Valdivino, de 29 anos, Carteira Nacional de Habilitação (CNH) E – a mesma exigida para carretas –, não esconde o entusiasmo por ter inaugurado a linha 82, às 4h20 de ontem. No meio da tarde, quase dez horas de serviço depois, a empolgação do Valdivino na condução do carro 20480, tinindo de zero, é de dar gosto.
O motorista e a companheira de Move, a cobradora Maria de Fátima, dão toda a atenção possível aos passageiros, curiosos com o carrão de 18,5 metros. Ele fala com orgulho do câmbio automático, do ar-condicionado e dos 30 minutos gastos da Estação São Gabriel ao Bairro Funcionários.
O rapaz, ao fundo, só de farra aciona o sinal de parada. No ponto, não desce e ainda faz graça para os amigos. Leva bronca da cobradora: “Não faz isso.
Outro profissional do volante, a passeio na linha 83 para conhecer o tão esperado busão, considera que o trabalho vai ser bem menos estressante com o novo modelo de 360 cavalos. “Quando tiver mais faixas exclusivas vai melhorar ainda mais”, avalia.
A senhorinha de jeans e brincos enormes, não se contenta: “Ah, é isso? Tanta quebradeira pra esse frio que deixa a gente gripada?” A filha que a acompanha participa: “Até que tá bom. Quero ver é quando estiver lotado”. Mais à frente, o menino traquina apronta com o cinto de segurança da área reservada para bicicletas. Mexe daqui, dali, até que leva pito do velho na cadeira de lado.
Com a chuva, a plataforma coberta da Avenida Paraná vira assunto entre homem e mulher com bebê de colo. “Todo ponto de ônibus tinha que ser assim. Sempre falei isso”, diz o sujeito. A mocinha vestida de verde, com “Posso ajudar” anotado do colete de serviço, aborda o senhor de panfleto na mão. Ele corta a simpatia: “Não precisa! Estou só conhecendo essa maravilha que tão falando”.
O homem de ônibus na cabeça e capa verde de super-herói é atração para a meninada. É o Mr.
Muita gente de câmera na mão para não perder o Move da história. Um dia para não ser esquecido. “Vem, filhão! Vamos tirar uma foto para colocar no Facebook”, diz o pai coruja. Fernando é separado e passa os finais de semana com o pequeno Matheus, de 5. “Tenho moto, mas é só quando não tô com o Matheus. Agora, com o BRT, vai melhorar pra gente”, sorri.
“Para quem não tem metrô, serve”, diz a mulher para a colega mais jovem. O carro da linha 83D deixa a estação da Avenida Paraná com uma das portas abertas.