Jornal Estado de Minas

Gargalo no trânsito é um dos principais desafios do BRT/Move, que promete agilidade

Dificuldade de atravessar o Centro foi sentida sobretudo na linha 82, que faz boa parte de seu trajeto em pistas mistas

Flávia Ayer
Da passarela sobre a Avenida do Contorno se avista o viaduto lotado de veículos que tentam sair do Complexo da Lagoinha em direção ao Centro da capital.
Lá no meio, andando em marcha lenta, está o BRT/Move, transporte rápido por ônibus de BH. A cena do veículo que carrega promessa de agilidade em meio ao trânsito travado impressiona e revela um dos principais desafios do novo sistema. Em seu primeiro dia útil de operação, ontem, a novidade não apenas enfrentou os gargalos do Centro como se tornou mais um elemento para aumentar a confusão. Entre os passageiros do novo sistema, a dificuldade de atravessar o Centro foi sentida sobretudo na linha 82 (São Gabriel/Savassi via hospitais), que faz boa parte de seu trajeto em pistas mistas, junto aos demais veículos.

Ao longo de parte das avenidas do Contorno e Andradas, próximo à Praça da Estação, agentes da BHTrans espalharam obstáculos demarcando as faixas preferenciais para ônibus. A sinalização deixou o trânsito lento na manhã da segunda-feira. “Os ônibus têm que ficar mudando toda hora de faixa”, reclamou um condutor. Passageiros de linhas convencionais também ficaram exaltados, pois pontos foram alterados sem sinalização adequada.
Nem mesmo os motoristas dos coletivos estavam cientes das novas paradas e, muitas vezes, faziam conversões fora do itinerário.

“Os motoristas não estão parando no lugar certo. Vou chegar atrasada ao trabalho”, reclamou a secretária Vandelci Antônia Damasceno, de 45 anos, ansiosa para embarcar no 9103 (Santa Tereza/Santo Antônio). Aflita por demorar a encontrar o local certo para pegar seu ônibus, Luana Fernandes, de 28, resumiu o aperto: “Aqui está uma confusão danada”. Dúvidas também nas proximidades da Avenida Paraná, onde estão estações do BRT, nas quais agentes da BHTrans orientavam sobre as mudanças. “Não tinha aviso nenhum no meu ponto. Vou ter que andar mais agora”, disse, atrasada, a empregada doméstica Geralda Neri, de 38, à procura do Circular 04.

Se na área central o BRT/Move enfrentou trânsito, na área hospitalar e na Savassi o novo sistema circulou com tranquilidade. As regiões fazem parte do itinerário da linha 82, que para nas estações da Cristiano Machado, mas também em pontos convencionais fora das pistas exclusivas. Os articulados passavam com poucos passageiros e, ao parar nos pontos convencionais, o embarque de mais usuários era raro.

Mudanças meio do caminho

A BHTrans cogita alterar trânsito da Savassi para abrir caminho para o BRT. No primeiro dia útil de operação do Move, circulou entre agentes da empresa a informação de que haveria mudança no cruzamento entre a Rua Professor Moraes e a Avenida Getúlio Vargas, para facilitar a passagem da linha 82 do BRT/Move, que sai da Estação São Gabriel, na Região Nordeste, em direção à Savassi. A ilha de pedestres no meio da Professor Moraes pode ser retirada para aumentar a área de manobra dos ônibus articulados, de 18,6 metros de comprimento. A empresa, porém, não confirma oficialmente a possibilidade. Informa apenas que os primeiros dias da implantação do Move vêm sendo monitorados por técnicos e agentes, e que as modificações necessárias serão para feitas para melhorar a fluidez.


Motoristas do novo sistema têm encontrado dificuldade para fazer a conversão da Getúlio Vargas para a Professor Moraes. Para conseguir manobrar, precisam seguir pela pista do meio da avenida, abrir a curva e só então entrar à direita, ocupando grande parte da via. Ontem, agentes da BHTrans precisaram controlar a passagem dos veículos a cada conversão dos articulados. No fim de semana o problema já havia sido detectado e, na tentativa de amenizar a situação, uma placa de sinalização foi retirada da ilha de pedestres. .