Com quatro acusados de envolvimento no roubo das armas da Central Integrada de Escoltas de Ribeirão das Neves, na Grande BH, atrás das grades, as atenções da Polícia Civil estão voltadas para o pedreiro Sandro Bispo dos Santos, de 35 anos, que pode dar mais informações sobre o caso. Na casa dele, em Ribeirão das Neves, estava a maioria das armas recuperadas, mas ele não foi localizado. A previsão é de que o pedido de prisão de Sandro seja expedido até o fim da semana. As apurações se concentram ainda no paradeiro de cinco pistolas ponto 40.
As investigações apontam que o agente penitenciário Marcos Antônio Rodrigues Oliveira Nogueira, de 38, foi o mentor do roubo e o único dos nove agentes que estavam de plantão que participou do crime. “Não temos nada contra os outros. Mas vamos esgotar todas as possibilidades antes de descartar essa hipótese”, diz o delegado Wanderson Gomes. O subsecretário de Administração Prisional, Murilo Andrade, diz que será conferida também no âmbito administrativo a conduta dos demais agentes e que a Corregedoria ainda vai decidir se o afastamento deles será prorrogado.
Marcos Antônio contou ontem que roubos as armas era para quitar uma dívida de R$ 10 mil com um agiota. “Ele me pressionou e chegou a monitorar minha família.” Além de apresentar o suposto motivo do roubo, o agente pediu desculpas à mãe, à mulher, aos filhos, aos colegas e à sociedade. Ele não quis dar detalhes sobre a dinâmica do crime, dizendo que só vai se manifestar em juízo.
A polícia diz que Marcos, três dias antes de executar o plano, o revelou ao irmão, o frentista Arthur Rodrigues Nogueira, 23, com passagens pela polícia por dirigir sem habilitação e portar documento falso. Os policiais descobriram que Marcos foi trabalhar em 23 de março e levou ingredientes para preparar uma salada de frutas aos oito colegas de plantão. “Ele serviu esse alimento no almoço, mas sem nenhum tipo de substância. Na janta, serviu novamente e dopou os demais agentes com o medicamento Rivotril”, acrescenta o delegado.
Ainda na tarde de domingo, Arthur esteve na central de escoltas para trocar de veículo com o irmão. Ele chegou de motocicleta e saiu com o Fiat Palio prata com o qual voltaria horas mais tarde para transportar as armas. Por volta das 23h, já com todos os agentes dopados e passando mal, os irmãos trocaram um telefonema. Era a senha para a chegada de Arthur e o roubo do arsenal. “Foram 40 minutos no transporte das armas para o porta-malas do veículo”, acrescentou o delegado Bruno Wink, responsável pelo inquérito.
Nas proximidades do Bairro Veneza, às margens da BR-040, o arsenal foi dividido e levado para dois endereços, no Bairro Vale da Prata.