As queixas de usuários de ônibus da Estação Pampulha do BRT/Move durante a estreia do corredor Antônio Carlos se repetiram nos acessos ao terminal. Na avenida, fora dos corredores exclusivos, o trânsito parou do viaduto do Bairro São Francisco, na Região Noroeste, à barragem da Lagoa da Pampulha. O caos se instalou principalmente na Avenida Pedro I, continuidade da Antônio Carlos, que ainda passa por obras e que na sexta-feira também teve as pistas centrais fechadas para o trânsito misto. Coletivos de linhas convencionais, carros de passeio, táxis, motos, caminhões e qualquer outro veículo que não fosse do sistema BRT passaram a dividir as pistas laterais, que travaram. A retenção chegou a quatro quilômetros na Pedro I, até a rodovia MG-010. Uma longa fila de ônibus se formou na pista da direita.
São 3,3 mil veículos passando pela Antônio Carlos sentido Centro nos momentos mais movimentados da manhã. No pico da tarde, são 2,9 mil veículos voltando para os bairros. Ao todo, cerca 80 mil veículos por dia. E para complicar ainda mais as mudanças de ontem, taxistas protestaram em frente à UFMG, pelo direito de dividir as pistas centrais da Antônio Carlos com os ônibus do BRT. O taxista Maurício Flávio, de 52, reclamava de ter sido “expulso” das pistas centrais. “Estamos dividindo espaço com todos os carros e os ônibus das linhas antigas. Os coletivos do BRT estão circulando sozinhos nas pistas do meio”, reclamou o motorista, que estava com passageiros, preso em um engarrafamento provocado pelos próprios colegas manifestantes, que dirigiam em baixa velocidade e fazendo buzinaço.
Ainda são 30 linhas de ônibus convencionais nas pistas mistas da Antônio Carlos, em um total de 191 viagens somente no horário de pico. Quem tem carro se acha o mais prejudicado, como Mauro Santana, de 50, que saiu do Bairro Santa Amélia às 7h e às 8h10 ainda estava parado na Antônio Carlos. Outros motoristas tentaram escapar passando pelas ruas dos bairros ou pela Avenida Cristiano Machado, mas também enfrentaram retenção no trânsito.
Na Avenida Pedro I são 1.225 veículos no sentido bairro/Centro no pico da manhã e 1.450 veículos no sentido Centro/bairro à tarde. No total, cerca de 45 mil veículos/dia, que ficaram ainda mais espremidos nas pistas laterais, devido às obras do BRT e afunilamento de faixas. A revolta maior foi dos passageiros das linhas convencionais, que ficaram parados por até duas horas na Pedro I, sem ter como chegar à Estação Pampulha e embarcar no Move para o Centro ou região hospitalar. Impacientes, muitos desceram dos coletivos e seguiram o percurso a pé, como fez a auxiliar de saúde bucal Tatiana Maíza de Paiva de 24 anos. Ela encarou uma caminhada de três quilômetros até o consultório onde trabalha. “Saí de casa às 6h30 para tentar chegar ao consultório às 8h. Fiquei agarrada uma hora e 40 minutos no trânsito e preciso preparar uma cirurgia para as 10h”, reclamou ela, que decidiu acordar mais cedo a partir de hoje para tentar não se atrasar.
PARADOS
Para piorar, no arranca e para dos carros muitos apresentaram defeito mecânico na Pedro I. O Gol do fotógrafo Marco Carvalho, de 52, que estava com bateria franca e pegou no “tranco” ao sair de casa, parou de vez de funcionar no meio do congestionamento I e precisou ser empurrado para fora da pista.
As maiores retenções no trânsito foram entre o viaduto do Bairro São Francisco, na Região Noroeste, e a Avenida Vilarinho, em Venda Nova, passando pela Pedro I. As pistas centrais ficaram praticamente desertas, por onde ônibus do BRT passavam abarrotados de passageiros, com muita gente espremida e viajando em pé.
A BHTrans informou que a operação dos ônibus alimentadores e troncais e da Estação Pampulha foi em grande parte comprometida devido à manifestação dos taxistas, que ocuparam três das quatro faixas de circulação da pista mista da Avenida Antônio Carlos, sentido Centro. “Com muitos táxis circulando lentamente, gerou-se grande retenção na Rua CheiK Nagib, causando reflexos na Avenida Portugal”, informou.