Jornal Estado de Minas

Visitantes já dão palpites sobre nome de filhote da gorila Lou Lou

Pela tradição no Zoo de BH, o nome escolhido deve ter raízes africanas

Flávia Ayer

Filhote de Lou Lou, que se deliciou com um picolé gigante ontem, deve ser nascer em agosto ou setembro. Expectativa agora é de que a outra fêmea, Imbi, também fique grávida de Leon - Foto: EDÉSIO FERREIRA/EM/D.A.Press

Mal se espalhou a notícia de que a gorila Lou Lou está grávida do macho Leon e não faltam padrinhos querendo batizar o futuro bebê do Zoológico de Belo Horizonte. Na manhã dessa quarta-feira, enquanto tratadores davam picolés gigantes – blocos de gelo com frutas – para entreter os animais, do lado de fora do recinto, visitantes, surpresos e empolgados com a novidade, não economizaram palpites para o nome do pequeno gorila, que deve nascer entre agosto e setembro. Pela tradição na instituição, o nome escolhido deve ter raízes africanas, de onde a espécie ameaçada de extinção, Gorilla gorilla gorilla, é originária. O bebê deve nascer com cerca de 2 quilos e 40 centímetros. E a expectativa agora é de que Imbi, a outra gorila, também fique grávida.

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O diretor do zoológico, Carlyle Mendes Coelho, explica que ainda é cedo para pensar num concurso para dar nome ao filhote, que será o primeiro da América do Sul, e que a equipe está concentrada em acompanhar a gestação de Lou Lou, estimada em dois meses, até o nascimento. A importância é inestimável, porque existem apenas cerca de 850 animais da espécie no mundo. “Pode até acontecer gravidez de gêmeos, mas é muito raro.

Uma vez por mês, faremos o teste de urina e, somente se houver necessidade, faremos ultrassom”, afirma.

A orientação é que a gestação transcorra naturalmente. Por esse motivo, somente no parto se saberá o sexo do filhote, que ficará no zoo por pelo menos oito anos. “Até essa idade é importante manter o vínculo com a família”, diz Carlyle. Enquanto a hora H não chega, visitantes exercitam a imaginação. “Acho que deve ser Laila. É o nome da minha cachorra”, palpita o pequeno Diego Lelis, de 4 anos, que define o bebê como um “gorila baixinho”.

O casal Ingrid Gonçalves, de 20, e Luís Gustavo Castro, de 22, com o filho, Luís Augusto, de 2 anos, também dá sugestões. “Se for menina, Raina”, diz Ingrid. “Se for menino, Lambe”, diz Luís Gustavo. Com o filho nos braços, a mãe diz imaginar como Lou Lou está se sentindo. “Uma felicidade imensa, ainda mais quando a gente vê o rostinho do bebê”, conta.

Já o casal capixaba Wesley Ludovico, de 26, e Jaqueline Merizio, de 30, nem sonhava participar de um momento histórico ao visitar o zoológico. “É uma vitória essa gravidez, muito importante para a conservação da espécie”, afirma Wesley, que já tem nomes para o bebê na ponta da língua.
“King se for macho e Jane, se for fêmea”, diz.

A bióloga chefe da seção dos mamíferos, Vívian Fraiha, conta que a tradição na Fundação Aspinall, no Reino Unido, de onde veio Lou Lou, é unir um pedaço do nome do pai e outro da mãe. “Mas aqui a tradição é a origem do animal, no caso será um nome africano”, explica, radiante com a novidade.

PROTEÇÃO Normalmente, a mãe se encarrega de protegê-lo e carregá-lo nos primeiros meses e o pai brinca com o bebê, mantendo seu comportamento de defesa. A amamentação ocorre de forma semelhante aos humanos. “A gravidez mostra que os animais estão interagindo muito bem no recinto e entre eles”, diz Vívian.

Aliás, mesmo depois da gravidez, os gorilas voltaram a cruzar, já que o ato sexual faz parte do comportamento social dos animais e não tem apenas fins reprodutivos. Os dois gorilas estão no pico de sua atividade sexual e é a primeira vez que ambos serão pais. Segundo os tratadores, Leon já deve ter percebido a gravidez de Lou Lou, pois os gorilas são capazes de se comunicar, expressando emoções como alegria e afeto. “Ele ficou sabendo antes que a gente”, afirma o diretor do zoo.

O casal chegou em outubro ao zoo.
Leon, de 15 anos, 180 quilos e costas prateadas (característica dos machos dominantes), nasceu em Israel e veio do zoo Loro Parque, em Tenerife (Espanha). Já Lou Lou, de 9 anos e 70 quilos, veio do Reino Unido, mesma origem de Imbi, que vive desde 2011 na capital mineira. Desde que Leon chegou ele vem cruzando com as duas fêmeas e a esperança da equipe do zoo é que Imbi também fique grávida. “A gravidez de uma gorila geralmente estimula a outra”, afirma Carlyle.


SAIBA MAIS: GORILA NÃO É MACACO

Os gorilas são os maiores primatas do mundo. A espécie Gorilla gorilla gorilla é nativa de florestas da região centro-oeste da África e ocorre, sobretudo, no Norte do Congo. Vivem em grupos de cinco a 30 indivíduos. Cada grupo, com fêmeas e seus filhotes, é liderado por um macho dominante, conhecido como silverback (costas cinza-prateadas). É incorreto chamar um gorila de macaco. Macacos são primatas com cauda. Gorilas, além de não ter cauda, são considerados mais evoluídos, com sistemas sociais mais complexos, facilidade de aprendizado e capacidade de usar ferramentas rudimentares. Os gorilas não gostam de nadar, têm hábitos diurnos e são essencialmente herbívoros.

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