Jornal Estado de Minas

Por falta de contrato, relógios em BH deixam de funcionar e população fica sem o serviço

Grande parte dos 350 equipamentos instalados na cidade está parada e população sente falta da hora certa e da temperatura

Landercy Hemerson Gladyston Rodrigues

Flagrante de relógio desligado nas esquinas das avenidas Carandaí e Contorno - Foto: Fotos: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS

Saber as horas, a data ou temperatura em Belo Horizonte já não é tarefa fácil para quem passa pelos principais corredores da cidade. Vários relógios digitais da capital estão apagados, como constatou a reportagem do Estado de Minas. A Secretaria Municipal de Desenvolvimento (SMDE) não soube informar se há um “apagão” ou se apenas parte dos 350 equipamentos está inoperante. Em avenidas como Afonso Pena, Contorno, Getúlio Vargas, Brasil, Carandaí, Tereza Cristina, Antônio Carlos e Mem de Sá, nas praças Sete, Rodoviária, Bandeira e Savassi e nas regiões Centro-Sul, Pampulha, Noroeste e Leste mais de 20 aparelhos estavam desligados.

No começo da noite, a secretaria informou que em março de 2013 foi encerrado o contrato de concessão de uso do espaço público para fornecimento, instalação e manutenção de aparelhos eletrônicos digitais com marcação de hora e indicação de temperatura. O acordo previa também o direito à exploração da publicidade em painéis dos equipamentos, que foi alvo de críticas de grupos que defendem a despoluição visual da cidade. A SMDE esclarece que houve uma licitação de renovação da concessão no ano passado, que foi cancelada. Segundo a secretaria, na próxima semana será lançada uma consulta pública e provavelmente em um mês será publicado o novo edital de concessão. Nele está prevista a modernização dos 200 relógios da cidade.


Em julho de 2012, a prefeitura adiantou que reduziria em 14% o número de relógios digitais – de 350 para 300 –, dentro dos esforços para diminuir a poluição visual. Na licitação, também estava prevista a alteração do valor da permissão repassado aos cofres públicos, aumentando em pelo menos 400%. Dos R$ 35 mensais por relógio, somando R$ 147 mil ao ano, a administração municipal passaria a receber R$ 210, arrecadando anualmente R$ 756 mil.

Na Getúlio Vargas com Contorno, serviço também não foi oferecido ao cidadão - Foto: O médico Aristóteles Coimbra, de 43 anos, e sua mulher, a economista Gabriela Krummenauer, de 37, moram no Bairro Funcionários, Centro-Sul de BH, e constataram que todos os relógios na área estão desligados. “Não é só aqui no cruzamento das avenidas Getúlio Vargas e Afonso Pena que os aparelhos estão inoperantes. Na Avenida Brasil e em outros pontos”, afirma Coimbra. “Isso demonstra a falta de planejamento estratégico da administração municipal. É um serviço a menos para o cidadão.”

FRUSTRAÇÃO
A estudante de turismo Morgana Bernades, de 23, disse que não tinha percebido que os equipamentos estavam desligados, mas lamentou. “Quando o relógio está funcionando, o temos como referência. Para ver as horas até dá para recorrer ao celular, mas com este calor, saber da temperatura só no jornal no dia seguinte. Não vou comprar um termômetro.” O técnico em informática André Gustavo Viega Lopes, de 29, disse que percebeu o problema, já que percorre vários pontos de BH realizando visitas a clientes. “A gente se acostuma com essa informação rápida nos relógios. Se desligados, fazem falta e o jeito é tirar o celular da mochila.”

Até abril do ano passado, a Cesuma do Brasil prestou manutenção nos equipamentos, por meio de uma extensão de contrato, segundo uma fonte da empresa. Porém, firmas concorrentes, que conseguiram cancelar a licitação de setembro de 2012, vencida pela Cesuma, também questionaram a extensão de contrato.
A última licitação dos aparelhos ocorreu em 2003, que concedeu à Cemusa do Brasil o direito de explorar publicidade em relógios digitais, com a condição de fornecer, instalar e manter os equipamentos. Ontem à noite, o EM tentou falar com algum responsável pela empresa, mas não obteve retorno.

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