A agressão a uma estudante de 14 anos mobilizou alunos e professores da Escola Estadual Sandoval Soares Azevedo, em Ibirité, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, na terça-feira. Três alunas espancaram a colega dentro da sala de aula em uma ação planejada e gratuita. Um vídeo gravado por outros alunos mostra puxões de cabelo, socos e chutes. À coordenação da escola e à polícia, as agressoras dizeram que a vítima era “tiradinha” e a briga aconteceu por causa de fofoca. A confusão repercutiu nas redes sociais de alunos, foi parar na delegacia e resultou no afastamento das envolvidas.
A confusão aconteceu logo após o intervalo das aulas, por volta de 10h40. Três estudantes, de 14, 16 e 17 anos cercaram a vítima G.O.S., assim que ela entrou na sala. Enquanto professores e diretores estavam ocupados - alguns em reunião para eleição do colegiado e outra parte na missa de comemoração do 122 anos da Fundação Helena Antipoff (responsável pela escola) -, a briga parou as atividades escolares. A menor agredida cursa o 9º ano do ensino fundamental, assim como uma das agressoras. As outras duas envolvidas estão no 1º ano do ensino médio.
Minutos depois do início da briga, uma professora chegou para intervir. As envolvidas foram levadas para a coordenação e os pais chamados na escola. Todos os responsáveis mostraram grande decepção e a mãe da adolescente agredida, muito magoada, preferiu registrar um boletim de ocorrência. A PM esteve na escola e levou as agressoras e a vítima para a 2ª Delegacia de Ibirité, acompanhadas dos pais. Um representante do Conselho Tutelar também esteve presente. G.O estava machucada no rosto e com buracos na cabeça provocados pelos puxões de cabelo, no entanto não precisou de atendimento médico.
Para a coordenadora, o mais assustador foi constatar que a agressão foi planejada. De acordo com Sousa, as meninas marcaram o horário da briga para que houvesse platéia e pessoas posicionadas com celulares para filmar.
A rotina da escola continuou na terça-feira. Segundo a coordenadora, os professores tentaram lidar com situação abordando assuntos de violência e repugnando a atitude das estudantes. G.O voltou para a escola nesta quarta-feira, acompanhada da mãe e recebeu grande apoio dos colegas ao entrar na sala. Conforme o boletim de ocorrência da PM, todas as testemunhas que viram a confusão concordaram com a versão da vítima. G.O relatou aos militares muita surpresa pela agressão gratuita e falou que a situação de fofoca já havia sido resolvida anteriormente.
Decepção
A escola ainda está apurando as circunstâncias da briga e vai se posicionar oficialmente na segunda-feira, dia de posse dos novos membros do colegiado. Enquanto isso, as três agressoras ficaram afastadas das atividades escolares e estão em casa fazendo atividades socioeducativas. Elas vão retornar somente na segunda-feira e, segundo a coordenadora, a ação tem objetivo de preservar as alunas, que despertaram a revolta em outros estudantes pela agressividade de ontem.
A decepção pela atitude da desproporcional das adolescentes no ambiente escolar foi geral. “A gente fica decepcionado, porque não prepara os alunos para isso. São meninas boas que de repente fazem isso. Os professores cobraram de nós uma posição, porque não podemos ficar com alunos que não zelam pela escola. Me entristece muito, porque a gente pensa no futuro delas fora daqui. Um das meninas foi agressiva com a mãe ontem na hora que a polícia chegou”, afirma Sousa.
De acordo com coordenadora, as agressoras saíram rindo da situação, totalmente despreocupada e ainda humilharam a vítima pelo Facebook, o que gerou repercussão negativa na rede entre outros estudantes. A mãe de G.O já procurou um advogado para auxiliar no caso. A coordenadora pediu apoio do setor de psicologia da Fundação para mediar uma reunião na próxima segunda-feira com as envolvidas. Amanhã, uma inspetoria da Secretaria de Estado Educação vai até a escola para procedimentos de rotina e a coordenadora pretender repassar o caso.
Pais
Esse foi o primeiro caso de violência grave registrado na escola. Mesmo assim, os pais estão preocupados com a mudança de perfil na instituição de ensino, que sempre foi uma referência de educação. Um representante da comissão de pais e mestres, que preferiu não se identificar, disse que o desempenho dos alunos na Sandoval de Azevedo está caindo muito nos últimos anos. “Antes tinha uma punição, os alunos eram cobrados”, relata. Ele afirma que a filha, estudante do 9º ano, está assustada com o clima da escola e já teve um celular roubado dentro de sala de aula.