Tiago de Holanda
Na primeira noite de operação comercial do BRT/Move, sistema de transporte rápido por ônibus de Belo Horizonte, passageiros e motoristas dos veículos articulados se depararam com falhas diferentes das constatadas durante a manhã e a tarde. Em um trecho da faixa exclusiva na Avenida Cristiano Machado, condutores se queixaram da iluminação ruim e da falta de sinalização na pista. Apesar de o serviço ter sido oferecido até meia-noite, as bilheterias da Estação São Gabriel, na Região Nordeste, foram fechadas às 22h, o que irritou usuários que não tinham bilhetes nem o cartão BHBus.
O trecho mal iluminado fica no sentido Venda Nova, pouco antes de a faixa exclusiva passar sob o viaduto Murilo Rubião, continuação da Avenida José Cândido da Silveira. Na noite de sábado, os postes no local estavam apagados. A pista não tem pintura branca indicando o trajeto. “Aqui escurece e você não tem sinalização no chão para te orientar. Tem que redobrar a atenção”, constatou o motorista Marco Aurélio de Castro, de 44 anos, que naquele ponto reduzia bastante a velocidade. Ele fez o mesmo mais à frente, em uma curva em frente ao Minas Shopping.
Alguns motoristas ainda têm dificuldade para estacionar a lateral esquerda dos ônibus junto às estações de transferência, preocupados em não parar nem muito perto, nem muito longe. Era o caso de Marco, que, mesmo antes de chegar aos locais onde os usuários esperavam, desacelerava muito e ficava virando o volante de um lado para o outro. “Sou motorista há 20 anos, acostumado a parar só no lado direito. Agora a situação se inverteu. Você faz muito esforço, força a atenção. A cabeça estava até doendo. Tive de tomar remédio. Depois que eu ganhar confiança, melhora”, disse.
O Estado de Minas fez três viagens na noite de domingo, nas linhas que estavam em operação: a 83D, que faz o percurso direto entre a Estação São Gabriel e a Região Central; a 83P (na qual Marco trabalha), que cumpre o mesmo trajeto parando em oito estações na Cristiano Machado; e a 82, que vai da Estação São Gabriel à Savassi, passando pela área hospitalar. Outra falha foi que as estações da Cristiano Machado estavam operando com as portas de embarque e desembarque abertas o tempo todo, apesar de elas deverem ficar fechadas quando não houver ônibus estacionado.
Portas emperradas
Já na estação de transferência da Avenida Santos Dumont, no Centro, o problema foi o oposto: as portas emperraram quando chegou um veículo da linha 83D, por volta das 21h. O motorista precisou esperar um funcionário subir em uma escada para mexer em um equipamento próximo ao teto da estação e acionar a abertura. O gerente de instalação da Wolpac, empresa responsável pelo funcionamento das portas, Alessandro Kovacs, acompanhou o trabalho. “Estamos regulando os sensores, para responderem a todos os modelos de ônibus, que têm diferentes alturas”, explicou. Segundo o motorista, Charles Albert Viana, já era a terceira vez que a falha ocorria.
Por volta das 22h20, um grupo de cinco amigos chegou à Estação Gabriel para embarcar em um 83D, mas se deparou com as bilheterias fechadas.