A captura das capivaras que vivem na orla da Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte, pode começar ainda este mês. O vice-prefeito e secretário municipal de Meio Ambiente, Délio Malheiros, informou ontem que uma empresa está sendo contratada em caráter de urgência, sem licitação, para recolher os cerca de 250 animais. Todos serão submetidos a exames e, em março, os saudáveis serão levados para uma área rural no interior de Minas. Nas próximas semanas, a prefeitura definirá qual das três fazendas de entidades públicas que se ofereceram para receber os roedores, é o espaço mais adequado. A assinatura do convênio, em fase de elaboração, será feita ainda este mês, deve levar em conta a contrapartida exigida pelos representantes das propriedades, que solicitaram à administração municipal o custeio da alimentação e o cercamento das áreas com alambrado. No intervalo entre o resultado dos exames e a viagem até a fazenda, os animais ficarão em uma área cercada no Parque Ecológico da Pampulha.
“Recebemos três propostas. Até a semana que vem teremos o local definitivo.
O recolhimento das capivaras depende também da aprovação do plano de manejo. O estudo que está sendo desenvolvido pela prefeitura e determina diretrizes para o tratamento será encaminhado para análise ao Ibama nas próximas semanas. “Somente depois de aprovado o plano é que os funcionários da empresa poderão capturar as capivaras e submetê-las aos exames. Será feito o teste de carrapatos para detecção de febre maculosa. Somente as capivaras que estiverem bem serão levadas”, explica o vice-prefeito, adiantando que a escolha do local será entre duas propriedades rurais da Região Central e outra no Norte de Minas.
A opção por fazer a contratação da empresa sem licitação ocorreu devido à urgência em retirar os animais da orla da lagoa. “Mesmo não sendo responsabilidade da prefeitura, a administração municipal assumiu essa retirada, já que a permanência dos animais está afetando a segurança da população”, disse o vice-prefeito.
Malheiros lembra episódios fundamentais para essa decisão, como os acidentes com carros, motos e bicicletas registrados na orla por causa de choque com os bichos, além de três pousos no aeroporto da Pampulha que foram abortados porque havia capivaras perto da pista.
A vida dos animais também foi colocada em risco nos últimos tempos. Em novembro, três capivaras adultas foram encontradas mortas na orla. Moradores chamaram a prefeitura quando acharam os bichos caídos com os focinhos sujos de sangue, perto da Rua Braúna, no bairro de mesmo nome. Elas foram recolhidas por biólogos da Fundação Zoobotânica para autópsia e apresentavam ferimentos pelo corpo.
JARDINS DE BURLE MARX
A necessidade de controle urgente das capivaras começou a ser discutida em julho do ano passado, quando reportagem do EM revelou como os animais estavam pisoteando e atacando os jardins recém-restaurados de Burle Marx (1909-1994).
SAIBA MAIS: maior roedor do planeta
Nativas das Américas do Sul e Central, as capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris) são os maiores roedores do planeta. Relatos dos primeiros exploradores indicam que os nativos dessas regiões domesticavam os animais. Adaptadas ao ambiente aquático, as capivaras usam as patas com membranas entre os dedos para nadar com mais velocidade, se reproduzem na água e até dormem submersas, apenas com os focinhos para fora da linha d’água. Como outros roedores, o animal é muito adaptável e consegue sobreviver em ambientes degradados..