Enviado especial
O aumento da renda e o maior giro de dinheiro levaram os bancos a instalar mais agências em Itamonte, atraindo a cobiça das quadrilhas especializadas em ataques a caixas eletrônicos na região.
"Foi-se o tempo em que todo mundo se conhecia", diz a aposentada Odete Carvalho, que, de casa, ao lado da Praça Francisco Mira, escutou desde o início a troca de tiros entre policiais e a quadrilha. Lá morreram quatro dos nove assaltantes abatidos pela polícia, enquanto a senhora rezava pela proteção da mãe e de três irmãos excepcionais. "A cidade fica mais confiante. Desde novembro, quando ocorreu o primeiro ataque, estava todo mundo naquela expectativa de deitar e não saber o que ia acontecer de madrugada. Anoitecia e cada um ia para a sua casa. Ficou certa cisma.
Quem também lembra o trauma resultante do primeiro assalto, em novembro, é o empresário Alexandre José da Fonseca. Ele conta que desde o ataque de 2013 passou a ter a companhia da filha, de 6 anos, e do enteado, de 12, na cama do casal toda noite. Com medo, as crianças buscam proteção no quarto dos pais. "Criou-se o pânico. A gente não sabe o que está acontecendo", relata ele. Vizinho de rua do "quartel", em novembro ele ouviu os ataques à unidade policial e viu surgir dentro de casa a mira a laser da arma de um dos criminosos. Desta vez, pelo menos três tiros acertaram o portão e o muro da casa. "O pessoal está acostumado a isso nas cidades grandes, mas, em cidade pequena, deixa a sensação de impotência", afirma.
Como os assaltantes que tentaram escapar em direção ao hotel, buscando a rota que leva a Caxambu, São Lourenço e outras cidades da região, outra parte da quadrilha tentou escapar rumo à Rodovia Dutra, no Rio de Janeiro. No meio do caminho, novamente foram surpreendidos. Um caminhão atravessado na estrada impediu a fuga, enquanto policiais atiravam contra os carros onde estavam os assaltantes. Quatro foram mortos ainda dentro do carro e dois fugiram pelo matagal. Coletes à prova de balas foram encontrados por moradores nas proximidades do local conhecido como Fazendinha.
De helicóptero, a PM fez rastreamento em busca dos fugitivos, mas ninguém foi preso.