Imóveis e espaços que foram alvos da ira de manifestantes no ano passado e pontos que possam representar perigo para quem vai sair pelas ruas para protestar durante a Copa do Mundo, no próximo mês, começaram a receber reforço de segurança. Ontem, a Secretaria de Administração Regional Pampulha, da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), iniciou a instalação de colunas de metal para colocação de grades metálicas ao longo dos guarda-corpos do Viaduto José Alencar, onde dois jovens morreram durante manifestações na Copa das Confederações, ao cair de mais de cinco metros pelo vão entre as duas pistas suspensas. Seguindo as instruções da Polícia Militar, donos de concessionárias de automóveis levantam barreiras, retiram carros de seus showrooms e contratam vigilantes, não apenas na Avenida Antônio Carlos, mas também nas avenidas Dom Pedro I, Amazonas e Cristiano Machado.
A previsão da PBH é de que a colocação das grades no Viaduto José Alencar leve 15 dias. Se o prazo for cumprido, a proteção fica pronta uma semana antes da partida de abertura do mundial, marcada para o dia 12 do mês que vem. As grades de 1,30 metro de altura estão sendo colocadas depois de reunião feita há quase um ano, entre representantes dos manifestantes, PM, Polícia Civil, Ministério Público, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG) e outras entidades, para cobrar uma solução para os casos de manifestantes que caíam ao se apoiar ou tentar saltar o vão de cerca de três metros que separa as duas alças do viaduto.
Luiz Felipe Aniceto de Almeida, de 22 anos, foi o primeiro manifestante que morreu ao cair do vão do viaduto, em 22 de junho, data da partida entre Japão e México pela Copa das Confederações. O jovem ficou 19 dias internado. Quatro dias depois, no dia da semifinal entre Brasil e Uruguai, outro violento confronto entre policiais e manifestantes ocorreu no mesmo local.
A equipe do Estado de Minas percorreu a Avenida Antônio Carlos, ontem, e constatou que as concessionárias e lojas ao longo da via ainda não ergueram qualquer proteção. Das 13 agências de veículos e lojas atacadas durante os protestos de 2013, uma está em reforma até hoje e outra preferiu abandonar a região. As demais funcionam normalmente, mas admitem que vão reforçar sua segurança até o mundial. O setor registrou R$ 16 milhões em prejuízos depois da onda de manifestações de 2013.
Área de barricadas vai ser estendida
Medidas como a colocação de tapumes, contratação de seguranças, remoção de mercadorias e equipamentos recomendadas pela PM aos comerciantes da Avenida Antônio Carlos foram estendidas a outros corredores para a Copa do Mundo e vêm sendo adotadas inclusive por lojas do Centro da Capital, como mostrou o EM em sua edição de domingo. A corporação identificou que outras vias da capital podem ser alvos de depredação, por se tratar de acessos às principais atrações da competição e caminho de torcedores e delegações. “Na reunião que fizemos, na última segunda-feira, a PM nos indicou tomar medidas de segurança também nas avenidas Amazonas, onde haverá uma fanfest, e nas avenidas Pedro I e Cristiano Machado”, afirma o presidente do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos de Minas Gerais (Sincodiv-MG), Mauro Pinto de Morais Filho.
A contratação de vigilantes, instalação de câmeras e limpeza dos arredores também foi discutida. “É uma situação complexa. Se contratamos vigilantes armados, teremos de arcar com eventuais inquéritos em caso de disparos. Vamos ajudar a PBH a identificar entulho que possa ser usado como munição para depredação e encaminhar imagens de câmeras de segurança para a PM”, disse. Ontem, uma concessionária instalava barras de ferro que servirão de suporte para chapas de metal, na Avenida Cristiano Machado. Ninguém da empresa quis comentar a medida.
Estações do BRT na rota dos protestos
O BRT/Move, com estações de transferência feitas de chapas de metal leve e vidro que poderão ser um alvo durante eventuais manifestações, ainda não teve seus planos de segurança divulgados. De acordo com a Guarda Municipal, a corporação “vai estar presente no corredor viário onde estão instaladas as estações de transferência”.
Na inauguração da fase de testes do Move no corredor da Avenida Cristiano Machado, em fevereiro, o Secretário Municipal de Obras e Infraestrutura, José Lauro Nogueira Terror, informou que seriam contratados seguranças privados para evitar atos de vandalismo. A BHTrans informou que todas as estações têm câmeras, porteiros, alarmes e ronda que as percorre 24 horas.
Apesar de serem alvos bem no caminho dos manifestantes, as agências bancárias ainda não revelaram sua estratégia para se proteger durante eventuais protestos. .