Jornal Estado de Minas

DER promete fiscalização intensa para impedir transporte clandestino em Confis na Copa

Departamento vai monitorar 400 motoristas que fazem o transporte irregular. Número de fiscais vai dobrar nos 30 dias do Mundial

Guilherme Paranaiba
Táxis de Confins fazem o transporte aeroporto-BH, mas voltam vazios, o que abre brecha para clandestinos - Foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press
Pelo menos 400 “piolhos”, como são conhecidos os transportadores clandestinos de passageiros que atuam no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na Grande BH, serão alvo de fiscalização intensa durante a Copa do Mundo. O Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER/MG) vai dobrar o número de fiscais nos 30 dias do Mundial para coibir a prática, mas o órgão acredita que uma oferta do transporte público capaz de absorver a demanda gerada pelo grande evento é a melhor estratégia para que as pessoas evitem essa opção, normalmente mais barata. Mas não há previsão de aumento da frota de táxis, o que seria um opção a mais para o passageiro evitar os ilegais.

Nos planos do DER/MG estão ainda a rodoviária de Belo Horizonte e as duas linhas de ônibus que ligam o aeroporto à capital, para garantir tranquilidade no deslocamento de turistas. A Secretaria de Transportes de Obras Públicas (Setop) promete mais ônibus durante os picos de demanda e uma nova linha entre o terminal aéreo e o Mineirão em dias de jogos da Copa na cidade.

Para apreender veículos particulares que fazem transporte clandestino no aeroporto de Confins, o DER/MG aposta em duas estratégias. Uma é a chegada de 50 fiscais do interior do estado, que vão se juntar aos 50 que trabalham na Grande BH. O órgão acredita ainda que a presença de outras autoridades em maior número no terminal durante a Copa, como Polícia Militar, Polícia Federal, Polícia Civil e Infraero, pode inibir a ação dos “piolhos”. “Não acredito que haverá aumento do número de veículos de transporte ilegal, até porque os clandestinos têm certo monopólio entre eles e não permitem a entrada de concorrentes que não conhecem. Poderá haver maior frequência nas viagens feitas pelos mesmos, o que aumenta o risco de acidentes por causa da longa jornada e dos abusos para cumprir trajetos”, diz o diretor de Fiscalização do DER/MG, João Afonso Baeta.

Outra grande preocupação do departamento são motoristas clandestinos com antecedentes criminais.
“Há casos de estupros, tráfico de drogas e assaltos”, afirma o diretor. A maior dificuldade está relacionada aos passageiros que são coniventes com o serviço ilegal. “Nesse caso, fica difícil configurar o transporte remunerado, pois as pessoas mentem, dizem que são parentes”, acrescenta Baeta. O diretor explica que uma aliada importante para flagrar os ilegais é a tecnologia, pois estarão à disposição as câmeras da Infraero, já usadas para monitorar a movimentação de suspeitos que tentam angariar clientes dentro do aeroporto.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Setop informou que em maio receberá o informativo com os horários de voos previstos para o período da Copa do Mundo. Somente depois disso serão definidos os novos horários das duas linhas que ligam o aeroporto ao Centro da capital, sendo uma direta ao terminal da Avenida Álvares Cabral e outra à rodoviária. Além do reforço direcionado nos momentos de maior demanda, a Setop informou que quando houver jogos em BH uma linha vai circular com intervalos de cinco minutos entre o aeroporto e o Mineirão. A passagem custará R$ 9,25 e o serviço está previsto para começar seis horas antes das partidas e terminar duas horas depois, com possibilidade de extensão, caso haja demanda.

TÁXIS Ano passado, antes da Copa das Confederações, as prefeituras de BH, Confins e Lagoa Santa cogitaram de um convênio para que os táxis dos três municípios pudessem pegar e levar passageiros ao terminal, mas a proposta nem foi discutida. A ação poderia reduzir o gargalo no número de táxis que atendem ao aeroporto, já que motoristas da capital podem levar passageiros ao terminal, mas têm que voltar com os carros vazios. Da mesma forma, condutores de Lagoa Santa e Confins podem levar pessoas a BH, mas não podem retornar a seus municípios ou ao terminal com passageiros.

O diretor municipal de Transportes e Trânsito de Lagoa Santa, Roberto Félix, diz que não é interesse da cidade firmar o convênio, pois as 508 permissões que atendem ao aeroporto, somando Confins, Lagoa Santa e o serviço metropolitano do governo do estado, são suficientes para atender a demanda gerada pelo terminal. “Em 2005, fizemos isso, mas tivemos uma invasão dos táxis de BH e seus condutores chegavam até a ameaçar nossos motoristas e a depredar nossos carros”, diz. Em nota, a BHTrans afirma que já tem convênio com Ibirité, Contagem, Ribeirão das Neves e Sabará e vem trabalhando para aumentar a lista, o que inclui Confins e Lagoa Santa.
Mas a efetivação da ideia depende do interesse das outras cidades. Segundo motoristas de táxi de Confins, a prefeitura está convocando condutores em uma licitação que se arrasta na Justiça há cinco anos, mas sem previsão de início dos trabalhos. Ninguém do Executivo de Confins foi encontrado para comentar o caso.

A Setop informa que está negociando com a Infraero a expansão do estacionamento dos táxis metropolitanos no aeroporto, passando de 48 para 72 vagas. Outra alteração é no tamanho da fila, que hoje comporta oito carros e a secretaria pretende passar para 12. As mudanças não alteram o número de permissões, que continuam em 237 placas autorizadas a fazer o transporte nas 34 cidades da Grande BH. Elas apenas aumentam o espaço para que mais carros fiquem estacionados no aeroporto esperando clientes.


Transporte no Aeroporto de Confins


   Táxi

    508     veículos estão autorizados a pegar passageiros no Aeroporto de Confins

    150     permissões de Confins

    121     permissões de Lagoa Santa

    237     permissões da Setop, que podem atuar em toda a RMBH em qualquer trajeto

A frota de Belo Horizonte só tem autorização para levar viajantes da capital ao aeroporto. Não pode retornar com passageiros

   Ônibus

    1     linha liga a rodoviária ao aeroporto, com pontos de parada ao longo do trajeto

    1     linha liga a Avenida Álvares Cabral ao aeroporto, sem paradas

   Novidade

    1     linha direta do aeroporto ao Mineirão apenas em dias de jogos da Copa em Belo Horizonte, ao preço de R$ 9,25.