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Estado de Minas MOVE

Início do BRT na Antônio Carlos dificultará vida de 85 mil motoristas que circulam na via

BHTrans admite que início de operação do sistema na avenida complicará trânsito, porque tira táxis e ônibus convencionais da faixa exclusiva


postado em 14/05/2014 06:00 / atualizado em 14/05/2014 07:06

Mesmo sem estar totalmente preparada, Antônio Carlos dá a partida para o BRT no sábado(foto: JUAREZ RODRIGUES/EM/D.A PRESS )
Mesmo sem estar totalmente preparada, Antônio Carlos dá a partida para o BRT no sábado (foto: JUAREZ RODRIGUES/EM/D.A PRESS )

Depois de três anos em obras e um ano e meio de atraso, a maior aposta de mobilidade para a Copa do Mundo será inaugurada no sábado. Às 4h da manhã, três linhas do transporte rápido por ônibus (BRT/Move) começam a operar no corredor da Avenida Antônio Carlos, com a promessa de reduzir em 40% o tempo de viagem da Pampulha ao Centro de BH. Nessa primeira etapa, o sistema atenderá 40 mil passageiros, mas vai dificultar a vida de outros 85 mil motoristas que circulam diariamente pela avenida. Isso porque, a partir de sábado, linhas de ônibus convencionais e táxis serão proibidos de circular na pista exclusiva dos coletivos e se juntarão aos carros nas pistas mistas.

“É a passagem no purgatório para se chegar ao paraíso”, afirma o presidente da BHTrans, Ramon Victor Cesar. Segundo ele, o transtorno se arrastará por, no máximo, três semanas, tempo de implantação total do novo sistema na avenida. Ao longo desse período, as linhas convencionais que atualmente ligam os bairros ao Centro serão extintas. Elas serão substituídas por alimentadoras, que sairão dos bairros com destino à Estação Pampulha, terminal de integração construído no cruzamento com a Avenida Portugal. Lá, o passageiro desembarca e pega o BRT/Move em direção ao Centro.

Já no sábado, oito linhas convencionais serão extintas (2212 A, B e C, 2213, 2215 A, B, C e D) e transformadas em sete linhas alimentadoras (614, 615, 616, 510, 645, 618 e 643). A mudança significará menos 82 veículos circulando no horário de pico na Antônio Carlos. Em contrapartida, outras 30 linhas que continuam ativas e trafegam na Antônio Carlos terão que deixar as pistas exclusivas, a chamada busway, e passar a dividir espaço com os carros.

Na segunda-feira, primeiro dia útil da mudança, serão 191 ônibus a mais nas pistas mistas no horário de pico, segundo a BHTrans. O mesmo ocorrerá com os táxis, para desgosto de Osvaldo Jésus de Almeida, de 59 anos, com experiência de 20 anos na praça. “O trânsito ficará muito pior do Centro à Pampulha, pois tínhamos agilidade”, afirmou, certo de que o maior prejudicado será o passageiro.

O taxista Walter Gomes de Lima, de 60, também não está gostando da mudança. “Essa medida vai atrapalhar muito a nossa vida, já que a pista exclusiva, especialmente para quem segue em direção ao aeroporto de Confins, significa ganho de tempo. O passageiro vai reclamar e, claro, o preço da corrida vai ficar mais alto”, avisa. O presidente da BHTrans afirma que a empresa está estudando uma forma de controle eletrônico para permitir que os táxis usem a busway quando tiverem o aeroporto como destino. “Vamos ter também operações especiais para os táxis em dias de jogos e eventos”, explica Cesar.

Operação

Três linhas começam a circular no sábado no corredor da Antônio Carlos, num total de 50 veículos articulados. A Linha 50 (Estação Pampulha/Centro- Direta) sairá da Estação Pampulha e levará os passageiros direto ao Centro, nas estações Carijós e Rio de Janeiro, que também serão inauguradas sábado. “Hoje, a viagem da Pampulha ao Centro dura 50 minutos e, com a Linha 50, estimamos redução de 40%, chegando a 30 minutos”, afirma Cesar, que atribuiu o atraso no início da operação do BRT na Antônio Carlos às obras da Estação Pampulha.

A Linha 51 (Estação Pampulha/Centro/Hospitais), para em 15 estações de transferência ao longo da Antônio Carlos, segue para o Centro e vai para a área hospitalar. Ela será a primeira do novo sistema a operar de madrugada, entre a meia-noite e as 4h da manhã. Já a Linha 52 (Estação Pampulha/Lagoinha), parte da Estação Pampulha, para ao longo dos pontos na Antônio Carlos e retorna no Complexo da Lagoinha. Outra novidade é que passageiros do corredor da Antônio Carlos poderão ter acesso também ao corredor da Cristiano Machado. A estação da Rio de Janeiro será o novo ponto de embarque da Linha 83P (Estação São Gabriel/Centro - Paradora).

 

Estações em obras, sujeira e vandalismo

Da estação Senai ao terminal Pampulha, são 15 paradas do BRT/Move e, para muitos passageiros, é praticamente impossível que tudo esteja pronto até sábado. “Serão gastos, no mínimo, mais três meses para deixar tudo no jeito, já que os prazos da construção não foram cumpridos. Ficou tudo muito atrasado”, lamenta o cortador gráfico Weverton Reinaldo Souza, de 28 anos, morador de Justinópolis, em Ribeirão das Neves, na Grande BH, que esperava, no fim da tarde de ontem, o ônibus em frente à estação São Francisco.

A reportagem do EM percorreu a Antônio Carlos, no trecho do BRT/Move, e verificou que muitas estações ainda estão sem portas, catracas, identificação nas paredes externas, monitores que indicam horários e aproximação dos veículos e outros equipamentos que permitirão o perfeito funcionamento do sistema. Na primeira delas, Senai, havia muita sujeira acumulada e, segundo um morador das redondezas, os funcionários da prefeitura retiraram mendigos do local.

Vidros quebrados

Na estação seguinte, Odilon Behrens, atos de vandalismo destruíram quatro vidros blindex do guarda-corpo da plataforma. Um funcionário informou que a destruição foi provocada por pedradas, exigindo imediata reposição. Ao longo de toda a avenida, há operários trabalhando e muitas já têm agentes da BHTrans a postos. Também na tarde de ontem, vários veículos do BRT/Move faziam testes nas plataformas.

“Quando vou ao Centro da cidade, gasto duas horas para chegar em casa. Estou esperançosa de que o BRT resolva a situação”, comentou a desempregada Vanessa Sanches. A mãe de Vanessa, Maria José Brandão, de 60, não tem ilusões: “Não sei se vai mudar. Vai ter troca de ônibus, falta de informação. Para os idosos, então, é um problema”, afirmou Maria José segurando o neto Miguel, de dois anos.

Em algumas estações, trabalhadores estão a todo vapor, pintando as faixas na pista de rolamento, instalando monitores, terminando o plantio de grama e recolhendo lixo. Na estação Odilon Behrens, há vários sacos empilhando de material retirado de dentro da estrutura. O susto maior mesmo é ao chegar à Estação Pampulha e ver a estrutura ao lado do acesso à Avenida Portugal. Andaimes, poeira, centenas de operários e muita barulheira. Pelo visto, ainda há muito trabalho pela frente.

 


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