Segundo a cientista social Élida Abrantes, coordenadora Regional de Bem-Estar Social da Emater-MG em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, essa é uma tendência e Minas está antenada para a questão. “Estamos trabalhando demais neste aspecto de agregação de valor e de boas práticas de fabricação. Um fator que levou o agricultor a participar mais ativamente dessas propostas foi a divulgação das políticas públicas e os programas de inclusão social. Quando ele começaram a conhecer exemplos de sucesso, passaram a vislumbrar o mercado e a se capacitar.
A associação nasceu em 1999, quando, reunidas, mulheres da comunidade de Floresta, na zona rural de Malacacheta, decidiram colocar energia positiva em algo que já faziam nas horas vagas e por lazer: quitandas e doces. Nilza Ferreira Couy e Almerinda Pereira Marques Quadros tomaram a frente do negócio, compraram máquinas, reformaram um espaço e começaram a produzir saborosos biscoitos. Hoje, elas e outras seis mulheres comandam o fornecimento de sequilhos de polvilho e milho para o comércio e para as escolas da região. Além da grande produção, Nilza e Almerinda ensinam o ofício para as jovens da comunidade, por meio de aulas teóricas e práticas.
Fazer turismo e conhecer casos pitorescos como esses, aprender uma nova forma de usar a pimenta ou escaldar um biscoito de polvilho é de uma riqueza ímpar. “Existem projetos sustentáveis de cooperativas de muito sucesso. E precisamos de um estudo acadêmico mais aprofundado, além de vontade política, para fazermos essa identificação geográfica de produtos, assim como foi feito com a cachaça de Salinas e o seu selo de identificação. Hoje ainda não conseguimos colocar em prática esse desafio, mas fica minha sugestão para que as universidades do Norte de Minas se engajem nessa proposta”, acrescenta Élida Abrantes.
BISCOITEIRA Em Poté, um exemplo de gente que quer brilhar com sua própria produção é Marina Gomes de Almeida. Conhecida como Marina Biscoiteira, ela não nega, em nada, o apelido. Depois de fazer um curso de panificação, se apaixonou pelo ofício e dele nunca mais quis largar. Começou a fazer biscoitos para “treinar a mão” e doava toda a produção para hospitais e creches. Com isso, ela foi ganhando clientela, que sempre a procurava, atrás das guloseimas. Foi quando Marina pensou em transformar sua experiência em negócio. Foi para o mercado de Poté e levou alguns pacotes para comercializar, vendendo-os a R$ 0,50.