Jornal Estado de Minas

Agentes são dopados e bandidos roubam 45 armas de sistema prisional na Grande BH

Criminosos entraram na Central Integrada de Escoltas que fica perto do Presídio Antônio Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves. O espaço concentra uma equipe especial de agentes penitenciários responsáveis por escoltar presos

Luana Cruz, Paulo Filgueiras, Cristiane Silva, Daniel Camargos, Mateus Parreiras, Pedro Rocha Franco, Luciane Evans, Leandro Couri Guilherme Paranaiba
Armas foram roubadas de dentro de Central de Escoltas de Ribeirão das Neves - Foto: Leandro Couri/EM/D.A Press

Bandidos invadiram um prédio do sistema prisional de Minas Gerais na madrugada desta segunda-feira e roubaram 45 armas. De acordo com a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), os criminosos entraram na Central Integrada de Escoltas, que fica perto do Presídio Antônio Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Os nove agentes penitenciários que estavam no plantão foram dopados. As forças de segurança de Minas montaram uma megaoperação para prender o grupo e apurar as circunstâncias do crime.

Agentes que chegaram para trabalhar pela manhã encontraram colegas dormindo e outros passando mal. Quando fizeram uma verificação na sala de armas, detectaram que haviam sido roubadas 39 pistolas PT.40 e seis submetralhadoras. A Polícia Militar foi acionada para registrar a ocorrência e a perícia da Polícia Civil foi até o local para inspecionar os alimentos ingeridos pelos funcionários. De acordo com Seds, os agentes penitenciários vão fazer exame de sangue, para analisar se houve ingestão de substância tóxica .No plantão estavam duas guarnições com quatro agentes penitenciários, além de um intendente responsável pela sala de armas.


A Central Integrada de Escoltas é um espaço que concentra uma equipe especial de agentes penitenciários responsáveis por escoltar presos. No local, os servidores se preparam para o deslocamento de detentos, quando há uma agenda programada para transferências ou transporte. Por isso, é um galpão que concentra grande quantidade de armamento. Em Minas, existem apenas duas dessas unidades, uma em Neves e outra em Juiz de Fora, na Zona da Mata.

Segundo a Seds, o modelo de central integrada foi implantado recentemente. Em Neves, a inauguração ocorreu em meados de 2013 com objetivo de otimizar os trabalhos do sistema prisional agilizando a transferência e o encaminhamento de presos para delegacias, hospitais e fóruns.

Megaoperação


Um grande cerco policial foi montado no entorno da Central Integrada de Escoltas, impedindo o acesso ao galpão invadido na madrugada. Viaturas das polícias Civil e Militar entram e saem da área fechada o tempo todo. Por volta de 9h30, uma van com mais de 20 militares entrou no terreno. Estão no local investigadores da Divisão Especializada de Operações Especiais (Deoesp), policiais do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), representantes da Corregedoria da Seds, militares do 40º Batalhão, entre outros setores.

Alimentação

O representante da Associação União dos Agentes Penais, Henrique Corleone, está acompanhando a situação dos agentes. Segundo ele, os funcionários podem ter sido intoxicados por comida “batizada”. Corleone relatou que os alimentos chegam em marmitas distribuídas pela empresa Stillus, que pertence à família Perrella, e ganhou licitação para o serviço. “A gente entende que a possa ser a empresa que enviou a comida adulterada para os agentes e causou intoxicação”, afirma Corleone.


A versão da associação foi descartada pela PM. O comandante da 2º Região da Polícia Militar coronel José Amilton Campos disse que um suco e uma salada de frutas, levados por um dos agentes do plantão e consumidos por todos eles, pode ser a causa do problema. Segundo Campos, essa foi a única alimentação diferente consumida pelos funcionários da Central Integrada. A marmita que eles comeram tinha a mesma alimentação distribuída para outras áreas do presídio, onde não houve registro de pessoas passando mal.

O Gate já havia informado, mais cedo, que a comida entregue aos agentes veio da cozinha da Dutra Ladeira. De acordo com a área comercial da Stillus, funcionários terceirizados ficam dento da cozinha da unidade prisional e produzem a alimentação. A empresa ainda vai se posicionar oficialmente sobre o caso à tarde.

De acordo com Corleone, os profissionais foram encontrados pelos colegas vomitando e alguns desacordados. A associação está dando apoio para familiares dos servidores e deslocou o conselheiro regional de Juiz de Fora até Neves, para ajudar no suporte..