas, nos carros, que podem nos machucar”, considera.

Renata anda sobre duas rodas desde criança e nos dois últimos anos circula diariamente na Região Centro-Sul e, uma vez por semana, pelo menos, na Região da Pampulha. Entre as reivindicações da BH em Ciclo está uma ciclovia na Avenida Antônio Carlos. Na lista de prioridades pelo melhor para o trânsito da cidade, a professora fala em “respeito, educação e compreensão de todos: do cidadão e do poder público, entre pedestres, ciclistas e motoristas”.

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