Horas após um assalto à mão armada contra seis estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a instituição aumentou o rigor para acesso ao câmpus Pampulha e anunciou que vai pedir apoio da Polícia Militar para intensificar a vigilância nas seis portarias de acesso. Desde sexta-feira, para entrar na unidade pedestres e motoristas foram obrigados a apresentar documentos de identificação a partir das 18h e não mais às 21h, como ocorria anteriormente. A medida é válida de segunda a sexta-feira. A UFMG também divulgou entre alunos, professores e funcionários imagens de um suspeito de praticar furtos em várias unidades. No e-mail enviado ontem pela instituição, um homem magro e claro aparece carregando mochilas e, além das bolsas, estaria roubando notebooks e celulares. As imagens captadas por meio de câmeras de monitoramento foram repassadas à polícia para investigação.
As medidas são resultado do último episódio de violência na UFMG. Na madrugada de ontem, seis universitários foram assaltados por um grupo de cinco criminosos, um deles armado. Apenas duas vítimas registraram ocorrência junto à PM. M.S.A., de 21 anos, e F.A.M., de 23, caminhavam na direção do estacionamento quando foram surpreendidos pelo bando, que estava no Palio prata placa HJJ 6769, de Belo Horizonte. A jovem M. foi obrigada a entregar aos bandidos o celular e as chaves de seu carro, um Renault Sandero, usado por eles também para a fuga. De F. os assaltantes levaram um celular, as chaves do carro, a carteira com documentos e cartões, além de R$ 100.
Um estudante que passava na hora anotou a placa do Palio e passou as informações à polícia. Os militares estiveram no local de cadastro do veículo e encontraram o Sandero roubado na Rua Congonhal, próximo ao endereço do dono do carro. A foto de um dos suspeitos, Alisson Pimentel Soares, conhecido como Sonequinha, foi apresentada a uma das vítimas, que o reconheceu. No mesmo dia há relatos de outros roubos, que não foram documentados em boletins de ocorrência. Os crimes ocorreram no trecho entre a portaria da Avenida Antônio Carlos e a praça de serviço do câmpus. O local estava cheio por causa de uma festa, o pré-carnaval Voz Ativa.
Ocorrências como os assaltos da madrugada de ontem e outros crimes já registrados na UFMG criam um clima de insegurança entre os alunos. Estudante do curso de engenharia de controle e automação, Diego Alessandro Gandra, de 22, afirma ter medo de passar em locais ermos ou escuros em determinados horários. Disse já ter ouvido diversos relatos de arrombamentos de veículos e pequenos furtos. “Falta iluminação e mais controle. Qualquer um entra e sai daqui sem nenhum empecilho”, diz.
Os alunos Cleonício Cardoso, de 20, Luiza Pitangueiras, de 21 e Bruna Ferreira, de 18, também se queixam do risco de crimes na UFMG. “É muito perigoso. Fico com medo, porque a iluminação é muito ruim”, diz Luiza. Bruna lembra que a presença de agentes pode ser maior, enquanto Cleonício mostra no celular o e-mail que recebeu da reitoria com imagens do suspeito de furtar pertences de alunos e funcionários. “É estranho receber esse tipo de mensagem. Causa medo”, afirma.
Sobre a divulgação do e-mail com fotos do suspeito de ser o responsável por vários furtos no interior do campus, a UFMG informou que as imagens foram repassadas à comunidade acadêmica como tentativa de obter informações para identificação do suspeito. De acordo com a assessoria de imprensa da instituição, o caso está sob investigação policial.
A UFMG não divulgou a quantidade de crimes ocorridos nas suas dependências. Apesar de não ter acesso às estatísticas, o coordenador-geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFMG, Paulo Antônio Romano de Mello, diz ter percebido aumento das ocorrências policiais. “Vamos nos reunir com a reitoria para discutir segurança. Queremos alternativas complementares ao policiamento”, diz.
Em nota, a universidade informou que vem se esforçando para melhorar as condições de segurança no câmpus por meio de sua segurança não armada e com a implantação de moderno sistema de controle com câmeras de TV. Atualmente, 1,3 mil equipamentos fazem a vigilância dentro do campus. A instituição espera, com as duas medidas de prevenção anunciadas ontem, reforçar o aparato de proteção. No texto, a UFMG informa ainda não ter recebido qualquer comunicação prévia sobre a festa estudantil. As comemorações no câmpus são proibidas desde abril de 2011, por meio da Portaria 34. “No entanto, alguns eventos que oferecem infraestrutura adequada de segurança têm sido autorizados pela universidade, como a Meia Virada Cultural e a Calourada 2013, ambas realizadas no ano passado com grande sucesso e sem incidentes”, diz o documento.