O sistema de Transporte Rápido por Ônibus (BRT) de Belo Horizonte, batizado de Move e previsto para ser inaugurado pela BHTrans no sábado, terá três linhas troncais no primeiro dia de funcionamento. A informação parte de fontes ligadas à empresa que gerencia o transporte na capital. A ideia inicial era ter quatro linhas na estreia do serviço. Quando estiver completo, o ramal da Avenida Cristiano Machado, que marca o início do Move, vai receber 10 linhas troncais, trafegando nas pistas exclusivas, e 35 alimentadoras, que se comunicam com bairros e estações. Oficialmente, a BHTrans e o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra BH) ainda não se pronunciaram sobre que linhas entram em operação primeiro, mas a reportagem do Estado de Minas teve acesso a mapas oficiais que descrevem o trajeto das linhas iniciais pela Savassi, Centro, Lagoinha e hospitais. Ontem, motoristas que vão operar o BRT falaram sobre o treinamento e listaram dificuldades no percurso da Avenida Cristiano Machado.
Os primeiros ônibus articulados e simples (padron) do Move a rodar nos corredores exclusivos das avenidas Cristiano Machado, Santos Dumont e Paraná (com trecho na Avenida Antônio Carlos) serão os das linhas 82 (São Gabriel-hospitais), 83 (São Gabriel-Centro – direta) e 84 (Estação São Gabriel-Lagoinha, via Avenida Antônio Carlos). De acordo com as fontes ouvidas pelo EM, a BHTrans não conseguiu viabilizar a tempo a estreia da linha 80 (Estação São Gabriel-Estação Lagoinha), que deverá ser implantada após a inauguração, em um trajeto controverso, por se tratar de percurso semelhante ao que hoje é feito pelo metrô ao custo de R$ 1,80, contra os R$ 2,65 do Move. Todos os ônibus desses trajeto são de linhas chamadas troncais.
Mesmo sem a operação completa da Estação São Gabriel – que não terá as adaptações para receber o Move concluídas até a inauguração do sistema, segundo admitiu a própria BHTrans ao EM –, os passageiros terão algumas opções já nesta primeira etapa, ainda que a cobertura se estenda pouco além da região dos corredores principais. A linha 82, por exemplo, fará a ligação entre a Estação São Gabriel e a região da Savassi, passando pela Avenida Afonso Pena até a altura da Avenida Getúlio Vargas, ingressando depois na área hospitalar, passando pelas avenidas Brasil, Francisco Sales e dos Andradas, com uma alternativa de caminho pela Alameda Ezequiel Dias. A Linha 83 ligará diretamente as estações que serão inauguradas na região central, onde terá ponto inicial na Avenida Paraná, altura da Rua dos Tupis, até a Região Nordeste, na Estação São Gabriel. Ainda não foi definido o percurso atual da linha 84 até a Estação Lagoinha, uma vez que o corredor da Avenida Antônio Carlos ainda está em obras e a previsão é de que seja aberto ao tráfego do Move apenas em 15 de março.
Em fase de testes
Na avaliação do coordenador-geral do Núcleo de Transportes da UFMG (Nucletrans), Ronaldo Guimarães Gouvêa, a inauguração dos corredores servirá mais como um teste para ajustes dos veículos, estações, semáforos e corredores do que propriamente como um termômetro dos benefícios do sistema. “Não dá mesmo para começar com todos os veículos e linhas, mas neste primeiro momento o que será feito é a solução dos problemas, para que seja possível receber mais ônibus depois”, disse. O grande desafio do Move, na opinião do especialista, será convencer as pessoas a deixar de pegar apenas um ônibus em seu bairro para fazer baldeações até o corredor exclusivo do Move. “Isso se mostrou uma barreira importante quando o BHBus foi implantado nas estações do Barreiro. De forma geral, o usuário não gosta de fazer baldeação e só a aceita se ganhar no custo, o que não vai ocorrer, ou no tempo”, afirma.
Com 7,1 quilômetros, o corredor da Avenida Cristiano Machado poderá transportar 300 mil passageiros por dia quando estiver plenamente implantado. Contará com dois terminais de integração com o metrô, que receberão as linhas alimentadoras dos bairros: a José Cândido da Silveira e a São Gabriel. Outras nove estações de transferência funcionarão em trechos ao longo da via apenas para captar e desembarcar passageiros. A expectativa da Prefeitura de BH é de que o número de ônibus na avenida caia de 458 para 230 ao dia, reduzindo o tempo médio das viagens de 35 para 20 minutos.
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