Jornal Estado de Minas

Bandidos atacam outros ônibus, casa de agente penitenciário e presídio no Sul de MG

Os casos mobilizaram as polícias Civil e Militar, Ministério Público e serviços de inteligência do sistema prisional. Equipes do Deoesp e militares de outras cidades estão em Itajubá para reforçar as operações

Luana Cruz, Paulo Filgueiras, Cristiane Silva, Daniel Camargos, Mateus Parreiras, Pedro Rocha Franco, Luciane Evans, Leandro Couri

Ônibus queimado no Bairro Santa Rosa, em Itajubá - Foto: Reprodução TV Alterosa

Mais três ataques a ônibus, casa de agente penitenciário e presídio no Sul de Minas Gerais, mobilizaram as polícias Civil e Militar, Ministério Público e serviços de inteligência do sistema prisional de Minas Gerais. Os casos foram registrados desde terça-feira em Itajubá e Poços de Caldas. Ao todo, são seis ocorrências que motivaram o reforço do efetivo da PM, com militares de outras cidades, e a chegada de investigadores do Departamento Estadual de Operações Especiais (Deoesp) de Belo Horizonte.

De acordo com o delegado regional de Itajubá, Pedro Henrique Rabelo Bezerra, a atenção da polícia está toda voltada para as apurações. Ele não quis adiantar detalhes da investigação para garantir a segurança de agentes penitenciários da região e de outros servidores da segurança pública. “Estamos investigando junto com os demais setores de inteligência e levantando todas as informações para fazer uma repressão qualificada e a prevenção”, afirma.

Bezerra não descartou a relação desses casos com a o episódio na cidade de Itamonte, na mesma região, quando nove assaltantes foram assassinados em uma abordagem policial no dia 23 de fevereiro. “A gente não pode descartar e trabalhamos com todas as hipóteses, mesmo que até o momento nada vincule o caso de Itamonte com esses ataques”, relata.

Como resultado da operação em Itamonte, seis pessoas estão presas e 10 continuam sendo investigadas. O delegado também não descarta a participação de agentes de uma facção criminosa nas ocorrências dos últimos dias, no entanto nenhum envolvido foi preso até o momento.

Na madrugada desta quinta-feira, o portão e o muro da casa de um agente penitenciário foram alvos de sete tiros, conforme informou a PM. Agentes do Presídio de Poços de Caldas também acionaram a PM, no fim da noite de ontem, porque ouviram estampidos na porta do prédio. No entanto, militares não conseguiram identificar os atiradores, nem mesmo encontraram marcas de tiros. Nos dois casos apenas foram registrados os boletins de ocorrência e repassados para investigação.

Por volta de 21h30 de ontem, quatro homens encapuzados invadiram um coletivo da Viação Valônia e atearam fogo em Itajubá. O motorista contou que seguia pela Avenida José Souza Nogueira, no Bairro Santa Rosa, quando um homem deu sinal para o coletivo e, armado, entrou pela porta da frente. Enquanto isso, outros três comparsas entraram nas outras portas e espalharam gasolina. Todos estavam encapuzados, conforme relatou o condutor do veículo. Os bombeiros apagaram as chamas.

Conforme a PM, testemunhas viram os homens fugindo em um Gol preto, com vidros escuros. Na cobertura estariam um Chevette e uma moto, sendo que todos fugiram para a rodovia que corta a cidade. Por volta de 0h, quatro homens foram abordados pela PM em um Gol, mas segundo o delegado Bezerra, a participação deles foi descartada depois de depoimento na delegacia.


Outros três ataques

O primeiro caso da série de ataques aconteceu na madrugada de terça-feira quando o agente penitenciário, que trabalha no Presídio de Santa Rita do Sapucaí, dormia em casa no Bairro Vila Rubens, em Itajubá. Ele escutou disparos de arma de fogo, esperou os tiros acabarem e quando saiu do imóvel, encontrou o portão em chamas. Vizinhos ajudaram a apagar o incêndio e acionaram a Polícia Militar (PM).

Conforme a PM, a perícia constatou seis disparos de revólver calibre 38 no portão, muro e para-brisa do carro do morador. Também foi constatado que o fogo começou com um coquetel molotov, montado com uma garrafa de plástico e gasolina. Os militares fizeram rastreamento para tentar prender os envolvidos, mas ninguém foi encontrado.

O segundo caso foi por volta de 22h30 de terça-feira, quando o motorista de um ônibus da Viação Valônia seguia pela Avenida Wagner Lemos Machado, e foi surpreendido por vândalos na altura do Bairro Jardim Colinas. Um homem deu sinal para o coletivo, se passando por passageiro, mas ao entrar na porta da frente do veículo colocou um capuz branco e mostrou uma arma para o condutor.

O motorista foi obrigado a descer e, imediatamente, outros três homens encapuzados entraram pela porta do meio. Eles jogaram gasolina nos bancos e no piso, em seguida, incendiaram o ônibus que ficou destruído. Os bombeiros apagaram as chamas e ninguém foi preso.

O terceiro ataque aconteceu na madrugada de quarta-feira na casa onde mora um diretor do Presido de Itajubá, no Bairro Vila Isabel.
Bandidos dispararam quatro tiros no portão e deixaram um cartaz colado com os dizeres: “contra a opressão carcerária”. O papel foi recolhido pela PM e encaminhado para a Polícia Civil, porém nenhum responsável pelo ataque foi preso.

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