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Estado de Minas APÓS DOIS ANOS

Problemas em árvores de BH causados pela mosca-branca seguem sem solução

Das 99 árvores nas avenidas Bernardo Monteiro, Barbacena e entorno da Igreja da Boa Viagem, 29 estão condenadas. Prefeitura publica semana que vem edital para projetos de recuperação


postado em 07/03/2014 06:00 / atualizado em 07/03/2014 07:33

Avenida Bernardo Monteiro, na Região Hospitalar, tem 17 árvores com troncos apodrecidos desde a infestação da mosca há dois anos(foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
Avenida Bernardo Monteiro, na Região Hospitalar, tem 17 árvores com troncos apodrecidos desde a infestação da mosca há dois anos (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)

Dois anos depois da identificação dos primeiros focos da mosca-branca-do-fícus (Singhiella sp.) e ainda não há solução para a paisagem devastada de duas alamedas de Belo Horizonte – avenidas Bernardo Monteiro, na Região Hospitalar, e Barbacena, no Barro Preto. Enquanto o poder público fala em empenho para a salvação dos 70 ficus com vida e promete publicar edital na semana que vem para projetos de proteção inclusive das espécies, ativistas lamentam os 29 troncos apodrecidos e cobram mais cuidado e transparência no trato com o meio ambiente de toda a cidade. Sob as copas invisíveis, cidadãos temem pelo futuro.

Paulo Ricardo Moura, de 26 anos, olha com tristeza parte da natureza morta na Avenida Bernardo Monteiro, respira profundamente e diz não saber solução para o assunto. “Acho que para tirar vão ter que plantar novas árvores em cada lugar. O meu medo é arrancar e não repor. É virar BRT”, comenta. A administradora Lúcia Helena, de 34, diz que não se conforma com a poda no quarteirão entre as ruas Padre Rolim e dos Otoni. “Passo aqui todo dia e não entendo porque não cuidaram para não ter que cortar”, lamenta.

Foi na Avenida Bernardo Monteiro, depois de poda drástica no início do ano passado, que ativistas se agruparam pelo Movimento Fica Ficus. Do primeiro encontro para cá, a causa ganhou força e se propõe ir além das árvores adoecidas, trabalhando pelo aumento das áreas verdes da cidade. Para os ambientalistas, um ano depois da adesão popular à causa, não há o que comemorar.

“Houve um avanço até outubro, quando vimos a prefeitura investir em tratamento com óleo de nim e adesivos contra as moscas pela proteção dos ficus. Vimos o verde voltar a brotar. A partir de novembro, o tratamento foi interrompido, embora a Secretaria Municipal de Meio Ambiente negue a interrupção. Só vemos caminhões e ações no sentido de suprimir e podar. Tratar não mais”, critica Patrícia Caristo, do Movimento Fica Ficus.

Das 99 árvores nas avenidas Bernardo Monteiro, Barbacena e entorno da Igreja da Boa Viagem, 29 estão condenadas(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Das 99 árvores nas avenidas Bernardo Monteiro, Barbacena e entorno da Igreja da Boa Viagem, 29 estão condenadas (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Para a publicitária, a maior parte dos ativistas não acredita na boa vontade do poder público no que se refere a preservação ambiental. “Está na hora de a prefeitura dar provas por meio de ações concretas de responsabilidade com o meio ambiente na cidade. Já prometeram e não cumpriram. Mandam-nos um croqui de poda e depois vemos uma poda irresponsável, diferente do desenho. Aí, dizem que foi um erro. Não se pode errar com a vida de nossas árvores”, ressalta.

EDITAL
De acordo com Patrícia, há ainda um “alarmismo” com a ameaça de queda dos ficus que só faz mal à natureza. “É natural que, com esse terrorismo de que a árvore vai cair, o cidadão tenha medo e acabe acreditando que o melhor a fazer é suprimir. Não é por aí”, considera. A ativista conta que há duas semanas parte do grupo foi até a prefeitura em busca de “mais informação e transparência”. “Prometeram um edital para os próximos dias com verba do fundo de proteção ambiental para a recuperação dos ficus”, diz.

Délio Malheiros, vice-prefeito e Secretário Municipal de Meio Ambiente, garante empenho, por meio de “todas as alternativas possíveis e responsáveis”, pela salvação dos ficus. “Estamos contando com toda a ajuda possível de cientistas e técnicos. Sabemos que são árvores muito importantes para a nossa cidade”, considera. O gestor fala em tratamento cuidadoso e continuado nas áreas críticas, além de destacar os 120 ficus “bem cuidados e saudáveis” do Parque Lagoa do Nado, na Região da Pampulha.

O vice-prefeito confirma o edital prometido para a próxima semana, com a destinação de até R$ 200 mil de verba do Fundo Municipal de Defesa Ambiental, para pessoa física ou jurídica, pública ou privada, para projetos em qualquer área de interesse do meio ambiente, inclusive para a revitalização dos ficus. “É mais uma maneira transparente que encontramos de trazer a população para ajudar e participar da solução”, diz.

RAIO X


49
fícus estão na Bernardo Monteiro, sendo 17 condenados e 32 com vida

11
árvores da espécie estão sem vida na Avenida Barbacena, de um total de 44

5
dos 6 fícus do entorno da Igreja da Boa Viagem, no Funcionários, estão vivos


QUEDA DE GALHO
Na madrugada de ontem, parte de uma árvore da espécie fícus caiu e fechou a Avenida Bernardo Monteiro, no Bairro Santa Efigênia, Região Leste de Belo Horizonte. O acidente foi na altura do número 879. Ninguém ficou ferido. O Corpo de Bombeiros foi acionado para realizar a poda e liberação da via. De acordo com a prefeitura, a queda foi ação do vento, já que não se tratava de galho sem vida.


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