Nos bastidores da segurança pública mineira, a aposentadoria do coronel Antônio de Carvalho Pereira da chefia do Comando de Policiamento Especializado (CPE) não é tratada como simples decisão de foro íntimo. Fontes ligadas ao comando e à segurança da Copa do Mundo informaram ao Estado de Minas que Carvalho havia se desentendido com superiores, diante da política da corporação em caso de manifestações violentas de grupos politicamente engajados.
Durante a Copa das Confederações, no ano passado, a PM bloqueou o acesso de manifestantes ao Mineirão, mas pouco fez para impedir que concessionárias e lojas fossem saqueadas e destruídas, gerando prejuízos de cerca de R$ 16 milhões ao setor. Como os protestos tendem a perder a adesão de pessoas comuns, as forças de segurança pública teriam mudado de postura, entendendo que poderiam agir com mais energia. Uma das versões para o desentendimento dá conta de que o coronel discordaria dessa nova atitude. Outra, porém, sustenta que Carvalho teria se indisposto com superiores exatamente por ser impedido de agir com mais rigor em distúrbios.
O oficial ficou conhecido durante as manifestações de 2013 pelas incessantes negociações com manifestantes e uso moderado de força. Contudo, a atuação da PM permitiu que vândalos depredassem e incendiassem várias concessionárias. “Pelo rádio, comandantes de unidades diziam que podiam agir, que viam os vândalos saqueando lojas. Mas eram imediatamente contidos. Alguns eram até deslocados, para que não ocorresse nenhum tipo de desobediência” disse uma das pessoas ouvidas pelo EM, referindo-se aos protestos na Copa das Confederações. As atitudes dele e da comandante do Policiamento da Capital, coronel Cláudia Romualdo, foram muito criticadas dentro da corporação, porque teriam ignorado preceitos considerados básicos em operações, como ingressar em multidões sozinhos para negociar.
Ainda de acordo com essas fontes, a coronel também estaria em situação desconfortável no cargo, por não querer participar de uma repressão da qual se poderia perder o controle. Mas a situação de Carvalho seria mais urgente, devido à função estratégica do policiamento que executava e pela grande rejeição que enfrentaria dentro da tropa, pela qual seria considerado “leve com os manifestantes” e “duro com os policiais”.
A tese da mudança de postura na segurança pública é reforçada pelo presidente da Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos de Minas Gerais (Sincodiv-MG), Mauro Pinto de Morais Filho. A instituição foi inclusive à Justiça para exigir que a PM não se omita na tarefa de impedir que lojas sejam saqueadas e destruídas durante as manifestações. “O estado sinalizou que haveria mudança na política de repressão às manifestações – para que passassem a fazer o que entendemos que deveriam ter feito antes (impedir saques e depredações). Mas não houve promessas formais.”
Oficialmente, a PM mantém o discurso de que Carvalho pediu para se aposentar, ingressando na reserva. Em entrevista coletiva, ontem, o comandante-geral da corporação, coronel Márcio Martins Sant'Ana, disse ter sido “pego de surpresa” com o pedido, às vésperas da Copa do Mundo, mas assegurou que não houve desentendimento. “Não tivemos divergências. O coronel reunia tempo suficiente para entrar para a reserva e o fez. Não me falou seus motivos, apenas apresentou a documentação necessária e informou sua aposentadoria, um direito dele”, afirmou. O oficial evitou tecer comentários sobre a atitude do coronel Carvalho, a quem classificou como “competente e íntegro”. Porém, deixou escapar que também está em idade de se aposentar, mas que “jamais abandonaria uma missão por terminar”, dando a entender que não aprova decisões como a do colega.
O EM procurou o coronel Carvalho por telefone e em sua casa, mas ele não retornou os contatos. Um homem que se apresentou como irmão do oficial, mas que não informou nome, disse, na porta da casa do militar, que Carvalho estava em outro imóvel e que não estaria se sentindo à vontade para falar do assunto, por questões de sigilo operacional. A coronel Cláudia Romualdo também não atendeu aos pedidos de entrevista.
Durante a Copa das Confederações, no ano passado, a PM bloqueou o acesso de manifestantes ao Mineirão, mas pouco fez para impedir que concessionárias e lojas fossem saqueadas e destruídas, gerando prejuízos de cerca de R$ 16 milhões ao setor. Como os protestos tendem a perder a adesão de pessoas comuns, as forças de segurança pública teriam mudado de postura, entendendo que poderiam agir com mais energia. Uma das versões para o desentendimento dá conta de que o coronel discordaria dessa nova atitude. Outra, porém, sustenta que Carvalho teria se indisposto com superiores exatamente por ser impedido de agir com mais rigor em distúrbios.
O oficial ficou conhecido durante as manifestações de 2013 pelas incessantes negociações com manifestantes e uso moderado de força. Contudo, a atuação da PM permitiu que vândalos depredassem e incendiassem várias concessionárias. “Pelo rádio, comandantes de unidades diziam que podiam agir, que viam os vândalos saqueando lojas. Mas eram imediatamente contidos. Alguns eram até deslocados, para que não ocorresse nenhum tipo de desobediência” disse uma das pessoas ouvidas pelo EM, referindo-se aos protestos na Copa das Confederações. As atitudes dele e da comandante do Policiamento da Capital, coronel Cláudia Romualdo, foram muito criticadas dentro da corporação, porque teriam ignorado preceitos considerados básicos em operações, como ingressar em multidões sozinhos para negociar.
Ainda de acordo com essas fontes, a coronel também estaria em situação desconfortável no cargo, por não querer participar de uma repressão da qual se poderia perder o controle. Mas a situação de Carvalho seria mais urgente, devido à função estratégica do policiamento que executava e pela grande rejeição que enfrentaria dentro da tropa, pela qual seria considerado “leve com os manifestantes” e “duro com os policiais”.
A tese da mudança de postura na segurança pública é reforçada pelo presidente da Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos de Minas Gerais (Sincodiv-MG), Mauro Pinto de Morais Filho. A instituição foi inclusive à Justiça para exigir que a PM não se omita na tarefa de impedir que lojas sejam saqueadas e destruídas durante as manifestações. “O estado sinalizou que haveria mudança na política de repressão às manifestações – para que passassem a fazer o que entendemos que deveriam ter feito antes (impedir saques e depredações). Mas não houve promessas formais.”
Oficialmente, a PM mantém o discurso de que Carvalho pediu para se aposentar, ingressando na reserva. Em entrevista coletiva, ontem, o comandante-geral da corporação, coronel Márcio Martins Sant'Ana, disse ter sido “pego de surpresa” com o pedido, às vésperas da Copa do Mundo, mas assegurou que não houve desentendimento. “Não tivemos divergências. O coronel reunia tempo suficiente para entrar para a reserva e o fez. Não me falou seus motivos, apenas apresentou a documentação necessária e informou sua aposentadoria, um direito dele”, afirmou. O oficial evitou tecer comentários sobre a atitude do coronel Carvalho, a quem classificou como “competente e íntegro”. Porém, deixou escapar que também está em idade de se aposentar, mas que “jamais abandonaria uma missão por terminar”, dando a entender que não aprova decisões como a do colega.
O EM procurou o coronel Carvalho por telefone e em sua casa, mas ele não retornou os contatos. Um homem que se apresentou como irmão do oficial, mas que não informou nome, disse, na porta da casa do militar, que Carvalho estava em outro imóvel e que não estaria se sentindo à vontade para falar do assunto, por questões de sigilo operacional. A coronel Cláudia Romualdo também não atendeu aos pedidos de entrevista.