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Estado de Minas

Concessionárias de BH vão à Justiça para garantir segurança durante protestos

Pedido na Justiça quer obrigar poder público e polícia a não se omitirem frente a novas ameaças


postado em 29/05/2014 06:00 / atualizado em 29/05/2014 07:16

Representante do setor diz que lojas do ramo foram atacadas, saqueadas e incendiadas, apesar de insistentes pedidos de policiamento (foto: Juarez Rodrigues/EM DA Press)
Representante do setor diz que lojas do ramo foram atacadas, saqueadas e incendiadas, apesar de insistentes pedidos de policiamento (foto: Juarez Rodrigues/EM DA Press)
Concessionárias e distribuidoras de veículos de Belo Horizonte, com apoio do sindicato do setor (Sincodiv), vão entrar com medida cautelar na Justiça exigindo que o poder público não se omita em casos de ameaças e depredações de seus estabelecimentos durante a Copa do Mundo. De acordo com o assessor jurídico da entidade, Thiago Seixas Salgado, mesmo o estado sendo notificado durante a Copa das Confederações, do ano passado, não se posicionou até hoje sobre o prejuízo das empresas do ramo, estimado em R$ 16 milhões, e a Polícia Militar só se manifestou oito meses depois. “Todos sabem que há articulações e mobilizações contra a realização da Copa do Mundo no Brasil. Se a medida cautelar for deferida, a omissão do Estado caracterizará descumprimento de ordem judicial, o que é crime”, afirma Seixas.

A medida cautelar, segundo ele, visa a evitar mais prejuízos durante a Copa do Mundo. Para ele, o estado foi omisso ao permitir ação de vândalos durante horas nas lojas de venda de veículos. “Na época, apesar de insistentes pedidos de policiamento, os baderneiros causaram um prejuízo de R$ 16 milhões e deixaram dezenas de pais de famílias desempregados, com o fechamento das lojas”, reforçou Thiago. Na Avenida Antônio Carlos, Região da Pampulha, onde 17 estabelecimentos foram depredados e alguns tiveram veículos queimados, os comerciantes estão se preparando para uma verdadeira guerra. A Kia Motors, que teve a frente destruída e foi incendiada no ano passado, fez um escudo usando 24 contêineres de aço diante da fachada e construiu um muro duplo de seis metros de altura. Os comerciantes reclamam que não têm garantia de segurança da PM.

Já a chefe do Comando de Policiamento da Capital (CPC), coronel Cláudia Romualdo, disse ontem que o planejamento prevê a presença da PM em vias públicas, cumprindo seu papel. “Esse é o comunicado que fizemos a eles em reunião no Ministério Público. A reunião foi uma troca de informações e eles apresentaram algumas ideias e sugestões. Nós participamos com as polícias Civil e Federal, no sentido de orientá-los até com relação à contratação de segurança privada. Fizemos uma ata na qual ficou ajustado que cada qual pode escolher o que fazer. Nós estaremos na rua”, disse a oficial.

Segundo a chefe do CPC, no ano passado a PM foi extremamente criticada por não agir. “Isso foi exaustivamente explicado. O Ministério Público recebeu da corporação um relatório de atuação. A Constituição prevê que a vida, a integridade física das pessoas, vêm primeiro que o patrimônio, seja ele público ou privado”, argumentou a coronel. Segundo ela, caso a PM tivesse feito qualquer intervenção e alguém saísse ferido, a sensação seria de perda, pois era grande a probabilidade de ferir manifestantes que não estavam praticando dano ao patrimônio nem violência, mas estavam próximos.

“A nossa parte, nós faremos. A Avenida Antônio Carlos é um corredor com várias concessionárias, mas estaremos nas ruas de uma maneira geral. Em alguns pontos estaremos de forma mais ostensiva do que estamos no dia a dia”, disse Cláudia Romualdo. O contigente de policiais militares nas ruas durante a Copa do Mundo, segundo ela, será bem superior ao efetivo que estava no ano passado.

DESABAFO

A comandante do CPC fez um desabafo emocionado ontem, ao participar de uma reunião da Comissão de Prevenção à Violência em Manifestações Populares, na sede do Ministério Público, respondendo às críticas de pessoas presentes de que os direitos humanos não são respeitados nas manifestações. Ela falou do seu esforço para tentar harmonizar ideias e posturas diferenciadas durante os protestos. “É triste ver que as pessoas nos olham como fossemos verdadeiros lixos humanos e que estamos aqui para agredir pessoas deliberadamente, para cercear seu sagrado direito de ir e vir, que depois da sua vida e da sua integridade física é o maior bem que têm”, disse a coronel, com os olhos lacrimejando. Ela reclamou de estar cansada de ser insultada todos os dias nas ruas, apesar da disposição de dar a vida por qualquer um que estiver em perigo. “Respeitem a Polícia Militar que vocês têm, pois ela é uma polícia séria. Aqui não tem moleque, aqui não tem ninguém que queira pegar a Constituição do país, rasgar e pisar em cima”, disse.

A coronel garantiu que as manifestações ocorrerão de maneira ordeira e pacífica, se não houver depredação, crime ou agressão física contra policiais. “Garanto que os perímetros de segurança, que não fomos nós que estabelecemos, mas que a nós incumbe proteger, não serão violados. Da nossa parte, a Copa do Mundo e qualquer outro evento transcorrerá sem que nenhuma prisão ocorra. Basta que não haja crime”, disse a coronel.


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