Jornal Estado de Minas

Desafios do BRT são diferentes à noite

Motoristas de ônibus se queixam de trechos mal iluminados e falta de sinalização na pista. Passageiros tiveram problemas com portas de estações e encontraram bilheterias fechadas

Jorge Macedo - especial para o EM

Tiago de Holanda

- Foto: Tulio Santos/EM/D.A Press


Na primeira noite de operação comercial do BRT/Move, sistema de transporte rápido por ônibus de Belo Horizonte, passageiros e motoristas dos veículos articulados se depararam com falhas diferentes das constatadas durante a manhã e a tarde. Em um trecho da faixa exclusiva na Avenida Cristiano Machado, condutores se queixaram da iluminação ruim e da falta de sinalização na pista. Apesar de o serviço ter sido oferecido até meia-noite, as bilheterias da Estação São Gabriel, na Região Nordeste, foram fechadas às 22h, o que irritou usuários que não tinham bilhetes nem o cartão BHBus.

O trecho mal iluminado fica no sentido Venda Nova, pouco antes de a faixa exclusiva passar sob o viaduto Murilo Rubião, continuação da Avenida José Cândido da Silveira. Na noite de sábado, os postes no local estavam apagados. A pista não tem pintura branca indicando o trajeto. “Aqui escurece e você não tem sinalização no chão para te orientar. Tem que redobrar a atenção”, constatou o motorista Marco Aurélio de Castro, de 44 anos, que naquele ponto reduzia bastante a velocidade. Ele fez o mesmo mais à frente, em uma curva em frente ao Minas Shopping.
“A pista se estreita muito e tem pilastras bem ao lado”, explicou.

Alguns motoristas ainda têm dificuldade para estacionar a lateral esquerda dos ônibus junto às estações de transferência, preocupados em não parar nem muito perto, nem muito longe. Era o caso de Marco, que, mesmo antes de chegar aos locais onde os usuários esperavam, desacelerava muito e ficava virando o volante de um lado para o outro. “Sou motorista há 20 anos, acostumado a parar só no lado direito. Agora a situação se inverteu. Você faz muito esforço, força a atenção. A cabeça estava até doendo. Tive de tomar remédio. Depois que eu ganhar confiança, melhora”, disse.

O Estado de Minas fez três viagens na noite de domingo, nas linhas que estavam em operação: a 83D, que faz o percurso direto entre a Estação São Gabriel e a Região Central; a 83P (na qual Marco trabalha), que cumpre o mesmo trajeto parando em oito estações na Cristiano Machado; e a 82, que vai da Estação São Gabriel à Savassi, passando pela área hospitalar. Outra falha foi que as estações da Cristiano Machado estavam operando com as portas de embarque e desembarque abertas o tempo todo, apesar de elas deverem ficar fechadas quando não houver ônibus estacionado.

Portas emperradas

Já na estação de transferência da Avenida Santos Dumont, no Centro, o problema foi o oposto: as portas emperraram quando chegou um veículo da linha 83D, por volta das 21h. O motorista precisou esperar um funcionário subir em uma escada para mexer em um equipamento próximo ao teto da estação e acionar a abertura. O gerente de instalação da Wolpac, empresa responsável pelo funcionamento das portas, Alessandro Kovacs, acompanhou o trabalho. “Estamos regulando os sensores, para responderem a todos os modelos de ônibus, que têm diferentes alturas”, explicou. Segundo o motorista, Charles Albert Viana, já era a terceira vez que a falha ocorria.

Por volta das 22h20, um grupo de cinco amigos chegou à Estação Gabriel para embarcar em um 83D, mas se deparou com as bilheterias fechadas.
Uma funcionária da estação informou que tinham deixado de funcionar às 22h. Para sorte deles, que não tinham bilhetes nem o cartão BHBus, uma usuária aceitou usar seu próprio cartão para que eles transpusessem as catracas, em troca do reembolso em dinheiro. “Não sei o que faríamos sem a ajuda dela. As passagens têm de ser vendidas até a hora do último ônibus”, disse um dos jovens, o estudante do 8º ano Jonatas Vieira, de 14 anos.

 

 

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