Em 21 de junho, um sábado, a Seleção Argentina enfrenta o Irã no Mineirão. Três dias depois, a Inglaterra enfrenta a Costa Rica no mesmo estádio. O perigo é que as duas torcidas se encontrem, principalmente no período entre os jogos, no domingo e na segunda-feira. “São rivais, com componentes históricos e não só no futebol, mas também no campo político. Vamos estar atentos a tudo isso”, afirma o tenente-coronel Alberto Luiz, responsável pela comunicação da Polícia Militar. O estado de alerta não é infundado, especialmente porque torcidas organizadas do Cruzeiro estão ajudando a recepcionar barras bravas da Argentina, em BH.
O Chile não joga no Mineirão durante a primeira fase, mas existe a possibilidade, caso a seleção se classifique em segundo lugar, de enfrentar o primeiro colocado do grupo do Brasil na capital mineira, nas oitavas de final. Além disso, a equipe chilena ficará concentrada no centro de treinamento do Cruzeiro durante todo o Mundial.
“Esse é um instrumento muito importante para que possamos traçar os cenários que vão se desenvolver na Copa. Com a lista, poderemos monitorar grupos com histórico de violência”, diz o coordenador de Inteligência. Contudo, no caso dos barras bravas argentinos, nem essa listagem poderá ser eficaz. “Só saberíamos de torcedores que representam perigo se esses entrarem no país por meio aéreo. Os que vierem por via terrestre podem transitar livremente pelo Brasil, devido às garantias do Mercosul”, alerta o coronel Wilson Chagas Cardoso.
O tenente-coronel Alberto Luiz acredita que os hooligans poderão ser identificados no desembarque, pois a polícia terá acesso a um cadastro com o nome de torcedores considerados perigosos. “O maior problema são os argentinos, pois eles chegarão antes e poderão vir por fronteira seca”, destacou. O militar afirma que muitos devem vir para Belo Horizonte, pois o time estará concentrado no centro de treinamento do Atlético. “Estamos em contato com a embaixada argentina e vários deles sequer dispõem de ingresso”, completa.
Confrontos envolvendo grupos de torcedores violentos vêm marcando mundiais em vários países-sede. Confira alguns:
Copa do Mundo de 2010 (África do Sul)
O torcedor argentino Luis Forlenza morreu de ataque cardíaco na Cidade do Cabo, depois de uma briga entre barras bravas.
do Boca Juniors, e entrou em confronto com rivais do Independiente, que tentaram lhe roubar a bandeira do clube.
Copa do Mundo de 2006 (Alemanha)
Após a vitória da Alemanha sobre a Suécia por 2 a 0, alemães e ingleses entraram em conflito em Stuttgart. Cerca de 300 torcedores foram detidos depois de atirarem
garrafas e cadeiras de plástico uns nos outros. Cerca de 100 ingleses haviam sido presos noites antes, por embriaguez e comportamento agressivo.
Copa do Mundo de 1986 (México)
Com o confronto pelas Ilhas Malvinas, entre Inglaterra e Argentina, ainda fresco na memória, barras bravas se uniram a torcedores escoceses e brigaram com os hooligans ingleses, roubando bandeiras da Inglaterra e ostentando-as como troféus. .