O promotor de Justiça de Defesa do Patrimônio Público do Ministério Público estadual, Leonardo Barbabela, afirma que, caso a empresa municipal não preencha todas as 6,5 mil vagas de táxi na cidade com pessoas físicas, conforme previsto em edital de 2012, pretende propor uma ação por improbidade administrativa. “Isso (a destinação das placas a empresas) viola o princípio da legalidade, da moralidade e da imparcialidade”, ressaltou o promotor. Ele disse que só depois de preencher todas as vagas a BHTrans poderia abrir nova licitação, destinada a firmas.
Atualmente rodam pela cidade 6.143 táxis de pessoas físicas e 433 de empresas, sendo que 60 destas são táxis acessíveis, para portadores de necessidades especiais e idosos.
Em relação à anulação da licitação que distribuiria as 432 permissões a empresas, a BHTrans justificou apenas que foi motivada por irregularidades “praticadas por alguns licitantes, em prejuízo do caráter competitivo” do processo, seguindo a “recomendação do Ministério Público do Estado de Minas Gerais e da Controladoria-Geral do Município”. A licitação já havia sido suspensa em abril do ano passado, em cumprimento a liminar do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Enquanto o processo não chega ao fim, de acordo com a empresa municipal, os táxis que circulam de forma precária vão continuar nas ruas “para evitar descontinuidade do serviço público, conforme determinação da Justiça, até que seja realizada nova licitação”.
Já Marcos do Amaral Norberto, de 58 anos, torce para que o Ministério Público ganhe a batalha. Ele está na lista de espera da licitação realizada em 2012 para pessoas físicas. O taxista recorreu à Justiça para conseguir uma vaga entre as 432 placas hoje destinadas a empresas, mas ainda não houve decisão. “A BHTrans não poderia abrir licitação para empresas se a gente, que participou de outra licitação, ainda está esperando pela placa”, argumentou. “Se eu não ganhar agora, só na próxima encarnação”, brincou. Assim como Euro, ele paga diária para trabalhar com o táxi de outra pessoa. O Estado de Minas tentou contato com a direção do sindicato dos taxistas para que se pronunciasse sobre o assunto, mas até o fechamento desta edição não obteve retorno.
De acordo com a BHTrans, a licitação direcionada às empresas foi iniciada após decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, que determinou concorrência pública para permissões já integrantes do sistema de táxi em período anterior à Constituição Federal de 1988 – caso das 432 placas hoje em poder de empresas. A novela começou em 2001, quando o Ministério Público ajuizou ação contra a BHTrans, exigindo que permissões não submetidas previamente a concorrência pública fossem licitadas.
Enquanto isso...
...DER aperta cerco a clandestinos
O Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER/MG) divulgou balanço da operação de combate às cooperativas ilegais de táxi que operam no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, Grande BH. Após cinco dias, 151 veículos foram fiscalizados, 50 receberam multas e 14 ficaram apreendidos.