Sem a mesma adesão das manifestações que ocorreram durante a Copa das Confederações, em 2013, cerca de 1 mil pessoas se reuniram ontem, no Centro de Belo Horizonte, protestando contra os gastos com o Mundial de futebol e reivindicando pautas diversas, como aumento para os professores da rede pública, redução da tarifa de ônibus e desmilitarização da polícia. Apesar de a concentração ser bem inferior à do ano passado – quando mais de 50 mil pessoas foram às ruas –, o protesto deu um nó no trânsito de BH, fechando completamente a Avenida Afonso Pena, parte da Avenida Olegário Maciel, a Praça Raul Soares e a Praça Sete em momentos distintos, entre as 16h e as 20h. À noite, a situação ainda era tensa na Praça da Liberdade, onde um dos grupos protestava com uma fogueira diante do relógio da Copa, acompanhado por militares do Batalhão de Choque.
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A onda de protestos começou às 16h, quando servidores municipais em greve saíram da Praça Sete em passeata até a porta da Prefeitura de BH. Mesmo respeitando a ordem judicial de ocupar apenas uma faixa da Avenida Afonso Pena, o movimento complicou o tráfego. Também às 16h, na Praça da Assembleia, no Bairro Santo Agostinho, cerca de 300 professores das redes públicas estadual e municipais de diversas cidades se reuniram. Os servidores estaduais decidiram entrar em greve a partir do dia 21. Em seguida todos seguiram em passeata pela Avenida Olegário Maciel, em direção à Praça Raul Soares.
Ao chegarem ao local com bandeiras de centrais sindicais e um carro de som, os manifestantes engrossaram o Ato Unificado 15M, que foi convocado via redes sociais em todo o país para protestar por vários motivos, o principal deles em repúdio à realização da Copa do Mundo no Brasil.
Palavras de ordem e paródias de músicas de sucesso deram o tom das críticas a governantes e à polícia. Uma catraca de ônibus foi incendiada por integrantes do Movimento Tarifa Zero. Com a avenida fechada no sentido Centro-bairro, o outro lado também foi interditado pelos manifestantes, que organizaram um bate-bola na via mais movimentada do Centro da capital.
O protesto em frente o prédio da PBH durou pouco mais de uma hora e, quando a maioria dos manifestantes se dispersou, um grupo de 70 ativistas decidiu fazer um último ato na Praça da Liberdade. Eles fecharam o trânsito na Rua da Bahia, por volta das 19h45, e seguiram em direção à praça, onde ocuparam a Rua Gonçalves Dias e bloquearam o tráfego. Em frente ao relógio da Copa, colocaram fogo em uma catraca de ônibus. O grupo permaneceu no local por cerca de duas horas, sendo observado à distância por militares do Batalhão de Choque, que garantiram a segurança do marco da Fifa até que todos fossem embora.
CANSAÇO e irritaçãO A contadora Cláudia Dornelas, cansada de esperar no ponto de ônibus da Avenida Afonso Pena, em frente à prefeitura, questionou a comandante do Policiamento da Capital, a coronel Cláudia Romualdo, sobre o fechamento do trânsito. “Se eu pudesse estaria junto, mas trabalhei o dia inteiro e quero ir para casa. Da mesma forma que as pessoas têm o direito de protestar na rua, eu tenho o direito de ir embora”, afirmou a contadora. Ela disse ainda que quer participar da próxima reunião no Ministério Público e que pretende entrar com representação pedindo que o trânsito não seja fechado em dias de manifestação.
Para Marina Costa Val, de 23 anos, estudante de economia e uma das representantes do Movimento Tarifa Zero, o protesto de ontem foi o mais bem-sucedido desde que acabou a Copa das Confederações. O movimento prepara nova manifestação para terça-feira.
O coronel Antônio Carvalho, comandante de Policiamento Especializado da PM, calculou que a manifestação tenha reunido cerca de 10 grupos e disse que durante todo o percurso foram feitas negociações para organizar o trânsito e manter a ordem. De acordo com ele, os próprios grupos proibiram a entrada de pessoas que quisessem praticar atos de violência.
Na avaliação do coronel Carvalho, um dos motivos para o esvaziamento da manifestação de ontem em relação a protestos anteriores foi justamente o temor da população de enfrentar transtornos sérios no Centro. Por isso, segundo ele, muitas pessoas evitaram a região ou foram embora mais cedo do que o habitual.
“Venho ao Centro diariamente, mas hoje tive que encerrar o trabalho antes, por medo de confusão e de como pode ficar o trânsito.
Durante os protestos, algumas bandeiras vermelhas e pretas do movimento anarquista foram levantadas. Ativistas tamparam os rostos com máscaras, apesar de recomendação em contrário da polícia, e houve poucos momentos de tensão. Um deles ocorreu quando motociclistas furaram o bloqueio dos manifestantes na Avenida Afonso Pena e foram atacados com bandeiradas.
Manifestantes são assaltados
Ladrões assaltaram na madrugada de ontem um ônibus em que viajava um grupo de professores de Uberlândia e Ituiutaba, ambas no Triângulo Mineiro, ruma a Belo Horizonte, onde participariam da assembleia e de protesto da categoria. O veículo foi interceptado por quatro homens armados quando trafegava pela MG-452, próximo a Perdizes, no Alto Paranaíba. Os criminosos, que estavam em um carro, fecharam o ônibus e atiraram duas vezes para que o motorista parasse. Em seguida, levaram o coletivo para uma estrada vicinal, onde assaltaram os passageiros.