Jornal Estado de Minas

Enquanto obras não saem do papel, acidentes continuam no Anel Rodoviário

Kombi atinge borracharia, mata uma pessoa e fere quatro. DER promete publicar edital para obras ainda este mês

Junia Oliveira Mateus Parreiras
Sentido Rio de Janeiro da rodovia ficou interditado durante todo o dia - Foto: Leandro Couri/EM/D.A Press

Enquanto obras em trechos emergenciais do Anel Rodoviário não saem do papel, moradores de bairros como a Vila da Luz, Nazaré e Jardim Vitória, na Região Nordeste de BH, continuam sendo vítimas de acidentes. Ontem, por volta das 10h, uma Kombi com duas pessoas e placa de Sabará bateu numa carreta, capotou e atingiu três pessoas, um outro carro e um caminhão que estavam na porta de uma borracharia. Os dois ocupantes da Kombi ficaram feridos, além de uma mulher e do dono do estabelecimento, José Magno Barreto, de 44 anos. Mário Lúcio Ferraz, de 28, morador do bairro, foi atingido e morreu na hora. Por causa do acidente o sentido Rio de Janeiro ficou interrompido. O Departamento de Estradas de Rodagem (DER) faz hoje audiência pública sobre a revitalização, último requisito legal antes da publicação dos editais para licitação das obras.

No meio dos veículos, uma menina de 11 anos tentava saber o estado de saúde do pai, dono da borracharia. José Magno teve fraturas nas pernas e foi atingido quando reparava os pneus de um caminhão estacionado na entrada do seu comércio. “O Zé Magno é um homem que todos aqui do bairro admiram.
Um batalhador. Perdeu a esposa e sustenta os filhos sozinho, abrindo a oficina de madrugada e só fecha quando sai o último cliente”, lamentou a vizinha Maria Inês Camilo, de 58. “Essa rodovia é perigosa demais e precisava de ter mais segurança.”, afirma.

De acordo com Giovanni Carlos Alves Marques, de 32, filho do motorista da Kombi, José Eustáquio Ribeiro, de 67, o pai teria informado que conduzi seu veículo de caçamba adaptada para cargas pela pista da direita quando foi fechado pela carreta. “Soube que meu pai e o Júnior (Antônio Batista Oliveira Júnior, de 45 anos), que estava com ele no carro, tiveram ferimentos mais leves”, disse. Já o condutor da carreta, que transportava componentes para a fabricação de cimento de BH para a Bahia, Waldemar Alves, de 28 anos, diz que estava circulando pela pista central quando foi atingido. “Só percebi que a Kombi perdeu o controle, bateu na minha lateral e fez essa bagunça toda”, afirma.

Veja fotos do acidente


RECUPERAÇÃO A licitação dos pontos emergenciais estava prevista para janeiro, mas o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), responsável pelo Anel, só delegou a função ao DER no fim do mês passado. O investimento é de R$ 400 milhões e as obras devem ser concluídas em dois anos. A primeira concorrência será lançada ainda este mês, de acordo com o diretor-geral, José Elcio Santos Monteze, e vai contemplar  as interseções com as avenidas Amazonas, Ivaí e Pedro II.

A expectativa é de que as mudanças comecem a ser feitas ainda neste primeiro semestre. Entre as ações, estão a recuperação da estrutura existente e a construção de novas pontes, viadutos e trincheiras. A recuperação total do Anel depende ainda da alocação de recursos, segundo Monteze.  O projeto total é estimado em quase R$ 2 bilhões. Serão pelo menos 50 intervenções e uma das apostas é a construção de uma via paralela ao longo de todo o Anel.

“Sendo realista, não vamos conseguir concluir um projeto desse porte em menos de cinco anos”, revela o diretor-geral do DER.

A intercessão com a Avenida Pedro II, na Praça São Vicente, está entre os oito trechos da via considerados mais críticos, segundo a Polícia Militar Rodoviária (PMRv). Neles, trevos, entroncamentos e grande fluxo de veículos, aliados à imprudência e a falta de atenção de motoristas e pedestres, levam a uma rotina de acidentes. O tenente Geraldo Donizete afirma que a fiscalização e a implantação de radares tem mudado o perfil de alguns trechos, como a descida entre os kms 18 e 26, onde morreram 11 pessoas em 2011 e nenhuma no ano passado.

 

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