O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH) ameaça cortar viagens do sistema de transporte coletivo da capital, inviabilizar a implantação da segunda fase do BRT e não honrar o reajuste salarial dos rodoviários, caso o aumento de passagens dos ônibus continue suspenso. O sistema pode ter 10% de suas viagens reduzidas a partir da próxima semana, segundo informou nessa quarta-feira o presidente da entidade patronal, Joel Jorge Paschoalin.
“Nossa área técnica está fazendo os levantamentos, dentro da margem do contrato, para minimizar os impactos da falta de caixa. Com isso, cerca de 2 mil viagens que são realizadas nos horários entre picos, podem ser suspensas, de forma a conseguir uma redução do quadro de pessoal e das despesas. Já o Move, mesmo com os veículos que já estão nas garagens, não faz sentido colocá-los em circulação, já que representa um custo maior de operação. Chegamos ao limite e não temos como operar sem recursos”, disse o dirigente.
Joel Paschoalin argumenta que a suspensão do reajuste das tarifas trouxe reflexos no mercado financeiro, o que afetou o setor empresarial. “Desde a assinatura dos contratos, em 2008, os aumentos das passagens têm sido abaixo da inflação. Esperávamos o reajuste em dezembro, mas tivemos que aguardar a auditoria, que demonstrou o nosso prejuízo operacional. O reajuste, agora suspenso, trouxe reflexo no mercado financeiro e o setor ficou sem crédito para continuar a vida até um futuro próximo, para reverter a situação.”
O presidente do Setra-BH fala em uma redução de 1,5 mil do quadro de funcionários caso haja suspensão das viagens. Segundo ele, o sindicato vai encaminhar ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT) pedido de adiamento da convenção trabalhista assinada no mês passado. “Acordamos um ganho real dos trabalhadores acima do INPC, com reajuste superior a 12% e redução de jornada. Mas vamos pedir o adiamento do acordo trabalhista, pois não temos como honrar esse compromisso”, afirmou Joel Paschoalin.