Jornal Estado de Minas

Moradores da Ocupação William Rosa protestam e PM cerca região da manifestação

Moradores se revoltaram contra o trabalho de funcionários de uma terceirizada da prefeitura que fez sondagem do terreno nesta terça-feira. Eles temem despejo das famílias

Luana Cruz, Paulo Filgueiras, Cristiane Silva, Daniel Camargos, Mateus Parreiras, Pedro Rocha Franco, Luciane Evans, Leandro Couri

- Foto: Beto Magalhães/EM/D.A Press

A situação voltou a ficar tensa entre Polícia Militar e moradores da Ocupação William Rosa, em Contagem, na Grande BH, na tarde desta terça-feira. As famílias fizeram uma manifestação de mais de cinco horas cobrando explicações sobre uma sondagem feita no terreno que segundo elas, pode indicar um futuro despejo. O grupo, com cerca de 100 pessoas, fechou a Avenida Severino Balesteros com fogo em entulhos e pneus. A prefeitura da cidade mandou representante para intermediar a situação e a PM ocupou a região como ação preventiva. Diferente da última manifestação no trecho, ainda não há confronto entre moradores e policiais.

De acordo com a PM, funcionários de uma empresa contratada pela prefeitura fizeram sondagens e medições no terreno esta manhã. Como os moradores acharam que eles simbolizavam uma futura reintegração de posse, mantiveram os técnicos dentro da ocupação até a chegada da corporação. Além disso, os moradores fecharam a avenida e outras ruas das imediações do terreno, que fica perto da CeasaMinas.

A polícia afirma que precisou negociar a liberação dos funcionários com os líderes da ocupação. Conforme militares do 18º Batalhão da PM, foi necessário ainda montar uma operação de cerco na região porque os moradores ameaçaram invadir um posto de combustíveis da região.

Lacerda dos Santos Amorim, morador da ocupação, explica que as famílias foram surpreendidas com a chegada dos funcionários de sondagem hoje. Segundo ele, a intenção da prefeitura é a construção de um terminal rodoviário no terreno ocupado. “Eles deveriam informar o que era a sondagem, se a gente concordava ou não com a fundação, porque ela tem como consequência o nosso despejo. Diante disso, pedimos aos trabalhadores que ficassem até que um responsável pela empresa viesse nos informar. Eles se mantiveram no local porque também consideraram que foram colocados em uma armadilha, em situação de risco. Eles chamaram a polícia”, conta.

Conforme Lacerda, a PM chegou e pouco depois a prefeitura enviou a secretária de Desenvolvimento Social e Habitação que conversou com os moradores. No entanto, segundo Lacerda, a comunidade entendeu muito pouco do que foi falado por ela. Diante disse, os moradores resolveram manter o protesto que já provoca caos no trânsito de Contagem. O engarrafamento chega à BR-040 e Via Pepsi. O morador ainda acusou a PM de brutalidade na abordagem, dizendo que militares jogaram uma viatura em cima dos manifestantes, inclusive crianças.
A informação foi negada por policiais do 18º Batalhão.

A Prefeitura de Contagem informou que está fazendo estudos técnicos em toda a cidade para a implementação de um Plano de Mobilidade Urbana, que envolverá readequações de trânsito e transporte público em todo o município, incluindo a construção de viadutos, trincheiras, estações e terminais de ônibus. Em relação à região do Bairro Ressaca (onde fica a ocupação), engenheiros da prefeitura estiveram no local para fazer estudos de solo no intuito de definir as melhores opções de obras para melhorias no trânsito da região. A prefeitura de Contagem disse que desconhece qualquer ato de violência contra seus funcionários.

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