A coragem de uma adolescente de 13 anos levou a prisão do pai dela por estupro. A menina era abusada pelo homem há aproximadamente três anos. Luiz Ventura Souza foi preso na manhã de domingo no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, quando embarcava para Recife. Ele foi apresentado na tarde desta terça-feira na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Ibirité e negou o crime.
As investigações do caso começaram no início de março quando a tia da adolescente procurou a delegacia, após entrar em contato com o Conselho Tutelar da cidade. Ela foi alertada sobre os fatos pelo pastor da igreja em que ela frequentava. “A filha dele era amiga da adolescente. A menina contou para a colega que estava com medo de estar grávida, já que o pai não usava camisinha nas relações sexuais”, explicou a delegada Geani Kelly Silva Caldeira, responsável pela apuração.
Ao ser ouvida, a adolescente contou que era abusada desde que tinha 10 anos. O pai dela trabalhava viajando e quando voltava para Ibirité cometia os crimes. “Eram relações forçadas. Ela a ameaçava e a coagia. O último abuso aconteceu em janeiro quando a família viajou para a praia. Aproveitando que estava sozinho com a garota, ele cometeu o abuso na praia. Algumas pessoas chegaram a ver e a menina tentou fugir. Novamente foi ameaçada”, afirma a delegada.
Como as relações eram feitas sem o uso de preservativo a menina temia ficar grávida. De acordo com a polícia, ela chegou a dizer que o pai a fez tomar um remédio que ela suspeita ser um abortivo.
Logo depois que a adolescente procurou a delegacia, a polícia intimou o homem para prestar depoimento. Porém, ele estava viajando. Quando voltou foi ouvido e negou o crime.
Quando foi preso, Luiz voltou a prestar depoimento, mas seu comportamento foi diferente do que a primeira vez. “Na primeira oitiva estava tranquilo acompanhado de dois advogados. Depois que foi preso até chorou”, diz a delegada.
O inquérito sobre o caso foi encaminhado para o Justiça. O homem foi indiciado por estupro. “Fizemos a questão de apresentar o homem à imprensa porque a nossa intenção é que as pessoas que tenham passado pela mesma situação denunciem e não fiquem intimidadas ou envergonhas. Conseguimos concluir o caso com rapidez, mas para isso dependemos da coragem das vítimas”, explico a delegada.