Funcionários dos hospitais Risoleta Neves e João XXIII protestam na manhã desta segunda-feira contra o Plano de Atendimento de Desastres e Catástrofes (PAD) da Copa do Mundo, alegando que os atendimentos extras durante o Mundial podem gerar sobrecarga dos trabalhadores nas unidades. O grupo ocupou a MG-010 na porta do Risoleta Neves, altura do Bairro Vila Clóris, em Venda Nova. Os manifestantes fecham e liberam o trânsito de cinco em cinco minutos, o que provoca congestionamentos ns avenidas Dom Pedro I e Cristiano Machado, para quem segue no sentido aeroporto de Confins.
O PAD prevê o atendimento especial, com mobilização de unidades de saúde, em casos de grandes acidentes durante os jogos da Copa em Belo Horizonte. Os quatro hospitais de referência escolhidos pela Secretaria Estadual de Saúde para receber as demandas são João XXIII (queimados e acidentes radioativos), Risoleta Neves (atendimentos gerais em catástrofe), Eduardo de Menezes (risco biológico, infecções e contaminações) e Odilon Behrens (base para staff, organização de equipamentos e almoxarifado).
De acordo com a Associação Sindical dos Trabalhadores em Hospitais de Minas Gerais (Asthemg), os funcionários não receberam treinamento e nem vão ter gratificação pelo serviço extra na Copa. Ainda segundo a Asthemg, a situação é grave, levando em consideração que cerca de 70% dos servidores do João XXIII são novatos e nunca vivenciaram uma situação de desastre. Outro problema é a falta de funcionários, não há número suficiente de profissionais para atender uma demanda maior do que a atual.
Os profissionais reivindicam também a valorização do profissional que vai prestar o serviço durante o Mundial, pois segundo a Asthemg, todas as folgas e férias foram suspensas. Os trabalhadores informaram para a associação que as chefias alertaram: em caso de catástrofe, os plantões serão suspensos e o servidor será obrigado a ficar na unidade mesmo que o turno tenha terminado.
Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde esclareceu que o João XXIII dispõe de equipamentos de ponta e um quadro de profissionais suficiente para atender às demandas de rotina e as que estão previstas no PAD. Informou ainda que terça-feira será realizada a última etapa de treinamento no hospital, com foco no atendimento a vítimas de acidentes por agentes químicos, biológicos ou radionucleares (QBRN), dessa vez com a participação do Exército Brasileiro e do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, como prevê o plano. Conforme a SES, todas as sugestões feitas por funcionários e associações sindicais em relação ao plano são levadas em consideração e estão sendo analisadas pela Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig) e pela própria secretaria.
A secretaria informou também que a capacitações dos servidores do estado foram feitas em parceria com o Governo da França e a Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos. Além disso, todos os hospitais referência receberam investimentos para aquisição de material médico hospitalar e adequação da área física. A SES confirma que foram suspensas as férias regulamentares dos funcionários dos hospitais para Copa, a fim de garantir um número maior de profissionais. Também adequou-se a escala de plantão não só médicos, mas de todos os profissionais das unidades de saúde. Ainda está prevista a contratação de profissionais e compra emergencial de suprimentos, caso seja necessário.
Dados desses dois hospitais referência para Copa em BH:
Hospital João XXIII
•40 anos
•Referência regional em trauma, queimados e toxicologia
•280 pacientes/dia
•40 médicos / plantão
•429 leitos
•104 leitos de terapia intensiva
•Referência primária QBRNE (atendimento de vítimas atingidas por produtos Químicos, Radiológicos, Nucleares e Explosivo)
Hospital Risoleta Tolentino Neves
•323 leitos
•Leitos complementares: 35
•Além do atendimento de urgências, inclui: obstétrico, neonatal, pediatria
•Referência secundária para QBRNE.
•Base aeromédica. .