O professor aposentado do Departamento de Engenharia Eletrônica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Fábio Gonçalves Jota alerta: “O excesso de consumo vem da falta de conhecimento das pessoas do quanto elas desperdiçam de energia no dia a dia”. Ele ressalta que equipamentos eletrônicos ligados em tempo integral podem ter mais impacto na conta que um chuveiro – ao lado do ar-condicionado e da geladeira, é o aparelho que mais consome energia.
Assim, a luzinha vermelha que, aparentemente, indica aparelho desligado, pode ter efeito devastador. “O chuveiro é usado em intervalos menores.
A nova tecnologia, o Sistema Integrado de Gerenciamento Automatizado (Siga), criado por equipes da UFMG e do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), vai permitir, numa casa ou numa empresa, saber com exatidão a origem do consumo. Ela chegará ao mercado nos próximos meses para ser comercializada. Sensores que atuam como medidores de energia são instalados em vários circuitos nas edificações (como elevadores e ou iluminação) e nos quadros de energia de uma casa.
Eles enviam as medidas para um banco de dados e, pela internet, o consumidor acompanha como está o gasto, por hora, dia ou mês, podendo comparar com datas anteriores. Será possível, inclusive, fazer previsão do valor da conta de eletricidade. Sinais verdes e vermelhos instalados individualmente nos aparelhos indicarão, ao longo do dia ou do mês, a relação entre a realidade e a meta estabelecida. O Siga permitirá ainda o controle inteligente da casa – ligar e desligar aparelhos mesmo sem estar no imóvel.
Atitudes simples Mas, com ou sem tecnologia, atitudes simples ajudam a reduzir, e muito, o consumo de energia. O orquidicultor Nilton César Pires, de 42 anos, decidiu eliminar, em 2009, o uso do chuveiro elétrico e, para isso, optou pelo aquecedor solar. Hoje, 80% dos banhos da família não dependem de energia elétrica. “Quanto menos energia, menos recurso natural usaremos. Ele está escasso e corremos sério risco de ficar sem água e, consequentemente, sem energia”, relata Nilton.
Todas as lâmpadas da casa, no condomínio Vale do Sol, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, também foram trocadas pelos modelos fluorescentes. Até o carro entrou na onda da redução de energia, já que a gasolina foi substituída por gás natural. Uma caixa com capacidade para 12 mil litros serve como reservatório de água de chuva, usada para lavar plantas, carro e fazer a limpeza da casa. “Numa emergência, se faltar água na rua, dá até para lavar roupa ou tomar banho”, conta. “São coisas simples de fazer. Aquecedor ou reservatório demanda um gasto, que em pouco tempo é reembolsado pelo que se deixa de pagar na conta”, afirma.
Hábitos
Economia e contribuição ao meio ambiente foram os motivadores de mudanças de atitude também em empresas. Desde o ano passado, o escritório de uma construtora investe na redução de energia, água e consumo de materiais.
Coordenadora de recursos humanos da Somattos, Raquel Cardozo dos Santos conta que a “moda” pegou entre os funcionários. A diminuição alcançou até mesmo a quantidade de papel toalha usado para secar as mãos e de papel na impressora. “Isso vira um hábito, se torna parte da cultura da empresa. A intenção é propagar, levando essa campanha também para as obras”, diz..