A BHTrans já não assume mais quando ocorrerão mudanças na circulação de ônibus na Avenida Cristiano Machado para a ampliação do sistema rápido por ônibus, o BRT/Move, inicialmente previstas para sábado. No fim de fevereiro, o presidente da empresa que administra o trânsito da capital, Ramon Victor Cesar, anunciou a previsão de iniciar, no dia 22, a segunda etapa de funcionamento do corredor Cristiano Machado. Pelo planejamento, 17 linhas convencionais seriam transformadas em alimentadoras e radiais, passando a trafegar entre a Estação São Gabriel e bairros, sem passar pelo Centro. Com isso, alguns coletivos já deixariam de rodar nas pistas mistas, junto dos carros, na Cristiano Machado.
Na ocasião, a BHTrans informou que os detalhes da mudança dependeriam da conclusão das obras da Estação São Gabriel, prevista apenas para o fim de abril. Às vésperas da data indicada para implantar as alterações, a autarquia não fala mais em previsão e se limita a informar que a operação completa do sistema ocorrerá em maio.
“O início das operações nos novos trechos, bem como a oferta de novos serviços e integração de linhas ao sistema será feita em etapas, até o final de maio, com ampla divulgação junto aos usuários”, afirma, em nota. Em pouco mais de dois meses, a BHTrans terá o desafio de concluir todas as obras dos corredores Cristiano Machado e Antônio Carlos, além de saltar dos atuais 18 ônibus articulados em circulação em três linhas, para operar 428 ônibus do sistema Move antes da Copa do Mundo.
O coordenador dos cursos de transportes da Universidade Fumec, Márcio Aguiar, avalia que o andamento das obras da Estação São Gabriel tem relação direta com o cronograma das mudanças. “O terminal está ainda carente de estrutura para receber uma integração mais forte. Falta elevador, escada rolante, sinalização”, enumera. Além do ritmo da construção, o professor considera que traçar novas rotas e itinerários é tarefa complexa. “A mudança nas linhas exige um planejamento complexo e, se não for bem feito, pode prejudicar uma grande quantidade de pessoas”, ressalta.
A Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smobi) informa que a Estação São Gabriel será concluída no fim de abril, com o término da cobertura do telhado. Segundo a secretaria, as obras não atrapalham o funcionamento do terminal, com as plataformas de linhas troncais e alimentadoras em operação. O órgão municipal assume que no corredor Cristiano Machado do BRT/Move faltam concluir obras de acabamentos em passarelas novas e antigas. A mais atrasada é uma passarela sob responsabilidade do estado, que tem previsão para ser inaugurada em 30 de abril, segundo o órgão.
Sem terminar
Assim como a Estação São Gabriel, a secretaria reconhece que a Estação Pampulha, no corredor Antônio Carlos, também começará a funcionar sem a obra concluída. “Após o início das operações comerciais, continuarão sendo realizadas até o mês de maio pequenas obras civis de acabamento que não prejudicarão o funcionamento da estação”, informa, em nota. Desde o último sábado, o terminal, que conta com estrutura mínima para o BRT/Move – catracas, sinalização, acesso – tem recebido os novos ônibus, em caráter de teste.
Previsto para começar a operar mês que vem, o corredor Antônio Carlos enfrenta obstáculos na reta final, além da Estação Pampulha. Durante os testes do novo sistema de transporte na Avenida Antônio Carlos, degraus de até meio palmo de altura ficaram evidentes em três estações de transferência, situadas ao longo da avenida. Reparos no piso de concreto da avenida também precisaram ser feitos. Segundo a secretaria de Obras, as correções no pavimento não vão impactar no orçamento e cronograma das intervenções.
A pasta informou ainda que “a Avenida Pedro I (que faz parte do corredor Antônio Carlos) está sob intensa atividade, com a execução de duas trincheiras, alargamento de viaduto e outras intervenções de grande porte. As obras já estão num estágio avançado, seguindo o cronograma previsto”, afirmou em nota. (Colaborou Bruno Freitas)
Desnível nas estações
Durante os testes do novo sistema de transporte na Avenida Antônio Carlos, ficou evidente um desnível de meio palmo entre a altura das estações e do ônibus em pelo menos três estações de transferência, situadas ao longo da avenida. De acordo com a BHTrans, as estruturas estão em acordo com a Norma Brasileira (NBR) 14021, da ABNT. A NBR prevê que, no local de embarque e desembarque de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, o vão máximo deve ser de 10 cm e o desnível de 8 cm. A empresa também informou que os ônibus do BRT/Move contam com rampas que podem ser acionadas, caso seja necessário.