Nenhum dos 176 manifestantes que se envolveram em crimes durante a Copa das Confederações, entre 15 e 30 de junho do ano passado, foi ainda preso ou teve mandato de prisão expedido como estava nos planos da Polícia Militar, para pavimentar a segurança pública antes do início da Copa do Mundo. A menos de um mês da competição esportiva mais popular do mundo, que terá quatro partidas disputadas no Mineirão, as informações da corporação são de que a maioria desses manifestantes continua livre, por serem réus primários, ou seja, nunca terem sido condenados antes. Mas a corporação informou que monitora as ações desses suspeitos, investigados por crimes previstos no Código Penal, como os dos artigos 163 (vandalismo e dano ao patrimônio público e privado), 155 (furto) e 228 (formação de quadrilha).
A PM informou que a lista com 176 suspeitos foi enviada à Polícia Civil e ao Ministério Público (MP) estadual para que mandados de prisão fossem solicitados à Justiça. Porém, procurado, o MP informou que essa listagem nunca chegou ao seu conhecimento. Já a Polícia Civil informou que qualificou as ações de 218 pessoas, entre adultos e adolescentes, em 100 inquéritos policiais sobre atos de vandalismo e outros crimes. Foram indiciados 85 adultos por crimes de furto, roubo, incêndio, formação de quadrilha, dano ao patrimônio, lesão corporal, corrupção de menores, roubo ou pichação. Já as ocorrências com participação de adolescentes resultaram na apreensão de 33 jovens e no indiciamento outros 13 adultos por crimes como dano ao patrimônio, lesão corporal, corrupção de menores, roubo e pichação.
Há dois inquéritos em andamento que investigam a participação de pessoas ligadas ao movimento Black Bloc nos tumultos ocorridos em Belo Horizonte, porém, referentes às manifestações de 7 de Setembro. Um deles já foi enviado à Justiça e tramita na 7ª Vara Criminal. O outro foi remetido com pedido de ampliação de prazo e aguarda retorno. Juntos, somam mais de 30 pessoas envolvidas.
De acordo com o comandante do Policiamento Especializado, coronel Antônio de Carvalho Pereira, os manifestantes monitorados são em sua maioria adeptos de movimentos que pregam ações de inspiração anarquista e atos de destruição que deixam como rastro pessoas feridas e crimes como furto de lojas e estabelecimentos. O policial conta que o perfil desses manifestantes é de pessoas jovens, mas não ligadas diretamente a partidos políticos. “Não se identificou, ainda, uma influência partidária sobre esses suspeitos. Sabemos que se comunicam e se organizam, mas muitas dessas pessoas são ligadas a movimentos sociais”, afirma o coronel. O serviço de inteligência sob o seu comando será responsável por coordenar a ação de batalhões como Rotam, Polícia de Eventos, Policiamento Aéreo, Cavalaria, Canil, Meio Ambiente e Polícia Rodoviária.
Parte dos manifestantes monitorados pela polícia foi detida durante os protesto do Dia da Independência no ano passado. A confusão começou na Praça da Liberdade e se alastrou pela região, terminando com 61 pessoas detidas, sendo 16 menores de 18 anos. De acordo com a PM, dos presos 28 foram identificados como adeptos do Black Bloc.