Jornal Estado de Minas

PM atira em jovem que brincava com arma de mentira; moradores queimam ônibus em BH

Testemunhas afirmam que a vítima tem problemas psicológicos e estava brincando na rua. O policial teve a arma apreendida e deve ficar detido em um batalhão da PM

João Henrique do Vale
Moradores queimaram ônibus depois que o menino foi baleado no Bairro São Bernardo - Foto: Divulgação

A abordagem de um policial militar a um jovem causou revolta de moradores do Bairro São Bernardo, na Região Norte de Belo Horizonte. O garoto, que segundo vizinhos é doente mental, estava com uma arma de brinquedo na Rua Doutor Souza Gomes quando foi atingido por um tiro no peito. O disparo foi feito por um militar do Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas (Rotam). A PM afirma que a vítima fez uma movimento brusco, como se fosse atirar. Ela foi socorrida e levada para o hospital na viatura. Indignados com a situação, um ônibus foi queimado por populares.

Um morador que não quis se identificar afirmou que o garoto, conhecido como Luan, é doente mental e morador do Bairro Primeiro de Maio. Segundo a testemunha, ele costuma brincar na rua onde seus parentes moram, no Bairro São Bernardo.
No início da tarde, o jovem brincava com uma réplica de revólver quando foi abordado por militares.

Conforme o morador, o policial pediu para que o jovem jogasse a arma no chão e foi prontamente atendido. Mesmo assim, segundo relatos da testemunha, o militar deu um tiro que acertou o peito da vítima. Em seguida, ele colocou o jovem na viatura e, antes de levá-lo para o hospital, recolheu a cápsula deflagrada.

O tenente-coronel Carlos Alberto do Sacramento, comandante da Rotam, confirmou parcialmente a versão. “Fomos acionados por moradores da região que afirmaram ter visto um jovem com uma arma. A viatura começou a patrulhar e avistou o garoto com a arma na mão. O policial fez a abordagem e o jovem acabou fazendo um movimento brusco, como se fosse efetuar um disparo. Por isso o militar atirou”, explica.

O tiro acertou o peito do jovem, que foi levado para o Hospital de Pronto-Socorro Risoleta Neves, em Venda Nova. “Ele já não corre risco de morrer”, disse Sacramento. O policial teve a arma apreendida e deve ficar detido em um batalhão da PM na Região Metropolitana de Belo Horizonte. “Estamos providenciando todos os trâmites.
Já acionamos a corregedoria e as testemunhas já são ouvidas, como as pessoas que presenciaram o movimento do jovem e as que acionaram a guarnição”, afirma o comandante.

Para Sacramento, a ação do militar foi correta. “No nosso entendimento, o militar agiu dentro dos parâmetros da legalidade, pois estava há uma certa distância e não dava para saber se a arma é verdadeira ou não”, comentou. A réplica de revólver que estava com a vítima também foi apreendida.

Fumaça do veículo se espalhou pelo bairro - Foto: DivulgaçãoRevolta

Depois que o caso foi comentado no bairro, dezenas de pessoas saíram de casa e foram para a Avenida Washington Luiz para protestar. Durante o ato, os passageiros e funcionários que estavam no ônibus da linha 2402 (São Bernardo/ Nossa Senhora da Glória) foram obrigados a descer e o veículo foi incendiado. As chamas altas atingiram a fiação elétrica.

Militares do Corpo de Bombeiros foram para o local e conseguiram conter o incêndio. Dois jovens suspeitos de terem ateado fogo no veículo foram detidos. “Estamos aguardando a confirmação da identidade deles por parte das testemunhas.
Caso não sejam reconhecidos, vamos liberá-los”, explica o Tenente Lisandro Sodré. .A Cemig também foi ao local.

De acordo com o tenente, várias armas de brinquedo foram apreendidas na rua. “Durante a noite, foi despejado dezenas de réplica de armas em uma caçamba. Vários moradores, crianças e adolescentes, pegaram os brinquedos. São armas pretas de plástico que se parecem com um armamento normal. De longe se parece muito”, disse Sodré. .