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Estado de Minas REBAIXADOS E MULTADOS

Cresce o número de multas a carros alterados irregularmente

Adaptações geraram 6,46% mais multas em 2013, segundo o Detran, e estão proibidas pelo menos até o fim do mês


postado em 18/03/2014 06:00 / atualizado em 18/03/2014 07:15

Lucas e Henrique são adeptos dos carros rebaixados e mostram como os veículos quase se arrastam(foto: FOTOS: ALEXANDRE GUZANSHE/EM/D.A PRESS)
Lucas e Henrique são adeptos dos carros rebaixados e mostram como os veículos quase se arrastam (foto: FOTOS: ALEXANDRE GUZANSHE/EM/D.A PRESS)

O número de multas por alterações irregulares em carros e outros veículos automotores em Minas cresceu 6,46% nos últimos dois anos, segundo o Departamento de Trânsito do estado (Detran-MG). Em 2013, foram aplicadas 7.166 autuações, 19,63 por dia. Em 2012 houve um total de 6.731, média diária de 18,44. O rebaixamento de suspensão está entre as infrações mais penalizadas, segundo o chefe da seção de vistoria do órgão em Belo Horizonte, Flávio Andrade. Uma das causas para o aumento é o fato de essa modificação ter sido proibida em agosto pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran).

Em Minas há 1.594 carros com rebaixamento regularizado, segundo o Detran-MG. A modificação está autorizada na resolução 292 do Contran, mas em agosto o órgão publicou a resolução 450 suspendendo os efeitos do primeiro documento e proibindo “qualquer alteração no sistema de suspensão original de veículos, nacionais ou importados” por 90 dias. O prazo, no entanto, foi ampliado para até o fim deste mês. Na resolução 450, o Contran prevê que publicaria uma proposta de revisão da norma. “Se o Contran não se posicionar novamente, entende-se que a alteração volta a ser permitida em 1º de abril”, afirma.

Andrade concorda que é preciso aperfeiçoar a legislação atual, já que não define bem quais alterações podem ser feitas. De acordo com as regras vigentes antes da proibição, o dono do carro deveria conseguir no Detran de seu estado autorização para fazer o rebaixamento. Depois a modificação seria avaliada por um dos institutos técnicos licenciados pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), responsáveis por expedir um Certificado de Segurança Veicular.

A inspeção deve ser feita com base em normas do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro). Em BH, há oito empresas credenciadas para fazer esse tipo de inspeção, segundo o Detran-MG. Os motoristas que usarem a suspensão erguida ou rebaixada irregularmente estão sujeitos a multa de R$ 127,69 e a ganhar cinco pontos na carteira de habilitação, já que se trata de infração grave. “O documento do carro fica retido até que as características originais do veículo sejam restauradas ou a modificação seja aprovada em inspeção”, explica Andrade.

No sábado, cerca de 200 donos de carros fizeram manifestação pedindo mudanças na legislação
No sábado, cerca de 200 donos de carros fizeram manifestação pedindo mudanças na legislação

SEGURANÇA

O chefe de vistoria do Detran-MG considera, porém, que mesmo quando autorizado, o rebaixamento torna o veículo menos seguro. “O organismo de inspeção determina um limite com base em normas do Inmetro, mas o carro sempre tem perdas em seu desempenho, no nível de segurança. O veículo rebaixado sofre mais, por exemplo, com bocas de lobo desniveladas, quebra-molas gigantescos e buracos, problemas comuns no Brasil”, alerta. “Muitas seguradoras não fazem o seguro de carro nessa condição por saberem que eles não têm a mesma estabilidade e correm mais risco de acidentes”, acrescenta.

A avaliação de Andrade é reforçada por Claysson Bruno Santos Vimieiro, professor dos departamentos de Engenharia Mecânica da PUC Minas e da UFMG. “Em linhas gerais, para rebaixar é preciso reduzir o comprimento das molas de suspensão, que são projetadas para o peso do carro, sua capacidade de carga e outros aspectos. Com o tamanho diminuído, essas peças trabalharão de forma diferente, o que afeta a segurança”, explica. As molas menores absorvem menos impacto. “O veículo vai chacoalhar mais que o normal. Em uma curva com terreno acidentado, as rodas vão vibrar mais e os pneus podem perder aderência com o asfalto. O carro pode acabar rodando”, ressalta.

Além dos riscos para a segurança, a instabilidade torna o veículo menos confortável, mas o rebaixamento também tem vantagens. Com maior proximidade entre o carro e o chão, a resistência imposta pelo ar ao automóvel se reduz. “O volume de ar que passa sob o automóvel diminui. A aerodinâmica melhora. Um rebaixamento bem estudado pode tornar o veículo mais econômico. Para ter uma ideia, um carro com bagageiro pode consumir até 10% mais combustível, por ter aumentado a área de contato com o vento”, diz Vimieiro.


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