A bola vai rolar no gramado, e os torcedores já entraram na contagem regressiva. A um mês da Copa do Mundo, Belo Horizonte ainda faz ajustes para receber visitantes brasileiros e estrangeiros. No olhar dos turistas, os desafios ainda são muitos e vão de sinalização inadequada ou inexistente à falta de informação. Mas para passar boa impressão e melhorar a estrutura atual, setores de turismo e serviços investem em iniciativas para atrair os fãs do futebol e garantir a comunicação com quem fala outra língua.
As principais reclamações de quem hoje visita a capital mineira, segundo a gerente de receptivo da Pampulha Turismo, Andreza Ribeiro, são a sinalização confusa, a ausência de serviços de informações sobre as atrações turísticas e a falta de segurança para se deslocar a pé ou de ônibus. Ela relata que turistas preferem contratar vans ou táxis para percorrer os pontos mais procurados da cidade: a Pampulha; o Mercado Central; a Feira de Arte e Artesanato da Avenida Afonso Pena; as praças da Liberdade e do Papa, os bares da Savassi e os restaurantes do Bairro de Lourdes, na Região Centro-Sul de BH.
“A principal demanda é o circuito de Oscar Niemeyer, na Pampulha. Os turistas querem ver o paisagismo e as obras, mas é um local que tem dificuldade de sinalização”, afirma Andreza.
Estudante colombiano, Carlos Madrid, de 25 anos, está em BH desde março para um intercâmbio social e ficará até o Mundial para ver de perto a seleção de seu país. Semana passada, ele, a namorada, uma amiga colombiana e outra colega italiana passearam pela Pampulha. Para o jovem, informação é a peça-chave do problema em BH.
“O turista pode encontrar muitas coisas aqui, mas faltam informações. Recebemos um guia turístico da cidade sem muitos itens e apenas com um mapa do perímetro da Avenida do Contorno. Se precisar ir a qualquer outro lugar, não há referência”, diz. “As ruas são todas sem placa e as pessoas não sabem o nome delas, o que complica bastante”, afirma. Carlos, natural da cidade de Medelín, referência em transporte público, considera ainda que o sistema de BH precisa melhorar. E alerta para os preços dos táxis e da hospedagem durante o Mundial.
Turistas de Recife (PE), o analista Frederico Cavalcante de Andrade, de 57, e a mulher dele, Célia Maria Sobreira, de 54, passaram quatro dias na capital. “O aeroporto é terrível e um péssimo cartão de visitas. Mas tivemos a impressão de que as obras da cidade estão bem mais adiantadas que em Recife”, disse Frederico. Já Célia elogiou o sistema de transporte rápido por ônibus, o BRT/Move.
Basta clicar numa das bandeiras, escolher o idioma e teclar o que se quer saber. Do lado dos lojistas, idem: responder em português e pedir a tradução para o idioma do cliente. “Além de atender o turista, vamos auxiliá-lo a conhecer a cidade”, afirma o superintendente do mercado, Luiz Carlos Braga. Também até o fim do mês, a entrada da Avenida Augusto de Lima receberá as bandeiras dos 32 países participantes da Copa.
Do lado de bares e restaurantes, o presidente da associação brasileira que representa o setor (Abrasel), Fernando Júnior, afirma que as providências já foram tomadas.
Muitas opções na Praça da Liberdade
Um dos destinos preferidos dos turistas em Belo Horizonte, o Circuito Cultural Praça da Liberdade prepara eventos especiais para a Copa do Mundo. No Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), a programação de fim de semana do Projeto Educativo, com várias ações para atrair espectadores e formar público, será oferecida de segunda a sexta-feira, a partir de 12 de junho. São elas: contação de histórias, visita teatralizada (nela, educadores percorrem os andares do centro cultural incorporando personagens que têm relação com a cidade), laboratórios de experimentação para trabalhar texto e corpo e a Estação Boemia (histórias de BH da década de 1950). A exposição Resistir é preciso, sobre a ditadura, que será aberta dia 21, é outra atração.
De acordo com o gerente de programação cultural e ações educativas do CCBB, Vander André Araújo, o centro se prepara desde sua inauguração para o recebimento de turistas. “É uma acessibilidade completa, pois temos atendentes e educadores bilíngues em inglês e em libras. Temos a preocupação de atender todos os públicos, seja estrangeiro ou deficiente”, relata. Araújo destaca que receber as equipes do Festival Internacional do Teatro (FIT) também tem sido um treinamento para quando a bola rolar. “São pessoas do mundo inteiro vindo aqui almoçar. É importante as equipes terem esse contato, é enriquecedor”, destaca.
No Memorial Vale, a estratégia foi definir uma programação com o tema do momento: o futebol. “O público que vem para o Mundial quer futebol e festa. Há pesquisas mostrando que não vão a museus, por isso, adaptamos nossa programação”, afirma o gerente do local, Wagner Tameirão. Uma das atrações será a exposição Futebol: som e paixão, uma parceria com o Estado de Minas. A mostra reúne imagens de grandes dribles e jogadas dos arquivos do jornal e da revista O Cruzeiro. A exposição vai ocupar as duas galerias de mostras temporárias, localizadas no quarto andar do memorial. Paralelamente, haverá rodas de bate-papo sobre futebol e Copa do Mundo.
A VEZ DA VÁRZEA No espaço do café, o futebol amador também terá vez. O esporte do povo, dos campinhos de várzea e da praia está retratado nas lentes de vários fotógrafos. No hall e na escadaria, camisas 10 customizadas por estilistas e marcas de renome do país. O memorial também vai abrigar a quinta edição do Festival de Cinema de Futebol, o Cinefoot. Em cartaz estarão curtas e longa-metragens dedicados ao esporte e a seus personagens. Educadores com fluência em inglês e espanhol estão preparados para as visitas guiadas. “Esperamos um aumento de 50% no nosso público”, diz Tameirão. (JO).