Conforme o delegado, são bandidos que geralmente escolhem comércios de bairro menores para agir. Eles levam cerca de R$ 200 ou R$ 300 dos caixas e fogem sem atirar. No caso do crime no supermercado, do Bairro Padre Eustáquio, em que Gabriela trabalhava, foi diferente. As imagens do circuito de segurança mostram os homens chegando de capacete e recolhendo o dinheiro. Um deles, de camisa clara, dispara antes de sair do comércio.
O delegado Weslley Amaral não considera tiro acidental e classifica de outra forma. “Houve uma ausência de prática de manejo da arma, foi mais uma negligência. O rapaz já entra com o cão – parte superior do revólver – puxado e dedo no gatilho. Quando ele vai pegar dinheiro em cima da mesa, tem que torcer o punho e fazer um movimento circular. Quando torce o punho, o dedo mexe e, automaticamente, efetua o disparo”. A polícia ainda não sabe o valor levado pelos ladrões.
De acordo com o delegado, esse caráter de negligência no tiro pode dar um benefício ao autor no indiciamento e acusação, caso ele seja preso. “Pelo que a lei propõe não posso encaixar como latrocínio, que acontece quando há intenção de matar. Seria um roubo, majorado pelo emprego da arma e um homicídio culposo. Para o autor, vai ser uma situação mais tênue”, explica Weslley Amaral.
Comoção e mobilização
A explicação do delegado pode encher ainda mais de tristeza o coração de familiares, amigos de Gabriela e moradores da cidade que estão mobilizados depois do assalto. “Eu nunca vi, em um ano que estou em Itaúna, as pessoas tão revoltadas com um crime. Até investigadores de trânsito e da área administrativa estão todos nas ruas buscando descobrir quem são os autores”, explica o delegado sobre a operação policial que foi montada ainda na noite de sexta-feira.
Segundo Weslley Amaral, até os bandidos da cidade quando souberam do caso, ficaram revoltados porque o assassinato atrai a atenção policial para a criminalidade, levando em conta que o efetivo está empenhado na investigação.
No domingo ocorrerá uma manifestação na cidade contra a violência. A estudante de direito Micaele Abreu está organizando o protesto. "Não conhecia a Gabriela, mas ao saber da notícia fiquei muito abalada. Em novembro fui vítima de uma assalto na MG-050, vindo de Divinópolis. Estamos convocando os moradores de Itaúna para um ato pacífico, um pedido pela paz e o fim da impunidade", disse a universitária.
Gabriela trabalhava no comércio há cerca de três meses. De acordo com uma funcionária do supermercado, que não se identificou, os roubos têm sido comuns na rede varejista que tem três unidades no município. “Eu mesma já fui assaltada três vezes”, disse a mulher.
(Com informações de Iracema Amaral e Landercy Hemerson)
Veja as imagens do assalto:
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