Uma das cinco fornecedoras de carrocerias da frota do BRT/Move, a gaúcha Marcopolo testou um dos 192 ônibus articulados do transporte rápido por ônibus com reforço na circulação de ar do motor traseiro, para evitar possíveis problemas de superaquecimento em modelos Mercedes-Benz – como o que paralisou o Transoeste, primeiro dos três corredores BRT do Rio de Janeiro, em novembro do ano passado. EM BH, a inauguração do sistema está marcada para sábado, com três linhas na Avenida Cristiano Machado.
Ainda na fábrica da encarroçadora, em Caxias do Sul (RS), dias antes de ser entregue a um dos quatro consórcios operadores do transporte coletivo de Belo Horizonte, um dos coletivos – modelo Marcopolo Viale BRT chassi Mercedes-Benz O-500 MA – foi flagrado com saídas de ar adicionais na tampa traseira. A solução é diferente da frota de coletivos já entregue, que conta com apenas uma saída de ar na parte superior da peça e iniciará amanhã a operação das linhas 83P (Estação São Gabriel/Centro Paradora), 83P (Estação São Gabriel/Centro Direto) e 82 (Estação São Gabriel/Hospitais) no corredor Cristiano Machado.
Falha técnica que levou à paralisação de parte da frota do Transoeste, afetando milhares de usuários em novembro de 2013, o superaquecimento na parte traseira dos ônibus articulados não foi levada em consideração pela BHTrans no projeto do Move. A ocorrência originada por duas diferentes situações de uso, segundo o consórcio BRT-Rio, responsável pela operação, e a Mercedes-Benz, principal fornecedor dos coletivos que apresentaram as panes, teria sido corrigida no Transoeste com a aplicação de uma chapa lateral, além da recomendação de que sejam instalados dois exaustores no cofre traseiro dos coletivos. O sistema auxiliar de ventilação, por outro lado, está fora das especificações da BHTrans, que disse desconhecer a pane e o teste com um dos coletivos da Marcopolo.
Apontando o forte calor do Rio – que no dia da pane chegou aos 41°C – como fator, o diretor de Transporte Público da BHTrans, Daniel Marx Couto, disse que nenhum pedido foi feito pelos consórcios operadores do transporte coletivo de BH a respeito. Na avaliação dele, o superaquecimento em ônibus articulados não é um problema para a capital – mesmo a Mercedes-Benz também sendo o principal fornecedor do Move. “Não conheço esse registro (de superaquecimento) no Rio e que um ônibus do Move tenha testado esse dispositivo (saídas de ar reforçadas na traseira), mas uma coisa é fato: tudo que vier para melhorar a operação é positivo. Mas isso não faz parte do nosso caderno de especificações.”
CONTAMINAÇÃO A adaptação feita no Transoeste tem como principal objetivo impedir a contaminação do radiador, que suga resíduos ao motor dos veículos em movimento. O constante corte da grama ao longo do canteiro que margeia o corredor do BRT carioca agravou o problema, afirmou o assessor do consórcio BRT-Rio, Affonso Nunes. Outra razão apontada pela Mercedes para o problema é o superaquecimento do compartimento do motor pelo compressor do ar-condicionado. Para evitar a pane, a Mercedes-Benz recomenda às encarroçadoras e empresas de ônibus que adquiram os coletivos com dois exaustores nas extremidades da traseira. Todos os articulados entregues pela Comil, Marcopolo e Neobus para o Move, contudo, vieram equipados com um exaustor, instalado no lado direito da carroceria.
A Marcopolo declarou que não se pronunciaria sobre o assunto.
EMBARQUE SEM DÚVIDAS
1 – Pego as linhas 61 (Estação Venda Nova/Centro Direta) ou 62 (Estação Venda Nova/Savassi via Hospitais). Com o BRT/Move em operação, elas irão sofrer alguma alteração? Onde será o ponto final?
Estas e outras duas linhas continuarão partindo da Estação Venda Nova e serão integradas do BRT/Move entre o fim de março e abril, quando entram em operação novas fases do corredor Cristiano Machado e do corredor Antônio Carlos/Pedro I/Vilarinho.
Carlos Henrique de Oliveira, de 17 anos, atendente de caixa