A onda de violência que tomou cidades no Sul de Minas Gerais continua assustando moradores. Nesta madrugada, três adolescentes de 16 anos foram apreendidos durante as operações policiais que acontecem em Itajubá. No município aconteceram uma sequência de ataques nos últimos dias. De acordo com o delegado Pedro Henrique Rabelo Bezerra, responsável pelas investigações, inicialmente está descartada a relação dos crimes com o assalto em Itamonte, onde nove criminosos foram mortos em ação conjunta das polícias Civil de Minas e São Paulo, além da PM mineira.
Desde terça-feira, moradores de Itajubá convivem com o medo e a tensão. Ônibus foram queimados e casas de autoridades alvejadas por tiros. Os menores foram apreendidos na madrugada com duas garrafas pet, contendo dois litros de gasolina cada. Eles não souberam dizer o que pretendiam fazer com o combustível. Após prestarem depoimento, foram liberados.
Conforme o delegado Bezerra, já há indícios da motivação para os ataques. "Embora numa investigação não possamos ignorar qualquer linha de apuração, as primeiras informações que reunimos dão conta de que os fatos têm ligação restrita ao município de Itajubá", afirma. Ele não quis adiantar qual seria os motivos dos atentados para não atrapalhar nas apurações.
A polícia tenta, agora, identificar outras pessoas envolvidas nos crimes para depois pedir a prisão deles. A Polícia Militar e a Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi), da Secretaria de Estado de Defesa Social (SEDS), ajudam nos trabalhos.
Atentados em Itajubá
A ação dos criminosos começou na noite de terça-feira. O motorista de um ônibus da Viação Valônia foi rendido por um homem armado. Três indivíduos encapuzados colocaram fogo no veículo. Durante a madrugada, a casa de um agente penitenciário foi atingida por tiros em um coquetel molotov.
Na quarta-feira, outro ônibus da Valônia foi incendiado por quatro homens encapuzados e a casa do diretor do presídio local também foi alvo de disparos. No local, foi deixado um cartaz criticando o tratamento dado aos detentos.
Em Poços de Caldas, cidade também no Sul de Minas, a casa de um ex-agente penitenciário foi alvo de tiros na madrugada de quinta-feira. No presídio da cidade, agentes chamaram a PM anteontem à noite, depois de ouvir estampidos diante da unidade, mas os militares não encontraram marcas de balas.
O Comando de Policiamento descartou uma ação orquestrada com os acontecimentos de Itajubá. Segundo os primeiros levantamentos, a primeira ocorrência foi um acerto de contas de um ex-presidiário com a vítima, por motivos passionais. Mas na penitenciária o clima é de tensão devido à prisão de um dos chefes de uma facção criminosa de São Paulo.