Um Ford Focus a 200 km/h, um Honda Civic a 194 km/h e uma carreta a 141 km/h. Esses são exemplos de imprudência e desrespeito à vida dados por motoristas flagrados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) durante o carnaval. Embora o número de mortes em Minas tenha caído, o excesso de velocidade expõe o perigo crescente nas estradas. Foram 35 mil motoristas autuados por radares por circularem acima da velocidade permitida. No país, o número de acidentes e de feridos nas estradas sob responsabilidade da PRF diminuiu este ano, em comparação com 2013. As batidas caíram de 3.285 para 3.201 (-2,6%). Já os feridos passaram de 2.021 para 1.823 (-9,8%). O número de mortos foi o mesmo: 155. Minas foi o segundo estado com mais mortes (24, ou 15,4%), atrás do Paraná (25, ou 16,12%). Mas, diferentemente dos demais, as mortes diminuíram 17,3% (foram 29 em 2013), assim como os feridos, de 347 para 338 (-2,6%). Já os acidentes nas federais mineiras subiram de 439 para 547 (24,6%).
Se somados os números da Polícia Militar Rodoviária (PMRv), o total de mortos em Minas caiu 6,6% (de 60 para 56). A redução, entretanto, foi puxada apenas pelas estradas sob responsabilidade da PRF. As estaduais e as BRs delegadas passaram de 31 para 32 mortes, crescimento que persiste desde 2010, quando foram 13 mortes. No carnaval de 2011, foram 16 e no de 2012, o número passou para 21. O maior salto ocorreu entre 2012 e o ano passado, deixando as estaduais com 31 mortes. Em 2014, foram 552 acidentes nas estaduais (+25,7%) e 524 feridos (+25%).
Este ano, a PRF concentrou os maiores esforços em Minas e na Bahia, que têm as maiores malhas rodoviárias federais. O reforço de agentes, radares e aeronaves ocorreu, segundo o coordenador-geral de Operações da PRF, inspetor Giovanni Di Mambro, devido ao movimento grande nesses dois estados. “A Bahia é um dos maiores destinos no carnaval e Minas Gerais é rota de passagem para esse e vários outros locais”, disse.
No caso das rodovias federais sob responsabilidade da PRF, o dia mais crítico foi sábado, que registrou 15 das 24 mortes em todo o carnaval. Em compensação, durante três dias (sexta, terça e quarta) nenhum óbito foi registrado, o que nunca aconteceu em Minas durante o carnaval. Dos 17 acidentes que causaram as 24 mortes no estado, oito aconteceram em retas e nove em curvas, sendo que as colisões frontais causaram seis óbitos. O título de BR mais violenta nesse feriado ficou com a 040, com oito vidas perdidas, seguida pela 365, que teve quatro mortes.
Já a PMRv fez menos testes e prendeu mais motoristas alcoolizados. Foram 3.217 testes e 141 presos. “Creio que pegamos mais porque fizemos testes em locais marcados por festas de carnaval, onde as pessoas vão durante o dia, bebem e voltam para casa à noite. Houve operações, por exemplo, nas saídas de Ouro Preto, Nova Lima e Sabará”, informou o major Cássio Soares, comandante do Batalhão da BPMRv.
Sobre o aumento crescente de mortes nas estradas estaduais, Soares disse que a frota cresceu 9% em Minas de 2013 para este ano. “Por mais que o esforço seja máximo, são 32 mil quilômetros de rodovias sob nossa jurisdição. A imprudência dos motoristas nesses locais ainda é a principal causa dos acidentes”, afirma.
Carreta a 141 km/h
Três imagens flagradas por radares móveis e divulgadas pela Polícia Rodoviária Federal mostram o excesso de velocidade nas estradas. Em uma delas, um Ford Focus é visto a 200 km/h a mais de 200 metros de distância do equipamento. Em outra situação, o radar acusa um Honda Civic a 194 km/h. E ainda uma carreta a 141 km/h. Contando o limite máximo permitido nas estradas para veículos pesados e carros de passeio (90 km/h e 110 km/h, respectivamente), em todos os casos há excesso acima de 50% da velocidade permitida, o que gera multa de R$ 574,62 e sete pontos na carteira. A infração é considerada gravíssima. As estradas e os municípios dos flagrantes não foram informados. No total, 35 mil veículos foram flagrados em velocidade acima da permitida por 26 radares nas estradas mineiras.
O coordenador-geral de Operações da PRF em Brasília, inspetor Giovanni Di Mambro, chama a atenção para o caso da carreta: “Isso é o que podemos chamar de bomba rodando na estrada”. Em todos os três exemplos, a PRF informou que os motoristas foram parados e autuados.
Seis radares vieram de outros estados para reforçar a fiscalização no carnaval. Os números nacionais não estão fechados, mas passam de 100 mil fotos capturadas por 130 radares, segundo a polícia.
Para a Semana Santa, o inspetor Aristides Júnior, chefe de comunicação da PRF/MG, não descarta novo reforço. “De qualquer forma, é possível que essas multas já causem uma mudança de comportamento nos motoristas, contribuindo para o respeito aos limites impostos”, avalia.