Jornal Estado de Minas

Menores apreendidos em Itajubá podem levar a mandantes de ataques a ônibus

Desde o mês passado, moradores de cidades da região vivem um clima de medo, diante de investidas criminosas

Landercy Hemerson (Enviado especial)
- Foto: Beto Magalhães/EM/D.a press

Itajubá
– A apreensão de três adolescentes de 16 anos, com quatro litros de gasolina, na madrugada dessa sexta-feira, pode ser a principal pista para levar aos mandantes dos recentes ataques a ônibus nesta semana em Itajubá, no Sul de Minas. Desde o mês passado, moradores de cidades da região vivem um clima de medo, diante de investidas criminosas. A possibilidade de uma ação orquestrada por comparsas de detentos do presídio do município vem sendo investigada no mesmo inquérito que apura dois atentados a tiros contra servidores do sistema prisional, ocorridos na quarta-feira, e os dois casos de coletivos incendiados. O estado de alerta mantido pelas polícias desde o confronto do dia 22 em Itamonte, em que morreram 10 pessoas, das quais nove suspeitos de integrar uma quadrilha de roubo a bancos, impediu ontem uma explosão de caixa eletrônico em Piranguinho, vizinha a Itajubá.

O delegado Pedro Henrique Rabelo Bezerra, que apura os ataques criminosos em Itajubá, acredita que os três adolescentes apreendidos possam estar ligados, mesmo que indiretamente, a ataques incendiários na cidade. Mas ele adota cautela e prefere tratar o caso como suspeita a ser investigada. Os menores foram ouvidos e liberados, até mesmo por falta de abrigos na região para mantê-los.

Eles não deram explicações sobre o motivo de estarem com o combustível, em duas garrafas PETs, ao serem abordados por policiais militares na Praça 15 de Janeiro, no Bairro Rebourgeon. Pelo menos dois já haviam sido apreendidos antes por roubo e tráfico de drogas. Um dos adolescentes é parente de um envolvido em quatro incêndios a ônibus e a uma viatura da Polícia Militar em 2006, na mesma cidade, durante ataques de integrantes de uma facção criminosa paulista, que resultaram na queima de 90 coletivos no país.

O diretor-geral da cadeia de Itajubá, Rodney Dantas, admitiu ontem que cinco internos da unidade, suspeitos de ligações com a facção criminosa de São Paulo, estão sendo monitorados e podem ser transferidos nos próximos dias para unidades de segurança máxima.
Ele não confirma o envolvimento deles no atentado a tiros na casa do diretor de Relacionamento da penitenciária do município, Leandro Rodrigues. “Não foi um ataque pessoal, mas ao sistema prisional”, disse Dantas. Entre as apurações do delegado Pedro Henrique, busca-se a confirmação de que os recentes atentados na cidade podem ter estar ligado a internos de um dos quatro pavilhões do presídio.

No atentado à casa de Leandro, além de quatro tiros no portão do imóvel, foi deixado um cartaz “contra a opressão prisional”. Rodney Dantas descarta que haja clima de “opressão” na cadeia que motive os ataques. “A resposta das forças de segurança do estado tem sido eficiente. Não vamos nos curvar a intimidações. A disciplina na unidade é cobrada de forma linear, contundente e rígida”, advertiu Dantas. Ele destaca que, de 511 detentos da cadeia, 180 estão em processo de ressocialização, por meio de convênio com 16 empresas parceiras, e 80 estudam. Para ele, o bom resultado da administração pode estar desagradando as organizações criminosas, que não querem a recuperação dos internos.

Os quatro atentados em Itajubá levaram a polícia a intensificar a vigilância na região, dando sensação de segurança aos moradores do Sul mineiro, onde, além do tiroteio em Itamonte, no dia 22, também houve ataques em Poços de Caldas. Embora as investigações apontem que não há ligação entre as ações em cada município, o esquema de patrulhamento reforçado abrange várias cidades do extremo Sul mineiro, próximas ao interior paulista.

Em Piranguinho, a sete quilômetros de Itajubá, militares impediram ontem a ação de ladrões que tentavam explodir um terminal eletrônico da Caixa Econômica Federal. Pelo menos três criminosos participaram da ação. Eles quebraram a frente do terminal e colocaram uma bomba de fabricação caseira no equipamento. Porém, com a chegada dos PMs, fugiram a pé, abandonando luvas, blusas e capuz.
A polícia acredita que sejam ladrões da região. Imagens do sistema de segurança serão analisadas para identificar os assaltantes..