Policiais militares reforçam a segurança da unidade de pronto-atendimento do Bairro Primeiro de Maio (UPA Norte), em BH, depois que o guarda municipal Leanderson Leonardo de Souza, de 32 anos, e a técnica de laboratório Carmen Maria Rangel Santos, de 53, foram baleados na madrugada de ontem. Os dois estavam de serviço quando três homens tentaram entrar à força, um deles com revólver. Leanderson teria sacado a arma de eletrochoque e foi baleado no braço, no peito e nas costas. Ele permanece em estado grave no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS), onde Carmen, baleada em uma nádega, está consciente e respirando sem ajuda de aparelho.
O delegado do 4º Distrito de Venda Nova, Adriano Ricardo de Mattos Soares, instaurou inquérito para apurar a dupla tentativa de homicídio. O suspeito de ter disparado o tiro foi identificado pela PM como Rafael Maciel Corrêa, o Sinistro, morador do Primeiro de Maio, que já foi preso em 17 de junho de 2012 por porte ilegal de armas.
Funcionários da unidade de saúde estão aterrorizados. Segundo eles, há dois anos, um porteiro foi baleado na perna e ainda existe marca de tiro no teto da recepção. O guarda municipal Bicalho Paula, de 30, conta que o clima já estava tenso desde as 21h de domingo, quando os médicos foram ameaçados de morte por pacientes por falta de ortopedista. “O lugar sempre foi perigoso, tanto é que há grades na entrada e os funcionários trabalham como se estivessem numa prisão”, disse Bicalho.
Segundo o guarda, o local atende pessoas baleadas e muitas vezes homens armados tentam invadir o local para consumar o homicídio. Ele conta que na madrugada de ontem havia um paciente ferido a tiro e tudo indica que os três suspeitos pretendiam entrar para matá-lo. “Eles tentaram invadir quando o porteiro abriu o portão para um paciente entrar”, disse Bicalho.
O clima na UPA é tenso. Na tarde de ontem, pacientes revoltados com o atendimento ameaçavam médicos. Uma adolescente de 16 anos chorava reclamando de dor no abdome e dizia que não tinha médico para atendê-la. “Fui ao posto de saúde do Bairro Guarani e eles me encaminharam para cá. Cheguei aqui e eles me mandaram de volta para o Guarani”, disse a manicure Graziele Rossi, de 27, que também reclamava de dor.
Representantes da Secretaria Municipal de Saúde, do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (Sindibel), PM, Guarda Municipal e funcionários da UPA se reuniram ontem para discutir a violência. A secretaria prometeu tomar providências. O atendimento ao público foi retomado às 12h de ontem e os pacientes graves foram encaminhados para outras unidades de saúde.