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Estado de Minas

Começa nesta sexta-feira a programação da Semana Santa em Minas Gerais

Grupo de Congonhas encenou Paixão de Cristo na Praça da Liberdade. No domingo haverá peregrinação ao Santuário Nossa Senhora da Piedade, em Caeté


postado em 11/04/2014 06:00 / atualizado em 11/04/2014 10:11

Grupo encena, na Praça da Liberdade, os últimos momentos de Cristo(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Grupo encena, na Praça da Liberdade, os últimos momentos de Cristo (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

Altares cobertos de roxo, cerimônias com cânticos em latim, para lembrar as sete dores de Nossa Senhora, as confissões dos católicos e a caminhada a lugares sagrados. Minas está preparada, com fé e tradição, para as missas, procissões e outros ritos da semana santa, que começará domingo com a bênção dos ramos e cortejo que recria a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Hoje, às 9h, no Santuário Nossa Senhora da Piedade, em Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o arcebispo dom Walmor Oliveira de Azevedo vai presidir a peregrinação dos bispos auxiliares e de centenas de padres e diáconos ao alto da Serra da Piedade, dentro da celebração penitencial, considerado um momento de grande significado e de preparação espiritual para os religiosos. Nessa quinta-feira, na Praça da Liberdade, Região Centro-Sul de BH, uma encenação da Paixão de Cristo por um grupo de teatro de Congonhas emocionou moradores e visitantes.

A apresentação acontece há 50 anos na cidade histórica, durante a semana santa, mas este ano, em que é lembrado o bicentenário de morte de Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814), os belo-horizontinos se surpreenderam com a cena “Pietá” reproduzindo o sofrimento de Jesus no colo de Maria, nas escadarias do Museu das Minas e do Metal.

Os últimos momentos de Cristo estão representadas em obras de Aleijadinho nas capelas de Congonhas. Antes da encenação, a música colonial mineira barroca, gravada pelo Coral Cidade dos Profetas, também de Congonhas, chamou a atenção de quem fazia caminhada, brincava com crianças ou passava pela praça a caminho do trabalho.

 

Atriz que representou Verônica canta e segura o manto que enxugou o rosto de Jesus(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Atriz que representou Verônica canta e segura o manto que enxugou o rosto de Jesus (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

A atriz e cantora Carmem Célia Gomes, que representava Verônica, entoou o lamento da sacada do segundo andar do prédio, segurando o tecido que enxugou a face de Cristo. No grupo há dez anos, ela agora assume o papel que já foi da mãe, tia, madrinha, tia-avó e de uma prima, ao longo de cinco décadas. A atriz que representava Maria, acompanhada das personagens Maria Madalena, Verônica, João Batista e de um anjo deixaram o prédio e circularam pela Praça da Liberdade. Maria, desesperada, abordava as pessoas à procura do filho.

Em outra cena, surge o ator Rafael Junqueira, de 30 anos, na pele de Jesus. Ele carregava a cruz nas costas e levava chibatadas de um guarda romano, enquanto outro guarda seguia à frente, tocando corneta e abrindo passagem. A fidelidade do ator ao representar as dores de Jesus impressionou as crianças que estavam no local. “Estão matando Jesus. É muito triste”, lamentou Fernando Lembi,  de 6.  A mãe dele, a arquiteta Fabiana Couto, de 38, também se emocionou. A professora Rita de Cássia Fava, de 60, registrou tudo com o seu celular. “É um resgate da tradição religiosa de Minas”, comentou. A peça contou com 13 atores. A encenação completa, com 80 atores e 200 figurantes, poderá ser vista na sexta-feira da Paixão, às 19h, no Santuário Bom Jesus do Matosinhos, em Congonhas.

SERRA DA PIEDADE
Em Caeté, as celebrações de 2014 ganham significado especial, pois o município comemora 300 anos de elevação à condição de Vila Nova da Rainha, uma das sete vilas do ouro das Gerais. Ponto de partida do Caminho Religioso da Estrada Real (Crer), a Serra da Piedade recebe milhares de devotos durante todo o ano e terá, no domingo de ramos, missa e bênção na Igreja Nova das Romarias (veja programação abaixo) – a ermida do século 18 está sendo restaurada. Já no distrito de Morro Vermelho, moradores mantêm tradições populares, como a Encomendação das almas, nas madrugadas da quaresma, e a Charola do esmoler, celebração centenária: uma pequena imagem do Senhor dos Passos Pequeno percorre o meio rural num convite ao povo para a semana santa.

 

Na praça, e sob olhares atentos de crianças, Cristo consola as mulheres de Jerusalém(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Na praça, e sob olhares atentos de crianças, Cristo consola as mulheres de Jerusalém (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

Ao longo dos séculos, as cidades incorporaram costumes à programação dos dias da Paixão de Cristo, embora a Igreja determine como litúrgicos “o domingo de ramos, a quinta-feira do lava-pés, a sexta-feira, o sábado da vigília pascal e o domingo da ressurreição”, explica o vice-chanceler da arquidiocese e titular da paróquia de Nossa Senhora das Graças, padre Nivaldo Magela. Ele lembra que a cada ano cresce a participação dos fiéis nas missas e procissões, embora haja um interesse maior pelo que é litúrgico. A tradição popular, acrescenta o padre, “preencheu” a segunda e a terça-feira com as procissões do depósito de Nosso Senhor dos Passos e Nossa Senhora das Dores, reservando a quarta-feira para o encontro de Maria com Jesus.

No domingo de ramos, em BH, vai ocorrer a 5ª Jornada Arquidiocesana da Juventude, com o tema "Felizes os pobres de coração, porque o reinado de Deus lhes pertence" (Mt 5, 3). Conforme os organizadores, trata-se de “um momento de espiritualidade, confraternização e partilha para uma nova vivência dos jovens”. Rumo ao Santuário Arquidiocesano de Adoração Perpétua – Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem, no Bairro Funcionários, na Região Centro-Sul da capital, as peregrinações vão sair de cada uma das regiões episcopais, com a concentração às 13h.

 

Nas escadarias do Museu das Minas e do Metal, Maria acolhe o filho nos braços(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Nas escadarias do Museu das Minas e do Metal, Maria acolhe o filho nos braços (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

Cerimônias na Praça Tiradentes


Em Ouro Preto, as cerimônias serão realizadas na Paróquia de Nossa Senhora do Pilar, com a maior parte das cerimônias na Basílica do Pilar. A montagem da estrutura, na Praça Tiradentes, no Centro Histórico, para a solenidade de 21 de Abril, não vai afetar a programação da Semana Santa nem causará problemas, informa Carlos José Aparecido de Oliveira, diretor do Museu de Arte Sacra, vinculado à paróquia do Pilar. “Tivemos uma reunião com a equipe do cerimonial do governo de Minas e ficou acertado que poderemos, inclusive, usar o palanque que receberá as autoridades”, afirmou ontem o diretor do museu.

Em Santa Luzia, na Grande BH, as figuras que compõem as procissões da Semana Santa vão sair com roupas novas, adianta o padre Danil Marcelo dos Santos, que estará à frente, amanhã, do último dia do Setenário de Nossa Senhora das Dores, na Igreja Matriz. O mesmo rito ocorrerá na Paróquia de Nossa Senhora do Rosário, na vizinha Sabará, com a presença da orquestra e do coral Santa Cecília, diz o titular da paróquia, padre Rogério Messias. Ele conta que a peregrinação ao Morro da Cruz, na madrugada da sexta-feira da Paixão, terá uma diferença desta vez: como a Capela de Nossa Senhora das Dores está interditada, a imagem será levada para uma tenda especialmente montada para a ocasião.

(foto: Soraia Piva)
(foto: Soraia Piva)


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