Enquanto obras em trechos emergenciais do Anel Rodoviário não saem do papel, moradores de bairros como a Vila da Luz, Nazaré e Jardim Vitória, na Região Nordeste de BH, continuam sendo vítimas de acidentes. Ontem, por volta das 10h, uma Kombi com duas pessoas e placa de Sabará bateu numa carreta, capotou e atingiu três pessoas, um outro carro e um caminhão que estavam na porta de uma borracharia. Os dois ocupantes da Kombi ficaram feridos, além de uma mulher e do dono do estabelecimento, José Magno Barreto, de 44 anos. Mário Lúcio Ferraz, de 28, morador do bairro, foi atingido e morreu na hora. Por causa do acidente o sentido Rio de Janeiro ficou interrompido. O Departamento de Estradas de Rodagem (DER) faz hoje audiência pública sobre a revitalização, último requisito legal antes da publicação dos editais para licitação das obras.
No meio dos veículos, uma menina de 11 anos tentava saber o estado de saúde do pai, dono da borracharia. José Magno teve fraturas nas pernas e foi atingido quando reparava os pneus de um caminhão estacionado na entrada do seu comércio. “O Zé Magno é um homem que todos aqui do bairro admiram.
De acordo com Giovanni Carlos Alves Marques, de 32, filho do motorista da Kombi, José Eustáquio Ribeiro, de 67, o pai teria informado que conduzi seu veículo de caçamba adaptada para cargas pela pista da direita quando foi fechado pela carreta. “Soube que meu pai e o Júnior (Antônio Batista Oliveira Júnior, de 45 anos), que estava com ele no carro, tiveram ferimentos mais leves”, disse. Já o condutor da carreta, que transportava componentes para a fabricação de cimento de BH para a Bahia, Waldemar Alves, de 28 anos, diz que estava circulando pela pista central quando foi atingido. “Só percebi que a Kombi perdeu o controle, bateu na minha lateral e fez essa bagunça toda”, afirma.
RECUPERAÇÃO A licitação dos pontos emergenciais estava prevista para janeiro, mas o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), responsável pelo Anel, só delegou a função ao DER no fim do mês passado. O investimento é de R$ 400 milhões e as obras devem ser concluídas em dois anos. A primeira concorrência será lançada ainda este mês, de acordo com o diretor-geral, José Elcio Santos Monteze, e vai contemplar as interseções com as avenidas Amazonas, Ivaí e Pedro II.
A expectativa é de que as mudanças comecem a ser feitas ainda neste primeiro semestre. Entre as ações, estão a recuperação da estrutura existente e a construção de novas pontes, viadutos e trincheiras. A recuperação total do Anel depende ainda da alocação de recursos, segundo Monteze. O projeto total é estimado em quase R$ 2 bilhões. Serão pelo menos 50 intervenções e uma das apostas é a construção de uma via paralela ao longo de todo o Anel.
A intercessão com a Avenida Pedro II, na Praça São Vicente, está entre os oito trechos da via considerados mais críticos, segundo a Polícia Militar Rodoviária (PMRv). Neles, trevos, entroncamentos e grande fluxo de veículos, aliados à imprudência e a falta de atenção de motoristas e pedestres, levam a uma rotina de acidentes. O tenente Geraldo Donizete afirma que a fiscalização e a implantação de radares tem mudado o perfil de alguns trechos, como a descida entre os kms 18 e 26, onde morreram 11 pessoas em 2011 e nenhuma no ano passado.