Nove agentes dopados e neutralizados enquanto 39 pistolas automáticas .40 e seis submetralhadoras do mesmo calibre eram furtadas de uma espécie de cofre forte protegido por portas e janelas de aço, de onde foram levados ainda cerca de 1,2 mil cartuchos de munição do mesmo armamento, de fuzil 556 e de espingarda calibre 12.
A ousadia dos ladrões evidencia também falhas na segurança do imóvel, que abriga as armas usadas para fazer a segurança de presos e também da própria população. O subsecretário de Administração Prisional, Murilo Andrade, admite que o local não é 100% seguro e diz estar procurando nova sede para o serviço, mas acredita que os nove agentes que trabalhavam no momento do roubo eram contingente suficiente para inibir um confronto com criminosos. O governador Antonio Anastasia determinou que as forças de segurança pública tratem como prioridade máxima a prisão dos responsáveis e a recuperação das armas.
O furto do armamento foi descoberto por volta das 7h de ontem, quando os agentes penitenciários que assumiriam serviço encontraram os colegas sonolentos, alguns ainda dormindo. Imediatamente, policiais militares e civis, agentes do sistema prisional e funcionários da Seds, totalizando mais de 100 pessoas, partiram para o local, bem próximo ao presídio Antônio Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves. Segundo o coronel José Amilton Campos, comandante da 2ª Região de Polícia Militar, foi feita uma varredura na região, com militares do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) e do 40º Batalhão, além de cães farejadores, mas nada foi encontrado. “Foi relatado que um dos agentes levou um suco e uma salada de frutas, consumidos por volta das 21h. Eles passaram mal e, quando a turma da manhã chegou, foi descoberto o furto das armas. Contamos com a investigação para saber detalhes, mas com certeza houve um planejamento”, diz ele.
Agentes da Divisão Especializada de Operações Especiais da Polícia Civil (Deoesp) foram designados para investigar o caso, sob comando dos delegados Hugo Malhano e Wanderson Gomes, chefe da Deoesp. Fontes ligadas ao inquérito informaram que um dos agentes penitenciários que estavam no local levou frutas de casa para preparar a salada que foi servida a todos, assim como um suco, o que o coloca no rol de suspeitos. Os servidores que estavam de plantão também receberam uma refeição, a mesma que é servida aos funcionários da Dutra Ladeira diariamente. A casa de onde as armas foram roubadas é um imóvel simples, que pode ser visto da LMG-806, estrada que liga o distrito de Justinópolis ao Centro de Ribeirão das Neves e também onde fica a entrada da Dutra Ladeira.
“Dentro da casa há uma sala destinada às armas, fechada com portas e janelas de aço. As pistolas automáticas ficam nessa sala, em uma espécie de guarda-roupas. Já as armas de grosso calibre ficam dentro de um cofre, no mesmo cômodo, que também é de aço”, diz um investigador. Todas as pistolas foram levadas, mas restaram fuzis, nove submetralhadoras e sete espingardas calibre 12.
O roteiro do crime
» O plantão no Centro Integrado de Escoltas do Sistema Prisional da Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi) começou às 19h de domingo e terminaria às 7h de ontem. Entre os presentes à unidade estavam sete agentes responsáveis por escoltas, um armeiro e o coordenador do grupo.
» Às 21h foi servido um suco e uma salada de frutas a todos. Um dos agentes da escolta levou frutas de casa e preparou tudo no local, segundo fontes da investigação. Os funcionários da unidade da Suapi receberam as mesmas marmitas que são entregues aos servidores da Penitenciária Antônio Dutra Ladeira. No presídio não foram registrados problemas.
» Na chegada da equipe que começaria a trabalhar às 7h, alguns agentes do turno anterior foram encontrados dormindo e outros ainda sonolentos, o que levou à suspeita de contaminação dos alimentos com alguma substância química. Nesse momento foi constatado o sumiço das armas. Todos os servidores estão sendo investigados. .