O crime contra a servidora pública Andréa Araújo de Almeida, de 34 anos, foi esclarecido pela Polícia Civil. A mulher estava desaparecida desde 15 de janeiro deste ano em Poços de Caldas, na Região Sul de Minas Gerais. As investigações apontaram que ela foi assassinada a mando do ex-companheiro, João Batista dos Reis, conhecido como João do Papelão, que estava em briga judicial com a vítima por causa do pagamento de pensão. O empresário, que trabalha no ramo de reciclagem, contratou quatro pessoas para cometer o homicídio e, conforme as apurações da Divisão Especializada de Operações Especiais (Deoesp), pagou R$ 50 mil ao bando. Ele e o restante do grupo foram presos.
Andréa Araújo foi vista pela última vez na tarde do dia 15 de janeiro, quando conversava com uma irmã pelo telefone. Na ocasião, a servidora estava dentro do carro, no Bairro Jardim Quisisan, quando foi abordada por suspeitos. Do outro lado da linha, a irmã de Andréa ouviu gritos anunciando sequestro e acionou a Polícia Militar em seguida. O veículo da vítima, um Ford Ka, foi localizado no mesmo dia do desaparecimento, ainda no Bairro Quisisan, com motor ligado e os vidros abertos.
Inicialmente, o crime foi tratado como sequestro. Por isso, uma equipe da 3ª Delegacia Especializada de Repressão as Organizações Criminosas (Deroc), de Belo Horizonte, foi deslocada para a região. As investigações começaram com a análise das câmeras de segurança do trajeto feito pela vítima normalmente. Nas imagens, foi detectado que, no dia do crime, a servidora foi seguida por um Gol branco desde sua saída de casa até o trabalho. No carro havia pelo menos dois ocupantes.
Como não houve o pedido de resgate, os policiais também investigavam uma outra linha. João Batista, o ex-companheiro de Andréa, estava insatisfeito com o processo de separação. Uma ação judicial, movida pelo advogado da vítima, determinava o pagamento de pensão alimentícia e a partilha dos bens. Isso não estaria agradando ao homem.
A polícia conseguiu identificar o Gol, que foi flagrado seguindo Andrea no dia do crime, e detectou que se tratava de um veículo da Bahia. Uma equipe se deslocou até o estado e conseguiu chegar até Luciano Monteiro Santos, o Galego, que era dono do carro. Ele foi preso e delatou o comparsa, Márcio da Silva Santos, o Negão, e os outros envolvidos no caso, que acabaram detidos.
Como aconteceu o crime
Em depoimento, Galego disse que foi convidado por Ednilson Martins de Sousa, conhecido como Paulista, que é morador de Poços de Caldas, para cometer o crime a pedido de João do Papelão. Para isso, receberiam a quantia de R$ 50 mil que seria divida entre os comparsas. Antes do crime acontecer, Paulista acabou preso por tráfico de drogas e não teve mais contato com os outros integrantes do grupo. Com isso, a esposa dele, Liliane Gonçalves da Silva, que também foi detida, foi quem intermediou o assassinato.
Galego e Negão chegaram a viajar por duas vezes a Poços de Caldas. Em uma delas, no dia do crime, levaram as esposas para não levantar suspeita. Todos se hospedaram em um hotel da cidade com todas as despesas pagas por João do Papelão.
De acordo com o delegado Wanderson Gomes, chefe do Deoesp, o assassinato foi cometido por Negão com um revólver calibre 38 fornecido por João do Papelão. A arma foi comprada na Bahia junto com uma submetralhadora calibre 9 milímetros apreendida na casa de Galego.
Os restos mortais de Andrea foram encontrados em um sítio no distrito de Palmeiral, na zona rural da cidade, em 23 de janeiro. No crânio da mulher havia uma perfuração ocasionada por um tiro. Segundo a Polícia Civil, roupas femininas também estavam próximo ao local e familiares reconheceram que o material pertencia a servidora.