Jornal Estado de Minas

TJMG mantém condenação de trio que matou atriz no Bairro Santa Lúcia

Ano passado, os três foram condenados na primeira instância pelo latrocínio de Cecília Bizzotto Pinto, 32, mas as defesa recorreram. Os desembargadores alteram somente a pena de um deles

Luana Cruz, Paulo Filgueiras, Cristiane Silva, Daniel Camargos, Mateus Parreiras, Pedro Rocha Franco, Luciane Evans, Leandro Couri

Luís Henrique da Silva Paulino, Gleisson Martins Horácio e Cléber Eduardo da Silva na época das prisões - Foto: Jair Amaral/EM/D.A Press

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) manteve a condenação por latrocínio dos três homens que assassinaram a atriz Cecília Bizzotto Pinto, 32, morta durante tentativa de assalto na casa dela no Bairro Santa Lúcia, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, crime ocorrido em 7 de outubro de 2012.

Ano passado, Gleisson Martins Horácio foi condenado a 33 anos e sete meses de reclusão. Luís Henrique da Silva Paulino foi sentenciado a 24 anos de reclusão e Cléber Eduardo da Silva condenado a 28 anos e 9 meses de prisão. As defesas recorreram pedindo absolvição, mas os desembargadores confirmaram a decisão de primeira instância.

A defesa de Cléber Eduardo alegou falta de prova em relação à participação dele nos crimes. Em relação a Luís Henrique, os advogados pediram desclassificação do crime de latrocínio para o de roubo qualificado. No caso de Gleisson Martins. foi solicitada a redução das penas-base aplicadas e a atenuante da confissão espontânea.
Somente Cléber conseguiu provimento do recurso e teve a pena reduzida para 26 anos e 4 meses. A situação dos outros réus permanecerá a mesma.

No dia do crime, Cecília o irmão e a então cunhada foram surpreendidos quando chegavam em casa, por volta da meia-noite. Os três foram friamente ameaçados. Enquanto Cléber ficou do lado de fora da casa, dando cobertura, Luiz e Gleisson vasculharam o imóvel em busca de dinheiro e objetos de valor para roubar.

Gleisson percebeu que havia um cômodo anexo à casa. Era o loft onde Cecília vivia. Ele obrigou a atriz a levá-lo até o cômodo. Enquanto revirava o local, a atriz tentou acionar a polícia pelo telefone e o criminoso atirou contra ela. O trio fugiu sem levar nada. Duas semanas depois do crime, a polícia conseguiu localizar e prender Luiz Henrique atualmente preso na Penitenciária Jason Soares Albergaria em São Joaquim de Bicas, e Gleisson, detido na Nelson Hungria em Contagem. Dias depois a polícia encontrou Cléber, que está no Presídio de Bicas II.

Decisão do TJMG

A apelação criminal foi julgada pela 3ª Câmara Criminal do TJMG. A desembargadora relatora, Maria Luíza de Marilac, observou que a materialidade e a autoria dos crimes, pelos três réus, estavam suficientemente comprovadas por depoimento das testemunhas, boletim de ocorrência, auto de apreensão, laudos de necropsia e CD contendo gravação do Disque 190 com a ligação da atriz.


Cecília Bizzotto Pinto, 32, morta durante tentativa de assalto na casa dela no Bairro Santa Lúcia - Foto: Arquivo PessoalA desembargadora relatora declarou: “Destarte, pouco importa que a vítima tenha sido atingida por disparos de arma de fogo desferidos exclusivamente por G. Havia entre todos os acusados o vínculo psicológico para a prática do roubo. O desdobramento causal mais grave era previsível e o risco foi por eles assumido, pois quem pratica um roubo com emprego de armas de fogo em perfeito estado de funcionamento sabe seguramente que, como consequência da violência e grave ameaça empregada, pode produzir o resultado mais grave. O dolo de causar violência com o resultado morte está na linha de previsibilidade na conduta de quem resolve cometer roubo com emprego de arma de fogo”.

Assim a magistrada votou pela manutenção das sentenças, mudando somente a pena de Cléber. Os desembargadores Antônio Carlos Cruvinel e Paulo Cézar Dias votaram de acordo com a relatora.

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