Fachadas de bancos, lojas e prédios na área central de Belo Horizonte, principalmente as que contam com vidros laminados, estão recebendo tapumes e placas de metal, em uma tentativa dos proprietários de se proteger da ação de vândalos durante os eventos da Copa. O temor é de que se repitam os ataques ocorridos durante as manifestações na Copa das Confederações, no ano passado. Ontem operários trabalhavam na instalação da proteção em madeira e metal em uma agência bancária na esquina da ruas Tamoios e Rio de Janeiro e em um prédio comercial vizinho no quarteirão fechado.
Os dois imóveis não são os únicos. Do outro lado da Tamoios, uma empresa de telefonia instalou uma estrutura de metal na quinta-feira, temendo atos de vandalismo nos protestos do Dia Internacional de Lutas contra a Copa, que em Belo Horizonte ocorreu de forma pacífica. Danilo Borges, gerente de uma loja de cosméticos que funciona no prédio, aprovou a medida.
“Estamos há um ano aqui e, se enfrentássemos uma onde de saques, como ocorreu com alguns lojistas no ano passado, iríamos à falência. Sei que a proteção de metal esconde a fachada da loja, mas é preferível vender menos do que perder tudo, como temos visto em alguns protestos aí pelo país”, disse Borges.
O almoxarife Rômulo César Bispo, de 32 anos, lamentou que as fachadas dos prédios estejam sendo escondidas. “Isso assusta, faz parecer uma cidade violenta, em clima de guerra. Mas existe o risco de que a polícia não consiga conter a onda de saques e vandalismo, como ocorreu no ano passado”, completou.
Para a estudante de enfermagem Bruna Péres Gouthier, de 18, a mudança da cara da cidade, atrás de tapumes, cria mal-estar. “Vai ser uma vergonha para nós, que estaremos recebendo vários turistas. Mas não acho um exagero a colocação das proteções.” O namorado dela, o promotor de eventos Guilherme Augusto Telles, de 20, também lamentou. “É uma pena ter que andar por uma cidade em que as pessoas precisam se esconder atrás de barricadas.”
Na agência bancária e no prédio vizinho, operários foram orientados a não falar sobre a instalação da proteção. Porem, um deles revelou que a estrutura reforçada vai permanecer no local até o fim da onda de protestos. Em um hotel próximo à Praça Sete, as portas de vidro deram lugar a duas de madeira, de boa espessura. Um funcionário contou que no ano passado os vidros foram quebrados e que o proprietário teme que este ano a situação se repita. Procurados, representantes da Polícia Militar não foram localizados para comentar o assunto.