O que deveria ser garantia de água para casos de emergência se transforma em fonte de desperdício. O vazamento de hidrantes encontrado pela reportagem do EM nas ruas de BH deixou preocupado o consultor de empresas e especialista em projetos e processos para evitar desperdício (água, materiais etc.) Luiz Gustavo Barbi.
O hidrante na Avenida Abraão Caram, perto do Mineirão, estava jorrando tanta água nessa sexta-feira, que alguém pôs uma lata virada, com uma pedra por baixo, para aparar e certamente aproveitar o líquido. “Ver esse tipo de cena é algo terrível, desleixo das autoridades. É preciso fazer a gestão correta, monitorar todos os equipamentos a fim de evitar perdas”, afirma Luiz, apreensivo com a possibilidade de racionamento de água e energia.
A Copasa informou que vai mandar equipes para verificar o vazamento nos hidrantes das avenida Bandeirantes e Abraão Caram.
A empresa informou também, por meio de nota, que os níveis dos reservatórios e dos mananciais para abastecimento público estão normais. “Mas, mesmo assim, é preciso usar a água de forma consciente para garantir que todos os imóveis sejam abastecidos”, informou a estatal.
BALDES No início do ano, a falta de chuva levou municípios do interior de Minas a adotarem medidas de racionamento de água. Em fevereiro, a falta do recurso natural se tornou tão comum entre os moradores de Pará de Minas, Centro-Oeste do estado, que foi preciso encher baldes, barris e outros recipientes para garantir o estoque e o consumo das famílias. Durou uma semana e está suspenso.
Algumas casas chegaram a ficar um fim de semana inteiro sem abastecimento (de sexta-feira às 16h de domingo) e moradores reclamaram da falta de banho, de água para plantas e outras atividades cotidianas, como limpar um simples ferimento das crianças. Numa corrente solidária, os vizinhos ajudaram quem estava mais necessitado.
Algumas manobras de abastecimento foram necessárias em Pará de Minas, segundo a Copasa. A empresa informou também que o município está em região de “pobreza hídrica, entre duas bacias hidrográficas, o que agrava os reflexos da estiagem”. Para tentar minimizar a falta de água, a empresa perfurou 17 poços artesianos nos últimos dois anos, mas apenas sete se mostraram viáveis.
Em Juiz de Fora, na Zona da Mata, a situação está normal, embora em fevereiro tenha sido feito rodízio, nas duas semanas mais quentes do mês, por conta do calor excessivo e muito consumo de água. Mas a população colaborou e tudo foi controlado.
Em Viçosa, na mesma região, o nível do reservatório da cidade está quase normalizado e o abastecimento está bom. Não houve racionamento, mas a cidade entrou em estado de alerta para conter excesso de consumo. Em Cambuquira, no Sul de Minas, a alternativa foi usar as águas do Rio São Bento. Atualmente, toda a cidade está sendo atendida, sem precisar de caminhões pipas e outras maneiras de racionar.