O cenário fica mais tenso diante da informação de que a Máfia Azul, torcida organizada do Cruzeiro, que está proibida de frequentar estádios por decisão do Ministério Público, anuncia que receberá cerca de 30 argentinos torcedores do San Lorenzo, durante a Copa do Mundo. “Alugamos um sítio para eles ficarem. Temos essa afinidade com o pessoal do San Lorenzo há uns oito anos mais ou menos”, disse o presidente da Máfia Azul, Carlos Roberto de Souza, que não revelou a localização da propriedade. Além dos torcedores que já garantiram a viagem para o Brasil, na Argentina são frequentes as notícias de protestos de barras bravas, cobrando da associação de futebol do país a liberação de mais ingressos para a Copa.
O tenente-coronel Alberto Luiz, do setor de Comunicação da PM mineira, diz que será feita uma reunião com representantes das torcidas organizadas e que eles serão avisados de que, caso os integrantes participem de confusões durante a Copa os líderes serão responsabilizados.
A estratégia das forças policiais será de acompanhamento dos torcedores com histórico de violência e vandalismo.
No início do ano passado, a equipe de segurança do Comitê Organizador Local da Copa (COL) identificou barras bravas e hooligans marcando brigas para o período da Copa. Na época, a gerente de Cenários e Riscos do COL, Mônica Lacerda, disse: “A gente acompanha pelas mídias sociais. Eles estão insuflando esse encontro aqui. Fizeram isso no mundo inteiro, já demonstramos nossa preocupação para o governo”.
De acordo com o coronel Wilson Chagas Cardoso, as informações sobre os torcedores argentinos ainda não foram enviadas, mas o coordenador não considera que seja por má vontade do país vizinho. “As autoridades argentinas estão muito solícitas”, considera. Contudo, advogados de torcedores visados conseguiram barrar na Justiça local o envio dessas informações até a última segunda-feira, quando a liminar que haviam conseguido foi cassada. Na falta desse material, o delegado da Polícia Federal Alexandre Leão afirmou que as forças de segurança brasileiras estão trabalhando com outras informações, obtidas por meio de uma estrutura na Embaixada do Brasil em Buenos Aires.
Uma guerra, muitas batalhas
A rivalidade entre argentinos e ingleses vai além do futebol. O ápice foi durante a Guerra das Malvinas (ou Ilhas Falklands, como os ingleses preferem), em 1982, quando os dois países se enfrentaram na disputa pelo arquipélago. O Reino Unido venceu a disputa e recuperou o domínio do território, fortalecendo Margaret Thatcher, que foi reeleita no ano seguinte. Já os militares que governavam a Argentina perderam força e deixaram o poder, também em 1983.
Na Copa de 1986, no México, as equipes se enfrentaram e os hermanos venceram por 2 a 1, com dois gols de Maradona que entraram para a história das copas: o primeiro foi com a mão (“la mano de Dios”, como definiu o argentino); o segundo é, talvez, o mais bonito da história do torneio, quando o craque arrancou do seu campo e driblou seis ingleses antes de deslocar o goleiro e marcar, levando a equipe à final, quando se sagrou campeã. As duas seleções também se enfrentaram em 1998, na França, e os argentinos venceram na disputa de pênaltis, após empate em 2 a 2. Na Copa de 2002, em partida disputada no Japão, os ingleses venceram por 1 a 0, gol de Beckham..